Relatório do Banco Mundial enumera
medidas para reduzir vulnerabilidade dos mais pobres expostos a
extremos climáticos
Além da devastação das áreas
atingidas, os fenômenos climáticos extremos podem comprometer o
futuro de novas gerações, por obrigá-las, por exemplo, a deixar a
escola para trabalhar e, assim, ajudar a família a lutar contra a
pobreza absoluta. Na passagem do furação Stan pela Guatemala, em
2005, 7,3% das famílias afetadas retiraram seus filhos da escola,
colocando-os precocemente no mercado de trabalho. Esta medida
extrema produz, na prática, a perpetuação da pobreza, porque a
escolaridade é fundamental para andar na espiral da escalada
social.
Atentos aos danos diretos e indiretos
provocados pelas mudanças climáticas, o Banco Mundial e o Fundo
Mundial para a Redução dos Desastres e a Recuperação (GFDRR)
produziram um relatório (“Unbreakable: Building the Resilience of
the Poor in the Face of Natural Disaster’s (‘Inquebrável:
Construindo a Resiliência dos Pobres contra Desastres Naturais”),
no qual destacam a urgência da adoção de políticas com um
planejamento inteligente em relação ao clima para proteção dos mais
vulneráveis. No relatório, estima-se que as catástrofes naturais
custam para a economia mundial perdas até US$ 520 bilhões (60% mais
do que se informa habitualmente) e empurram cerca de 26 milhões de
pessoas para a pobreza a cada ano.
As chamadas ações de “políticas de
resiliência”, detalhadas no relatório, planejam ajudar os pobres a
enfrentar as consequências de eventos meteorológicos e outros
eventos naturais extremos. Das sugestões, sistemas de alerta
prévio, maior acesso aos serviços bancários pessoais, apólices de
seguros e sistemas de proteção social (como transferências de
dinheiro e programas de obras públicas).
Recomenda o estudo que os governos
façam investimentos essenciais em infraestruturas, como barragens e
outros meios para controlar os níveis de água, além de desenvolver
políticas apropriadas sobre o uso do solo e normas de construção.
Para o estudo, estes esforços devem visar especificamente a
proteção dos cidadãos mais pobres e vulneráveis, e não apenas
aqueles com bens de alto valor.
O relatório pinça ações para gerar uma
maior resiliência entre os pobres, indicando que tal tendência deve
se consolidar nos próximos anos. O case citado é o Mecanismo de
Seguro de Risco para Catástrofes no Caribe (CCRIF). Este seguro
paramétrico fez que Haiti, Barbados, Santa Lúcia, São Vicente e as
Granadinas recebessem US$ 29 milhões para utilização em trabalhos
de recuperação, após a passagem do furacão Matthew.