Planos privados estimam conseguir
adesão de 3 milhões de servidores públicos, diz associação; Abrapp
apresentou plano de fomento ao governo para evitar que reservas
estejam esgotadas em 2034.
No momento em que é discutida a
reforma da previdência social no Congresso, o setor de previdência
complementar busca praticamente dobrar o número de participantes em
meio ao baixo crescimento de adesão aos planos privados no país,
que pode acabar em esgotamento das reservas do setor dentro de 19
anos.
Dados da Associação Brasileira das
Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) mostram que
em 5 anos cresceu 19% o número de participantes ativos e 3,3% o de
planos de benefícios. Segundo Luís Ricardo Martins, presidente da
Abrapp, se esse ritmo de crescimento for mantido, o estoque dos
ativos do setor estará esgotado em 2036.
Para ele, o sistema de previdência
complementar está estagnado. Por isso, a entidade apresentou um
plano de fomento ao Congresso em setembro do ano passado para
estancar o processo de desinvestimento das reservas do setor. A
grande aposta, segundo Martins, é conseguir a adesão aos planos de
previdência privada de 3 milhões de servidores públicos, que pela
reforma proposta pelo governo deixarão de receber a aposentadoria
integral.
Martins afirma que há ainda potencial
de adesão de outras 3 milhões de pessoas que fazem parte da
população economicamente ativa e de 500 mil funcionários que não
aderiram aos planos de previdência privada oferecidos pelas
empresas. Além disso, ele aposta na adesão do público jovem e de
trabalhadores pessoas jurídicas, como gerentes e advogados.
Atualmente, segundo a Abrapp, há 2,5
milhões de pagantes, 700 mil aposentados e pensionistas e 3,9
milhões de dependentes, somando cerca de 7,1 milhões de pessoas
dentro da previdência complementar no país.
Contribuição mínima Além de aumentar o
número de participantes, Martins defende que seja instituída uma
contribuição mínima para o plano de previdência complementar, sem
que seja necessário abdicar do regime de repartição simples, em que
os mais jovens pagam pela aposentadoria dos mais velhos. “As
pessoas estão envelhecendo mais e muito rápido. Assim, haveria um
pilar de capitalização para compensar essa defasagem”, diz.
Em março, a entidade apresentará uma
proposta que estabelece a adesão automática dos empregados no plano
de previdência de privada das empresas, com a possibilidade de o
funcionário não querer participar. “500 mil pessoas já poderiam
estar protegidas com o patrocínio da empresa e não entraram na
previdência complementar”, afirma. Sobre o esgotamento das reservas
do setor, Martins garante que quem está dentro da previdência
complementar não ficará descoberto. “A Abrapp monitora os dados do
setor e notou-se que o sistema não está crescendo. R$ 36 bilhões de
benefícios estão sendo pagos, mas precisamos criar mais poupança de
longo prazo para as novas gerações que vêm aí, e esse plano de
fomento é justamente para isso”, diz.
Atualmente há 307 entidades fechadas
de previdência complementar e dentro delas há 2.692 empresas
patrocinadoras, que oferecem 1.105 planos de benefícios
previdenciários no país. O total de ativos é de R$ 763 bilhões. A
previdência complementar paga hoje R$ 36,5 bilhões em benefícios
previdenciários.