Nova modalidade é, em média, 26% mais
barata, segundo pesquisa. No entanto, oferta é limitada a poucos
modelos de SP e do Rio.
O chamado “Seguro Auto Popular” ainda
engatinha: criado em abril de 2016, como uma opção mais barata para
carros mais velhos, ele passou por mudanças para chegar ao mercado,
mas ainda está disponível em poucas seguradoras e apenas nas
regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Só duas empresas ofereciam esse
produto no início deste ano (Azul, do grupo Porto Seguro, e Tokio
Marine), e o valor que o cliente pagava para contratá-lo (o chamado
prêmio) era 26% menor, em média, do que o do seguro tradicional,
conforme levantamento da corretora Bidu.
A corretora não informou os valores de
cada seguradora, mas citou exemplos. O seguro tradicional de um
Volkswagen Gol ficaria em R$ 1.816,86, para determinado perfil; no
“Auto Popular”, o valor cai para R$ 1.266,59 ou 30% menos, que era
a previsão da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para
essa modalidade de seguro.
O preço do seguro (prêmio) pode variar
muito porque os dois produtos têm características diferentes com
relação a cobertura, indenizações, danos a terceiros, assistência e
na forma de pagamento, sempre dependendo das escolhas do
consumidor.
Restrições e franquia maior Mas o
“Auto Popular” atualmente não é oferecido sem restrições: as duas
empresas limitaram os modelos de veículos que se enquadram nessa
modalidade; uma delas também determina uma idade mínima dos carros.
A regulamentação do “seguro popular” não impõe restrições, mas
permite que as seguradoras o façam. Outro ponto é que a franquia
desse seguro, isto é, o valor com o qual o cliente arca em caso de
acidente, era 30% mais cara que a do seguro tradicional, em média,
também de acordo com a corretora.
Ou seja, com o “seguro popular” é
preciso tomar mais cuidado para não se envolver em batidas, porque
pagar o valor alto da franquia pode anular a economia feita na
contratação. Saiba mais sobre prêmio e franquia no Guia Prático do
G1 O G1 lista abaixo as principais diferenças entre o “Seguro Auto
Popular” e o tradicional nas duas empresas que atualmente oferecem
ambos.
EXEMPLO 1 (Azul
Seguros):
Exemplo 2 (Tokio
Marine):
Restrições Por
enquanto, as limitações restringem bastante o público que pode
adquirir o “seguro popular”. Na Azul, por exemplo, só são
permitidos carros de 5 anos ou mais, com valor máximo de R$ 60 mil,
e que estão dentro de uma lista de 40 modelos mais vendidos, que
inclui de Palio, Gol e Uno, até Civic e Corolla, entrou outros.
A Tokio Marine não estabeleceu limite
de idade, mas aceita apenas 12 modelos populares: Gol, Voyage, Fox,
Celta, Corsa, Corsa Sedan, Uno, Palio, Fiesta, Ka, Clio e Sprinter
(caminhão ou van).
“Escolhemos esses veículos por serem
os mais bem atendidos pelo chamado mercado de peças alternativas
nesse momento”, afirmou Marcelo Goldman, diretor executivo de
produtos massificados da Tokio Marine.
No “seguro popular”, as empresas não
precisam usar “peças genéricas” novas ou de reposição usadas,
vindas de desmanches credenciados, exceto para reparos em itens de
segurança. A opção de uso destas peças deve ser sempre estar clara
para o segurado.
Foco nos ‘velhinhos’ Atualmente
circulam cerca de 60 milhões de veículos no país, mas apenas 17,5
milhões estão segurados, cerca de 30% da frota. A Federação
Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) espera que, em 5 anos, o
“seguro popular” seja responsável por expandir a frota coberta em
10%.
Para isso, o foco é em veículos mais
velhos, que ficam caros para serem segurados por causa da falta de
peças originais. “Um dos fatores que mais eleva os preços dos
seguros tradicionais é a obrigatoriedade de utilização de peças
novas nos consertos – itens proporcionalmente caros quando se fala
em modelos mais antigos”, afirmou Goldman.
Diferente dos seguros tradicionais, no
“popular” é permitido fazer o conserto com peças usadas ou
recondicionadas, vindas de empresas de desmontagem credenciadas,
conforme a lei 12.977, que regulamentou os desmontes de veículos em
todo o país em 2014.
A Susep liberou também o uso de peças
“genéricas”, nas mesmas especificações das originais. Só não pode
recorrrer a peça usada ou independente em consertos que envolvem
itens de segurança, como o sistema de freios, suspensão e cintos de
segurança.
Expansão prevista A Tokio Marine
lançou o produto no final de dezembro e tem expectativa de que ele
alcance cerca de 200 mil clientes nos próximos 3 anos, o que
representaria 15% da carteira de veículos da empresa.
Segundo a Tokio, o valor médio do
“Seguro Auto Popular” deve ficar em torno de R$ 1,5 mil. Ela
oferece o produto em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas deve chegar
a Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba nos próximos meses.
A Azul não divulgou os números de
contratações feitas desde o lançamento, em 19 de dezembro, mas
afirmou que a resposta foi boa. “Podemos dizer que estamos
contentes com a aceitação e a grande procura que estamos tendo”,
afirmou a empresa.
“É como quando lançam um modelo novo
de carro. As seguradoras acabam precificando o produto por
aproximação, mas, com o tempo, conseguem definir melhor o preço.
Vai acontecer parecido com o auto popular. Vão ver como o mercado
responde e fazer as alterações necessárias”, explicou Marcella
Ewerton, coordenadora de marketing da corretora Bidu.