“Precisamos conquistar os educadores
para que reconheçam o valor real do projeto e o quanto ele é
agregador. Se passarmos de mil escolas atendidas em 2018, será um
grande feito” afirma Mauro Batista, presidente do Sindseg SP.
Atrair o interesse dos jovens pela
educação financeira e pela prevenção é o principal objetivo do
Projeto de Vida Segura, que deve passar por mais de 500 escolas da
rede estadual paulista Fica cada vez mais evidente que os
brasileiros não têm o hábito de poupar e, principalmente,de se
planejar. Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas
(CNDL)exemplifica bem essa realidade: apesar de entenderem a
importância do planejamento financeiro, 51% dos entrevistados
afirmaram não fazer nenhum controle do orçamento mensal. Quando a
discussão é conduzida ao seguro, o cenário não muda muito. Um
exemplo é que apenas 19% da população conta com um seguro devida,
como revela um estudo conduzido pela Universidade Oxford.
Geralmente, esse tipo de postura começa cedo, ainda na
adolescência. Por isso, nada mais justo do que educar os jovens de
hoje para que se tornem adultos mais conscientes.Foi pensando nesse
público que o Sindicato das Empresas de Seguros,Resseguros e
Capitalização do Estado de São Paulo (Sindseg SP) e o Sindicato dos
Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP) lançaram, em julho
deste ano, com o apoio da Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo, o Projeto de Vida Segura. Apresentada nas escolas da rede
estadual paulista, a iniciativa tem como base a Estratégia Nacional
de Educação Financeira (Enef) do Governo Federal e visa
sensibilizar os estudantes de 15 a 18 anos sobre a importância do
planejamento de vida e da prevenção. Por meio de um jogo online
para celular, eles podem simular um planejamento de vida,abrangendo
iniciativas como aquisição de um bem, construção de planos de
carreira, estudos, prevenção, e até mesmo opções de lazer e
diversão. A ferramenta ainda os orienta sobre como enfrentar
desafios econômicos e sociais e eventuais situações de risco que
envolvam seus bens e familiares.
A ação dá continuidade ao projeto
Educar para Proteger, lançado há 12 anos e que também foi
ministrado pelos dois sindicatos nas instituições de ensino
fundamental do Estado – entretanto,sem o apoio do Governo ou de
qualquer outra organização e com um formato mais tradicional, em
que um representante do projeto leva para a sala de aula
informações gerais sobre os fundamentos básicos do seguro e sua
importância para o desenvolvimento do País.
“O seguro e todos os seus
desdobramentos são inerentes à vida humana,ou seja, nos dias atuais
e no mundo globalizado é impensável viver sem ele.As crianças e os
jovens são o futuro de qualquer nação e sua educação é a principal
preocupação”, alega Mauro Batista, presidente do Sindseg SP. “Já
contávamos com experiência no assunto e desta vez queríamos ter o
Estado do nosso lado, contemplando as escolas públicas e melhorando
substancialmente o que já tínhamos em mãos”, declara Batista, que
destaca o avanço do setor na conscientização em avaliar a
importância do seguro, mas reconhece que a aproximação com o
público jovem ainda é praticamente nula.
“A luta pela propagação do seguro é um
exercício de cidadania, e nisso os corretores de seguros mais uma
vez exercem seu papel de agentes do bem–estar social”, defende o
presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo. “O Projeto de Vida
Segura traz este aspecto de trabalho de cidadania junto à
sociedade,com jovens que estão em idade de iniciar
planejamento”.
Apoio
Agora, como Estado trabalhando lado a
lado, a expectativa é que o programa passe por mais de 500 escolas
ainda este ano. O secretário da Educação do Estado de São Paulo,
José Renato Nalini, salienta a importância de propiciar aos jovens
alunos o comportamento a ser adotado para reduzir os danos
derivados de cenários incertos. “Vive-se uma sociedade de risco,em
que o inesperado costuma surpreender e atordoar as pessoas que não
souberam se precaver. Se não é possível impediras ocorrências que
cada um enfrentará durante sua trajetória, ao menos é viável
prepará-lo para superá-las”, declara. Ainda que o Estado de São
Paulo invista mais de 30% de seu orçamento para a rede pública, ele
afirma que as demandas são superiores à capacidade de atendimento
estatal, o que fica ainda mais evidente em períodos de policrise.
Por isso, é importante que a sociedade assuma seu dever e suas
responsabilidades nesse processo. “A educação resolve todos os
problemas ou, ao menos, debilita as consequências que eles
produziriam. Este é um tema em que todos devem estar conscientes e
participar, pois é uma questão supraestatal.” Bem recebido pela
rede estadual e pelos alunos, a expectativa de Nalini é de que o
Projeto de Vida Segura, além de tornar a atual geração mais madura
e preparada para o enfrentamento de imprevistos, se consolide, crie
consciência securitária compatível com o avanço científico e
tecnológico do setor e evidencie a relevância do tema.
Corretor educador
Por ser o elo com a sociedade, o
corretor tem em seu DNA ser disseminador da cultura do seguro. É
ele quem introduz o setor ao consumidor que não tem a percepção da
importância de uma apólice, justamente por conhecer o cliente,
identificar e levar soluções para suas necessidades.Os
profissionais indicados pelo Sincor-SP são os responsáveis por
apresentara iniciativa nas escolas estaduais. “Buscamos ter dois
profissionais à disposição,para que sempre haja um de stand by. Em
cada região temos o diretor regional do Sincor-SP e mais um
representante indicado por ele, dentro do perfil que passamos como
necessário para aplicação dos games: alguém com desenvoltura para
falar com jovens”, explica o presidente do Sindicato, Alexandre
Camillo. Inicialmente foram selecionados 60 profissionais – dois
representantes de cada uma das 30 regionais do Sincor-SP
distribuídas pelo Estado –, que receberam treinamento de dois dias
na capital antes de iniciarem os trabalhos. Mas Camillo já adianta:
será preciso mais braços para atender à demanda. “A Secretariada
Educação nos deu acesso a cinco mil escolas. Em breve iremos
preparar mais profissionais nossos para atuarem como ‘educadores’,
assim chamados os profissionais que ministram as aulas e coordenam
a competição pelo jogo de celular”, revela.“Estamos fazendo uma
parte, mas precisamos que todas as empresas e entidades do setor
tenham ações para levar acultura do seguro à sociedade, pois ainda
existe muito desconhecimento, principalmente daqueles que são
potenciais novos entrantes para o mercado como segurados”,
enfatiza.“
Pé no chão
”O educador Sadao Mori foi o
responsável por conceber o game apresentadonas escolas. Chegar a um
resultado satisfatório para todos os envolvidos nesse processo,
porém, exigiu grandes esforços.“O maior desafio foi compatibilizar
os objetivos e as expectativas do Sincor-SP,e do Sindseg SP e das
escolas com a questão acadêmica, porque hoje a educação financeira
é uma necessidade para o nosso país. Em um primeiro momento,foi um
tanto quanto obscuro encontrar um ponto de intercessão, visto que
as instituições de ensino não conseguem dar conta de trabalhar
todas as disciplinas obrigatórias mais a parte da educação
financeira”, justifica.Para que a ação tenha resultados
satisfatórios, não foram delimitados objetivos e pautas complexas
até mesmo por conta das condições atuais de ensino:há muitas
escolas, muitos alunos e cerca de 50 minutos para a realização da
dinâmica. “Quando falamos da formação de um jovem pensamos em anos,
então 50 minutos é um tempo extremamente curto. A pauta não poderia
ser ousada porque em uma dinâmica curta não conseguiríamos muita
coisa em termos de desenvolvimento”, afirma. Entretanto, ele
enfatiza que a pro-posta é absolutamente diferente não só para o
Sincor e para o Sindseg, mas para as próprias escolas, e aposta
ainda na longevidade da ação, desde que sejam feitas atualizações
constantes.
Espaço para outros temas
Ainda não será dessa vez que os jovens
começarão a se preparar para a aposentadoria. Um levantamento
realiza-do pelo banco BNY Mellon em parceria com a Universidade de
Cambridge, que ouviu jovens do Brasil, Estados Unidos,Reino Unido,
Austrália, Japão e Holanda nascidos entre meados de 1980 até a
vira-da do século, mostra que por aqui há um sentimento de negação
da realidade. Na amostra geral, 77% dos entrevistados disseram que
querem saber a verdade sobre como será a sua aposentadoria,
enquanto no Brasil esse número cai para 48%.Mesmo que agora o
objetivo seja sensibilizá-los em relação à prevenção e ao
planejamento financeiro, o Sindseg–SP não descarta a ideia de
inserir aprevidência privada nos assuntos tratadospelo
projeto.“Esse tema deverá ser, nos próximos anos, a solução para a
angústia de como viver decentemente no futuro e sem qualquer
atividade laboral, principalmente porque a vida média das pessoas
tem aumentado significativamente”, destaca Mauro Batista,
acrescentando que a entidade também pretende, em um futuro próximo,
trabalhar com a educação no trânsito e sobre como evitar acidentes
– no Brasil mais de 50 mil vidas são perdidas anualmente por conta
disso.