As associações que comercializam a
chamada proteção veicular afrontam o Código Civil. A afirmação é do
diretor da Fenacor, Carlos Valle, segundo o qual o artigo 53 da Lei
10.406, de janeiro de 2002 (Código Civil), é claro a respeito dessa
questão, quando estabelece que “constituem-se as associações pela
união de pessoas que se organizam para fins não econômicos”.
Valle lembra também que o parágrafo
único desse mesmo artigo determina que não há, entre os associados,
direitos e obrigações recíprocos. “Portanto, um associado não pode
compartilhar sinistro que outro associado teve”, frisa.
Na visão dele, não se justifica o
argumento utilizado por muitos dirigentes dessas associações
segundo os quais a atividade é prevista pela Constituição de 1988.
‘Na verdade, a Constituição trata desse assunto, mas estabelece a
necessidade de regulamentação da atividade, o que não foi feito.
Então, prevalece o que foi determinado no Código Civil”, acentua o
executivo.
Ele adverte ainda que a pessoa que,
por desconhecimento da lei, se associa a uma dessas entidades, não
poderá sequer recorrer ao Procon, se não receber a indenização em
caso de sinistro, pois a sua relação com a entidade legalmente não
é caracterizada como consumo. “Ele é, na verdade, um associado ou
sócio da entidade, não tem como reclamar na condição de consumidor
se for prejudicado”, assinala Carlos Valle.
Para ele, a Polícia tem agido de forma
eficiente, especialmente no Nordeste para combater essa
ilegalidade. Valle lembra que, em dezembro do ano passado, foram
fechadas, apenas em Pernambuco, 36 associações.
Contudo, ele conclama corretores e
seguradores a combaterem essas associações através de alertas a
quem pensa estar fazendo seguro e não está.
Nesse contexto, Valle considera
essencial enfatizar o papel que o mercado de seguros exerce, citar
sempre que possível dados do setor, como o volume de reservas
provisionadas, que já ultrapassaram a marca de R$ 500 bilhões, os
valores devolvidos para a sociedade, sob a forma de indenizações e
benefícios. “Somente no primeiro bimestre, o mercado destinou R$ 15
bilhões para indenizações”, diz o diretor da Fenacor, acrescentando
que corretores e seguradores devem “agir para proteger a
sociedade”.