Batalha atual é de conseguir
informações sobre a documentação do seguro firmado entre a
companhia aérea boliviana LaMia e o clube
Chapecó – A batalha das famílias das
vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, em novembro do ano
passado, ganhou um novo capítulo cerca de nove meses depois da
tragédia. O clube e as duas associações de parentes dos falecidos
no desastre superaram nos últimos dias um clima de animosidade para
selarem a paz e o compromisso de trabalhar em conjunto.
A Associação dos Familiares e Amigos
das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-C) tem como objetivo lutar
pela resolução de problemas burocráticos e jurídicos, enquanto que
a Associação Brasileira da Vítimas do Acidente com a Chapecoense
(Abravic) tenta por meio de doações da iniciativa privada prestar
auxílio aos parentes, como o pagamento de mensalidades escolares e
consultas médicas.
Cada uma delas tem cerca de 30
associados, porém trabalham para conseguiram se expandir e
contemplarem as 64 vítimas fatais brasileiras do total de 71
mortos.
A batalha atual da força tarefa é de
conseguir informações sobre a documentação do seguro firmado entre
a companhia aérea boliviana LaMia e o clube. Os advogados ainda
tentam ter acesso à apólice firmada na contratação do serviço.
“Ainda não tivemos nenhuma informação, até porque dependemos do
trabalho de outros países. Algumas famílias estão há nove meses sem
renda”, disse a vice-presidente da Afav-C, Mara Regina Paiva, viúva
do comentarista e ex-jogador Mário Sérgio, que trabalhava no canal
Fox Sports.
A associação foi criada há cerca de um
mes e meio e tem como presidente Fabiane Belle, viúva do
fisiologista Cesinha, integrante da comissão técnica fixa de Caio
Junior.
A aeronave que transportava a
Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín, caiu
nos arredores do aeroporto. A investigação tem sido liderada pelos
governos da Colômbia e também da Bolívia, país sede da companhia
aérea e de onde saiu o voo.
A diretoria do clube se reuniu com
representantes das duas associações na última semana, em Chapecó
(SC). Segundo a diretoria de comunicação da Chapecoense, o encontro
de cerca de três horas marcou um clima de reaproximação e
convergência nas demandas, com a diminuição de um litígio e uma
distância existentes pelas pendências criadas pelo acidente.
Apesar do tom de união, também houve
momentos de cobranças e exigências, com questionamentos sobre as
excursões da equipe para o exterior como para a Espanha. Nesta
semana, o elenco está na Itália, onde se encontrou no Vaticano com
o papa Francisco e faz nesta sexta-feira um amistoso contra a
Roma.
As associações também consideraram a
ocasião positiva, embora avaliem que ainda há muito a ser feito.
“Vivemos agora um momento de diálogo. Esse é talvez o maior avanço.
Vislumbramos a possibilidade de não mais trabalhar separadas, mas
sim em conjunto”, disse Mara Regina Paiva.
Criada ainda no ano passado, a Abravic
tem intensificado a procura por doadores na iniciativa privada para
ajudar os familiares das vítimas. O ex-goleiro Jackson Follmann,
sobrevivente do acidente, é o diretor da Abravic.
A associação tem contribuído
principalmente com o pagamento de até R$ 600 para bancar a
mensalidade escolares de crianças que perderam os pais no tragédia
e parcerias para consultas gratuitas com psiquiatras para
atendimento as familiares que têm alguma necessidade. “Nosso foco
principal é assistência social, prestar ajudar às vítimas e
famílias. Várias delas têm poucas condições financeiras e têm
passado por dificuldades psicológicas e emocionais. Queremos
oferecer condições básicas”, disse o presidente da entidade, o
advogado Gabriel Andrade.
Futuramente a Abravic espera ter um
novo projeto para convocar pessoas a “adotarem” e bancarem parentes
de vítimas do acidente da Chapecoense. Outra ideia é organizar um
jogo beneficente no fim do ano com a renda revertida para os
associados.