Faz cerca de uma semana, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) divulgou relatório anual com dados sobre a
saúde no mundo, entre eles os investimentos no setor por país.
Lamentavelmente, a despeito de possuir, em teoria, um modelo
vanguardista, o Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil fez papel
vergonhoso. Entre as 192 nações avaliadas, ocupou a medíocre 151º
posição.
Só para ter uma idéia da gravidade da situação, aqui, a parcela do
orçamento reservada à saúde é de 6%. A média africana, região
extremamente mais pobre e com incontáveis problemas sociais, é de
9,6%.
Fato é que, em termos de financiamento, o Brasil está muito
distante de países em que o acesso à saúde é, na prática,
universal, integral, um direito de todos os cidadãos. No Reino
Unido, 86% são de recursos públicos. Na Suécia, investe-se 85%. Na
Dinamarca, Alemanha e França as destinações são, respectivamente,
de 83%,76% e 75%.
Óbvio que temos que nos indignar, além de nos preocupar e alarmar,
ao ver que ficamos somente à frente de nações como Angola,
Paquistão e outras de menor expressão no mapa geopolítico-econômico
do planeta. Um país que nos dias de hoje vai firmando-se realmente
como emergente, especialmente no que tange à solidez de suas
finanças, não pode jamais ostentar índice tão insignificante num
indicador de respeito e compromisso social, como a saúde.
Não vale aqui jogar pedra em uns ou em outros, pois historicamente
já perdemos tempo demais com isso. Certo é que existem soluções
para o problema; uma delas passa pela regulamentação da Emenda
Constitucional 29, e a conseqüente definição legal de quanto
municípios, estados e Governo Federal devem aplicar no setor. Com a
regulação da EC 29, também serão estabelecidos quais podem ser
considerados investimentos em saúde, impedindo assim desvios e o
não-comprometimento orçamentário.
Parada há uma década no Congresso Nacional, a Emenda 29 parece não
ter inimigos. Todos os partidos e políticos a defendem, assim como
100% dos agentes da saúde. No entanto, nunca é votada.
Temos então de descobrir quais são os opositores ocultos de sua
regulação e denunciá-los publicamente para as devidas providências.
São pessoas que contribuem para a discriminação social.
Cabe aqui uma chamada à responsabilidade aos mandatários dos três
níveis. É hora de assumir uma postura cívica e mostrar a que
vieram, liberando imediatamente suas bancadas para aprovar a Emenda
29. O Brasil não pode mais esperar, nossa saúde está na UTI e o
prognóstico é sombrio.
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