SÃO PAULO — O Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec) divulgou, nesta segunda-feira, seu
ranking anual de atendimentos. No topo do levantamento, referente
ao ano de 2017, os questionamentos relacionados a planos de saúde
ficaram em primeiro lugar, pelo sexto ano consecutivo, com 23,4%
dos registros. Na sequência vieram os produtos, com 17,8%, os
serviços financeiros, com 16,7% e as telecomunicações, com
15,8%.
— Percebemos que houve um acirramento
entre as posições. Plano de Saúde continua na liderança com boa
margem de diferença para o segundo colocado, os produtos, mas as
distâncias se estreitaram.Pode-se ressaltar o surgimento de água,
energia e gás pela primeira vez no ranking, visto que teve um
aumento de mais de 100% das demandas, o que fez ser necessária a
especificação desse segmento, que antes estava dentro de outros
temas — explica Igor Marchetti, advogado e analista de
relacionamento com o associado do Idec.
Sobre planos de saúde, continua o
advogado, a maioria das dúvidas que chegam diz respeito a reajustes
abusivos, principalmente os de planos empresariais ou coletivos,
negativas de cobertura e problemas com a ausência de informações
adequadas sobre os planos.
— Como nos casos de reajuste de planos
coletivos não há regulamentação da Agência Nacional de Saúde
Suplementar, muitos ficam frustrados com a inércia da agência e
acabam propondo ação individualmente pelo Juizado Especial Cível ou
por meio de advogado particular e Defensoria Pública — diz
Marchetti, que considera que a urgência do tema faz com que muitos
não recorram aos Procons e vá direto à Justiça o que causa
distorção em rankings de reclamação.
Em segundo lugar, e subindo uma
posição por ano desde 2015, a categoria de produtos chamou atenção
em 2017 com 17,8% dos atendimentos do Idec. O maior motivo das
dúvidas estava relacionada a produtos com defeito, seguido por
descumprimento de oferta e falha na informação.
Já o setor de serviços financeiros,
responsável por 16,7% dos registros, caiu uma posição no ranking,
mas segue com um percentual alto na relação, superior a dois dos
últimos três anos (13,7% em 2015 e 15,3% em 2014) . Entre as
questões mais acionadas pelo associado do Idec estão cartão de
crédito, problemas com conta corrente/poupança e crédito
pessoal.
NOVIDADE NO
RANKING
Em 2017, as dúvidas e queixas sobre
telefonia móvel e fixa, TV por assinatura e internet ficaram com a
quarta posição, com 15,8%. Apesar de ter se mantido na mesma
posição de 2016, o percentual de 2017 é o maior registrado pela
área desde 2010. Televisão por assinatura, telefonia e internet
foram os temas mais questionados.
Uma novidade do ranking deste ano foi
o aumento de atendimentos sobre água, energia elétrica e gás, que,
juntos, foram responsáveis por 7,2% das demandas. Com isso, esses
serviços passaram a aparecer no ranking como uma categoria própria,
diminuindo o percentual classificado como "outros".
Com exceção de produtos, todos os
outros segmentos apontados no ranking são regulados por órgão
federais, o que indica que ainda há caminhos importantes para serem
percorridos para a proteção do consumidor.
— Para o Idec, os resultados
demonstram, por exemplo, que a atuação de agências reguladoras, que
são órgãos governamentais com papel de monitoramento, fiscalização,
regulamentação e controle com foco no interesse público, ainda é
ineficiente para proteger os consumidores e cidadãos de abusos
praticados no fornecimento de bens e serviços. Por isso é
importante que em semanas como essa, os problemas enfrentados pelos
consumidores sejam debatidos e amplificados para a toda a sociedade
— destaca Elici Bueno, coordenadora executiva do Idec.