Base do sistema de saúde, a medicina de
família e comunidade precisa de investimentos, valorização social e
incentivos à formação de profissionais. A avaliação é do médico
Sandro Batista, presidente do 11° Congresso Brasileiro de Medicina
de Família, que começou na última quinta-feira (23) em
Brasília.
Médicos, enfermeiros, profissionais de saúde e especialistas
discutiram os desafios do setor e pedir a valorização da atenção
primária à saúde como estratégia de melhoria do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Segundo Batista, a política de atenção básica do SUS ainda é
subfinanciada, o que eleva gastos e sobrecarrega outras etapas do
sistema.
“O governo diz que trata a questão como prioridade, mas a
medicina de família e comunidade está subfinanciada. Os
investimentos nessa área podem representar economia em outras.
Quando você cuida e acompanha um paciente com hipertensão, por
exemplo, ele dificilmente terá que ser internado por um AVC
[acidente vascular cerebral], com gastos de internação e medidas
pós-hospitalares”, compara o médico.
No começo de junho, o governo anunciou um plano de reestruturação
da política de atenção básica do SUS, que deve receber R$ 2,2
bilhões a mais por ano, elevando o orçamento anual de R$ 9,8
bilhões para R$ 12 bilhões. “Queremos aproveitar esse momento
político para reafirmar a importância da atenção primária para a
melhoria do sistema de saúde do país, por isso decidimos realizar o
congresso em Brasília e com o tema Medicina de Família e
Comunidade: agora mais do que nunca”, explicou Batista.
Além do financiamento, a formação de profissionais especializados
em saúde da família e a valorização do papel social desses agentes
também são demandas prioritárias do setor. A figura do médico de
família, comum em outras gerações, tem perdido espaço na lógica
atual de atendimento de saúde. No entanto, segundo o presidente do
congresso, é possível retomar esse espaço e reaproximar médicos e
pacientes.
“A medicina de família é mais individualizada, o cuidado é
longitudinal, ao longo do tempo. Não é um encontro clínico, o
médico conhece as pessoas, estabelece vínculos. É um atendimento
mais amplo, trabalha com o geral, enxerga as complexidades
relacionadas com a família e com a inserção nas comunidades”.
Mais de 4 mil profissionais de saúde devem participar do congresso,
que vai até domingo (26).
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