O ataque hacker que assustou o mundo
no início do mês passado provocou um crescimento de 200% acima da
média na procura por seguro para riscos cibernéticos, segundo a
corretora Aon.
No auge, entre 12 e 19 de maio, logo
após o ataque que atingiu dezenas de países, essa demanda foi até
maior: 300% superior à média.
Segundo Mauricio Bandeira, gerente da
corretora, a tendência é que esse patamar se mantenha 30% acima do
nível anterior ao ataque.
Esse aumento também foi percebido na
AIG, pioneira no segmento no país e que viu as consultas envolvendo
o produto explodirem nos dias seguintes ao ciberataque.
A onda de ciberataques afetou ao menos
74 países, incluindo o Brasil, e levou grandes seguradoras globais
a acelerarem seus planos de lançar produtos para cobrir riscos
cibernéticos no país.
Raros no mercado brasileiro, esses
produtos cobrem danos de empresas e prejuízos a clientes e
fornecedores, por exemplo. O seguro reembolsa o custo para
restaurar programas danificados pelo ataque e o lucro que a empresa
deixou de ter. Também há coberturas adicionais para recuperação de
imagem.
No Brasil, além da AIG, XL Catlin e
Zurich oferecem o seguro contra risco cibernético.
Mas o ataque global acendeu a luz
amarela nas empresas. “Foi o ‘start’ do jogo. Mostrou para o mundo
que o jogo agora é esse, e que as empresas precisam se preparar”,
afirma Julio Laurino, diretor da Deloitte.
Estudo da AGCS, resseguradora do grupo
Allianz, indica que as perdas com ataques do tipo tenham chegado a
US$ 7,7 bilhões em 2015. Apesar disso, o segmento movimentou cerca
de R$ 2 milhões em apólices no ano passado, segundo a Federação
Nacional de Seguros Gerais.
PARTICIPANTES
De olho na demanda crescente, ao menos
seis seguradoras querem disponibilizar o produto no Brasil ainda
neste ano, diz Bandeira, da Aon. “Algumas seguradoras estão com o
produto para análise e aprovação da Susep, e outras já têm o
produto aprovado.”
A Generali é prevê comercializar o
seguro em breve. Já a Chubb planeja o lançamento do produto em
poucos meses. “No mercado brasileiro há um grande número de
usuários de internet. Logo, há uma grande exposição a possíveis
ataques”, diz Antonio Trindade, presidente da Chubb Brasil.
A Allianz deve estrear no Brasil com
esse seguro no segundo semestre.
O segmento também atraiu a fintech
(empresa de tecnologia de serviços financeiros) thinkseg. Ela
espera lançar o seguro cyber no começo deste mês, em parceria com
uma grande seguradora mundial que ainda não opera no país.
O crescimento no Brasil depende,
sobretudo, de mudanças regulatórias e na legislação, avaliam
especialistas.
Enquanto nos Estados Unidos as
empresas precisam notificar ataques e roubo de dados por hackers,
por exemplo, no Brasil não há essa obrigatoriedade.