Acordo entre Roche e a Fiocruz permitirá
que o Brasil passe a produzir o medicamento Micofenolato de
Mofetila
Um acordo que foi assinado na última quarta-feira (30), entre a
multinacional Roche e a Fiocruz, permitirá que o Brasil passe a
produzir o medicamento Micofenolato de Mofetila, indicado contra a
rejeição de órgãos transplantados, principalmente rins. Ainda em
2011 a Fundação fornecerá nove milhões de comprimidos ao Sistema
Único de Saúde (SUS).
Com a incorporação do todo o processo de produção do medicamento, a
estimativa é que o gasto anual do governo diminua nos próximos
anos. A partir de 2012, a Fiocruz produzirá 20 milhões de
comprimidos do Micofenolato de Mofetila por ano. A parceria com a
Roche também prevê intercâmbio científico para o desenvolvimento de
novos tratamentos e transferência de tecnologia para a produção de
medicamentos contra câncer, doenças neurológicas e virais. O
presidente mundial da Roche, Severin Schwan, e o presidente da
Fiocruz, Paulo Gadelha, participaram da assinatura, na sede da
Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Para o presidente da Fiocruz, o acordo com a multinacional
permitirá aumentar a sustentabilidade do SUS e é mais uma grande
aposta no fortalecimento da política nacional de pesquisa e
desenvolvimento (P&D), além de abrir oportunidade para outras
parcerias. "Essa capacidade de diálogo e intercâmbio tecnológico
e científico é fundamental para o país e para gerar benefícios para
a população e seguramente será usada em futuros acordos do
tipo". Gadelha lembrou que o projeto contribui para reduzir o
déficit comercial brasileiro na área da saúde e que a Fundação e o
Brasil ganham ao firmar parcerias com empresas que investem em
ciência e tecnologia. "Estamos garantindo o acesso a
medicamentos pelos brasileiros e assim ampliando os indicadores de
saúde nacionais".
Segundo o diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos
(Farmanguinhos/Fiocruz), Hayne Felipe, o acordo possibilita à
instituição incorporar novas tecnologias e aumenta sua autonomia,
reforçando a soberania brasileira no setor de medicamentos. O
presidente mundial da Roche, Severin Schawn, afirmou que não veio
ao Brasil apenas pela parceria firmada nesta quarta-feira, mas para
desenvolver uma cooperação de longo prazo com a Fundação e o país.
"É uma oportunidade para inovar e para crescermos juntos. Por isso
não penso em termos de meses ou em projetos de curto prazo. O
Brasil é cada vez mais importante no mundo e a Roche, que está aqui
há 80 anos, quer ficar pelo menos mais 80".
A parceria com a Roche levará a uma redução do preço praticado com
o Ministério da Saúde (MS) durante o período de transferência de
tecnologia (o valor passará de R$ 1,87 para R$ 1,67) e também
propiciará o domínio de todas as fases do processo, incluindo a
produção do insumo farmacêutico ativo (IFA). Outro ganho virá com o
intercâmbio de pesquisadores, já que a ocorrerá a participação da
Fiocruz no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento
de doenças de interesse para o MS.
O número de transplantes realizados no país apresenta crescimento
sustentado nos últimos. Enquanto em 2003 foram realizados 12.722
procedimentos, em 2009 o Brasil contabilizou 20.253 cirurgias desse
tipo - um aumento de 59,2%. Só no primeiro semestre deste ano, o
número de transplantes de órgãos sólidos (coração, fígado, rim,
pâncreas e pulmão) chegou a 2.367. A quantidade é 16,4% maior que o
número de procedimentos realizados no mesmo período do ano passado
(2.033 transplantes).
A Roche é uma empresa suíça e ocupa a sétima posição no ranking das
maiores empresas farmacêuticas em âmbito mundial, com um
faturamento de 49,1 bilhões de francos suíços (US$ 50,7 bilhões) e
investimento em pesquisa e desenvolvimento de 9,9 bilhões de
francos suíços (US$ 10,3 bilhões), em 2009. A multinacional atua
nas áreas de medicamentos e diagnósticos, com foco em oncologia,
infecções virais, disfunções dos sistemas metabólico e nervoso
central e doenças inflamatórias. Em 2009, com a aquisição da
Genentech, empresa líder em biotecnologia, por US$ 46,8 bilhões, a
Roche assumiu também a liderança no setor de oncologia.
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