Presidente da CNseg, Marcio Coriolano, avalia conjuntura e destaca novos desafios do mercado segurador no próximo ano
Cerca de 400 profissionais do mercado segurador participaram do Almoço das Lideranças do Mercado e da 6ª edição Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, ocorridos nesta quinta-feira, 15, e organizados pela CNseg. No tradicional discurso anual de balanço que antecede o almoço de fim de ano do mercado, o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, reconheceu que o ano de 2016 foi de extrema dificuldade para o País (“em todas as dimensões: na econômica, na política, na social, e, sobretudo, na ética”), afetando o desempenho do setor segurador.
“Os combustíveis de nossa indústria de seguros- o emprego, a renda, e o PIB- pioraram muito. O rendimento médio voltou a níveis observados ainda no início de 2013. A taxa de desocupação aumentou consistentemente de 6,2% para os atuais 12% e poderá avançar ainda até os 14% em 2017. Já a retração do PIB de 2016, que analistas são unânimes em apontá-lo como o maior nos últimos 25 anos, não há nenhuma aposta melhor do que uma queda de 3,5%”, declarou ele.
O desempenho negativo do PIB, lembrou ele, deve-se ao forte recuo de todos os indicadores econômicos. A produção industrial retrocedeu 7,8%; a da indústria de transformação, 7%; a de bens de consumo duráveis, 18,6%; a de automóveis, 17%; enquanto o financiamento imobiliário, 41,5%, exemplificou.
Apesar da severidade da crise, Marcio Coriolano destacou o esforço da atual equipe econômica por impedir a progressão da retração, iniciada no segundo trimestre de 2014. Referiu-se a ações para conter a inflação e, na outra ponta, permitir um afrouxamento na política monetária, às medidas estruturais, como a PEC dos gastos públicos aprovada em segunda votação no Senado, a apresentação da PEC da Reforma da Previdência Social, ao lado projeto de lei que acena com mais celeridade no processo de licitação de obras públicas.
O presidente da CNseg também elogiou a resiliência do mercado segurador. “A despeito do cenário macroeconômico de grande incerteza, nosso setor de seguros teve desempenho bem acima da média dos demais setores de atividades. Em 2015, tivemos crescimento de 11,6%, no primeiro trimestre de 2016 ficamos assustados com o fraquíssimo aumento de 3,6%, mas nos trimestres seguintes recuperamos o fôlego, alcançando um crescimento de 8% até outubro”, assinalou ele, lembrando que a expansão foi ainda maior em algumas modalidades, como o seguro de Vida Individual, o VGBL, Residencial, Garantia e Rural, por exemplo.
O presidente avaliou positivamente ainda a atuação no campo regulatório da Susep, lembrando a importância da aprovação dos ajustes no regulamento do seguro Popular de Automóveis e a perspectiva de que seja definido ainda este ano o marco do Universal Life. Acrescentou à lista de medidas favoráveis a perspectiva de aprovação do Seguro-Garantia de Obras no Congresso Nacional, complexa, mas promissora. Ou a retomada das discussões do Prev-Saúde, no próximo ano, com técnicos do Ministério da Fazenda. “No campo regulatório, tivemos boas notícias, aderentes ao planejamento estratégico aprovado pela atual administração superior da CNseg”.
Por fim, agradeceu a sinergia da CNseg com as quatro federações associadas (FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap), citando o nome de cada dirigente. (“MEU abraço aos colegas presidentes João Francisco, Edson Franco, Solange Beatriz e Marco Barros”). Na parte final do discurso, repetiu o mantra de recolocar o setor de seguros no centro das políticas públicas e destacou a importância do programa de Educação em Seguros. E assegurou que o mercado de seguros está preparado para os desafios de 2017. “Ainda teremos muito que fazer para a travessia das dificuldades rumo à retomada do progresso”, lembrou.
Representando o superintendente da Susep, Joaquim Mendanha, o diretor da autarquia, Paulo dos Santos, afirmou que a nova administração atuará de forma proativa para fornecer as ferramentas institucionais necessárias para o desenvolvimento da concorrência no setor e para criar produtos compatíveis com as necessidades dos consumidores.
Já a diretora Martha de Oliveira, da ANS, representando o presidente da agência reguladora, José Carlos Abrahão, destacou a palavra inovação, presente no nome do Prêmio da CNseg, para afirmar que ela não se relaciona somente ao desenvolvimento de algo diferente, mas também ao resgate de valores antigos. E dentro dessa linha, afirmou que a agência vem trabalhando muito para resgatar o papel da assistência humanitária, entre outras soluções transformadoras que possam possibilitar um 2017 melhor.
Recorde em número de participantes-137 projetos inscritos e 108 habilitados- esta edição do concurso Antonio Carlos de Almeida Braga distribuiu R$ 165 mil em prêmios, dos quais R$ 30 mil para os vencedores de cada uma das três categorias- Comunicação, Processos e Produtos & Serviços-; R$ 15 mil, para os segundos colocados; e R$ 10 mil, para os terceiros colocados.
Os vencedores do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Brade de Inovação em Seguros comemoram
Categoria Comunicação:
Na categoria Comunicação, o vencedor foi o projeto “Plano de Comunicação de Combate à Corrupção”, de Cassia Cristina Ferreira de Sousa Monteiro, Claudia Maria Paula e Claudilene Arruda de Souza, da SulAmérica. Com uma
linguagem lúdica e simples, o projeto aproximou a política corporativa contra a corrupção da rotina da companhia, facilitando o entendimento do tema e a reflexão sobre ética entre os funcionários.
O segundo lugar em Comunicação ficou com o projeto “O Arthur Vai Amar”, de Larissa Amado Osório, Aura Rebelo, Rodrigo Pádova e Fernanda Riezemberg, da Icatu Seguros, que deu um plano de previdência ao primeiro bebê nascido no aniversário de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro e contribuirá mensalmente para o plano do menino até 2065, quando o Rio chegará aos 500 anos e Arthur, com 50, passará a receber sua aposentadoria.
Já o projeto “Somos Todos Ouvidores”, de Gisele Garuzi Oggioni de Araujo, Marcia Calixto da Silva e Murilo Urbano Ferreira Júnior, da Bradesco Seguros, que estimula o sentimento de pertencer à companhia entre os colaboradores e a responsabilidade perante cada cliente, ficou em terceiro lugar.
Categoria Processos:
Um aplicativo para smartphone que possibilita aos dentistas a captura e o envio imediato de imagens bucais para pré-aprovação e validação final de tratamentos, o “App Rede UNNA”, assegurou o primeiro lugar na categoria Processos para Carlos Roberto Montefusco, Cleberson Pereira Nunes e Giovanni Fallico, da Odontoprev. A projeção da Odontoprev é de que a ferramenta resultará na economia de mais de R$ 2,5 milhões em três anos, por reduzir radiografias comprobatórias e seu transporte.
Substituindo por um tablet a papelada requerida em inspeções de campo nas propriedades rurais, para a coleta de dados relacionados às apólices de seguro, o projeto “Agro Field Inspector”, de Anna Bacelar e Seetharam G, da Swiss Re Corporate Solutions e da Tata Consultancy Services, ficou com o segundo lugar na categoria Processos.
Criado com o intuito de atender os segurados atingidos por tempestades no Sul do Brasil, em 2015, o projeto “Casa Protegida: Regulação de Sinistro com WhatsApp”, de Alexandre de Souza Vieira e Ana Maria Paul Issa Afonso, da Tokio Marine Seguradora, conquistou a terceira colocação.
Categoria Produtos & Serviços:
Na categoria Produtos & Serviços, os jurados reconheceram o pioneirismo do projeto “Telemetria – Direção em Conta”, de José Mello e Leandro Hortega e Synesio Neto, da Liberty Seguros, que possibilita que a empresa monitore o modo de dirigir dos segurados, por meio de dispositivo instalado no veículo, permitindo que os bons motoristas sejam beneficiados com descontos de até 30%.
Visando garantir a cobertura a operadoras e agências de viagens e proteger o investimento dos compradores de pacotes turísticos, em caso de quebra de prestadoras de serviços, o projeto “Solução Turismo”, de Waldir de Menezes e Mário Gasparini, da Ifaseg Corretora de Seguros, ficou com o segundo lugar na categoria.
Já o projeto “Protector Bikes – Tecnologia e Inovação em um Único Produto”, de Janete Aparecida Tani, da Argo Seguros, ficou com o terceiro lugar em Produtos & Serviços. O produto protege contra roubos e acidentes com bicicletas de alto valor (a partir de R$ 3 mil), com foco nas bikes de competição. A cobertura inclui danos a terceiros e o seguro pode ser vendido por corretores pela internet por uma plataforma digital desenvolvida pela seguradora.