Para três quartos dos brasileiros,
planos de saúde são um luxo caro demais para ser sustentado.
Segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS),
apenas 25% da população conta com esse tipo de atendimento, sendo
que, desse total, 67% são planos coletivos ou
empresariais.
Mesmo assim, a expectativa é que o serviço se torne ainda mais
caro, afirmou, nesta quarta-feira (18/4), o presidente substituto
da ANS, Leandro Fonseca, durante o 2º Encontro de Comunicação da
Saúde Suplementar, em Brasília. "Diante da tendência de
envelhecimento populacional e incorporação das tecnologias, sinto
dizer que a tendência é de encarecimento", disse Fonseca, para quem
é urgente uma discussão sobre a sustentabilidade do setor privado
de saúde.
No encontro, foram apresentados os
diversos fatores que explicam o alto preço pago pelo brasileiro por
um plano de saúde. Além do envelhecimento da população, que faz com
que as empresas tenham cada vez mais clientes que demandam
atendimento constante, outro importante vilão é a variação de custo
médico hospitalar (VCMH), um dos índices usados, ao lado da
inflação médica e da inflação geral, para reajustar os preços.
Também segundo o IESS, em 2017, a elevação da VCMH foi 3,4 vezes
maior que a inflação.
Em outros países
O fenômeno, argumenta Luiz Augusto Carneiro, superintendente
executivo do instituto, não é exclusividade do Brasil. No Canadá,
por exemplo, o VCMH é 4,2 vezes maior que a inflação. Algo parecido
acontece na Coreia do Sul (5,9) e Grécia (6,7). "A variação que
vemos é um fenômeno internacional. Não estamos numa situação de
anomalia", analisa Carneiro, embora existam casos como o da
Dinamarca, com variação de 1,1, e da vizinha Argentina, com
1,5.
De acordo com a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), no ano passado, o total de receita de
contraprestações foi de R$ 179,3 bilhões, enquanto as despesas
assistenciais ficaram em torno de R$ 160,6 bi. Esse número
significa que, a cada R$ 100 pagos em plano de saúde, R$ 86 são
destinados ao pagamento de assistência médica — e cerca de metade
das despesas assistenciais provém das internações
hospitalares.
A tendência de encarecimento dos
planos afeta todo o sistema, alerta Fonseca, da ANS, pois, ao
deixarem os serviços privados, os pacientes passam a buscar o
Sistema Único de Saúde, já sobrecarregado. "Precisamos discutir,
enquanto sociedade, como tornamos essa trajetória mais sustentável,
porque isso afeta tanto o setor público quanto o privado".