s planos
de saúde médico-hospitalares perderam beneficiários em Campinas
(SP) pelo nono trimestre consecutivo, segundo a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS). Os dados divulgados nesta segunda-feira
(5) mostram que as operadoras atendiam 588,2 mil clientes em março,
e antes disso o menor número foi registrado em junho de 2012,
quando eram 583,5 mil.
No comparativo com março do ano
passado, pelo menos 13,5 mil moradores deixaram de ter a cobertura
das instituições particulares. O cliente considerado no
levantamento trimestral é o titular do contrato e ele pode ter mais
pessoas vinculadas como dependentes, de acordo com a agência.
Desde dezembro de 2014,
aproximadamente 75,1 mil convênios foram encerrados na cidade.
Beneficiários dos planos de
saúde em Campinas
Período |
Quantidade |
março / 2017 |
588.293 |
dezembro / 2016 |
589.974 |
setembro / 2016 |
592.345 |
junho / 2016 |
595.288 |
março / 2016 |
601.852 |
dezembro / 2015 |
608.459 |
setembro / 2015 |
614.803 |
junho / 2015 |
646.595 |
março / 2015 |
663.377 |
dezembro / 2014 |
663.430 |
junho / 2012 |
583.587 |
A redução de beneficiários
acompanha o índice de desemprego na metrópole. De acordo com
pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), durante os nove
trimestres avaliados foram fechadas 37,2 mil vagas formais -
diferença entre 356,3 mil contratações e 393,5 mil
desligamentos.
"Os números da ANS estão em
consonância com a redução do consumo pelas famílias, embora os
planos sejam um dos itens mais desejados pelas famílias por causa
das dificuldades na rede pública. Havia uma expectativa de
estabilização ou pequeno crescimento no primeiro trimestre, isso
não ocorreu e demonstra que a economia tem fragilidade maior do que
era esperado", explica o economista e professor da PUC-Campinas,
Roberto Brito de Carvalho.
Para ele, a perspectiva de
melhorias está sobre o terceiro trimestre, desde que haja
estabilidade política no país, retomada dos investimentos e geração
de empregos. "Boa parte dos beneficiários não faz aquisição, recebe
o plano como benefício da empresa para a qual trabalha",
afirma.
Com a migração de pacientes que
perderam os planos de saúde para o Sistema Único (SUS), a
Secretaria Municipal de Saúde estima que a demanda aumentou, em
média, 26% em todas as atividades. Entretanto, em algumas áreas
especializadas a busca por consultas subiu até 500%.
"Temos trabalhado para
estabelecer protocolos médicos e de enfermagem que permitam
restrito controle nas indicações de exames laboratoriais e de
imagem", diz nota da administração ao mencionar também que garante
acesso dos pacientes aos procedimentos hospitalares.
A pasta considera que o maior
impacto ocorreu nas áreas de urgência e emergência, e destaca alta
na procura por auxílio nas unidades do São José e da Vila Padre
Anchieta - esta por causa da proximidade com o limite entre o
município e as cidades de Hortolândia (SP) e Sumaré (SP).
Em maio, o Hospital de Clínicas
da Unicamp chegou a suspender
internações no pronto-socorro e UTI infantil, além da unidade de
emergência referenciada para adultos, em virtude de
superlotação. O problema também foi registrado no Centro de Atenção
Integral à Saúde da Mulher (Caism).
Com isso, também houve reflexos
no Hospital Mário Gatti e pacientes reclamaram do tempo de espera
para atendimento. O diretor do sindicato que representa os
servidores (STMC), Afonso Basílio Júnior, afirma que funcionários
da unidade e dos centros de saúde estão sobrecarregados.
Ele destaca, ainda, que o
problema no hospital é agravado pelo déficit de profissionais,
incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. "A
migração de pacientes está acontecendo há um tempo, desde quando os
planos subiram as mensalidades, mas agora está muito pior. O que
não aumentou foi o RH [Recursos Humanos] na saúde", ressalta o
sindicalista.
A
Prefeitura alegou, porém, que não há déficit de médicos no Mário
Gatti. "O atual governo contratou 2,5 mil profissionais de saúde,
entre médicos, enfermeiros e auxiliares desde 2013."