Em tempos de crise, as soluções
para conseguir baratear a apólice estão numa boa pesquisa de preços
e na adoção de outros mecanismos de segurança
Quem tem automóvel, além de ver o
preço da gasolina aumentar durante o ano, também deve ter sentido
no bolso um acréscimo de 20% a 30% no valor do seguro em comparação
com o ano passado. A estimativa é de corretoras de seguros que
atuam no mercado baiano ouvidas pelo CORREIO. Em tempos de crise,
as soluções para conseguir baratear a apólice estão numa boa
pesquisa de preços e na adoção de outros mecanismos de segurança
como travas e rastreadores. Um estudo feito pela Proteste
Associação de Consumidores aponta que é possível reduzir o valor do
seguro em até 70% (veja no infográfico abaixo).
E foi justamente uma pesquisa de
preço que fez o administrador Carlos Muhana, dono de um Corolla que
renovou o seguro há 15 dias. “A diferença de uma empresa chegou a
R$ 2 mil”, conta. O administrador acabou encontrando a melhor
oferta na renovação do seguro que já possuía, que deu um bônus com
desconto de 40%.
“A pesquisa foi fundamental, até
para que eu pudesse correr atrás de um desconto na seguradora que
eu já estava”. A apólice saiu por R$ 2,7 mil. No ano passado,
Muhana pagou R$ 2,4 mil. “Os preços estão realmente muito salgados.
A variação de uma seguradora para outra é absurda”, constata.
O levantamento da Proteste levou em
conta as cotações de preço nas 12 maiores seguradoras de
automóveis, conforme o ranking da Superintendência de Seguros
Privados (Susep). Em 2014, o valor do prêmio médio, considerando
somente as coberturas de casco e assistência, foi de R$ 1.392,12. O
valor é 4,8% superior ao prêmio médio de 2013.
Economia Segundo o assessor técnico da
Proteste Rodrigo Alexandre, o preço do seguro vai variar conforme a
seguradora e as coberturas que o consumidor tiver interesse. “O que
mais encarece é o perfil do consumidor e os serviços adicionais.
Além disso, quanto maior o risco, maior será o valor do seguro”,
explica.
A assessora parlamentar Maiana
Brito também não abriu mão de comparar várias seguradoras antes de
renovar a proteção do seu Fiat Palio. “Fiz uma boa pesquisa e
consegui reduzir o valor do seguro em R$ 700″, relata.
Maiana não pensou duas vezes em
trocar de seguradora para reduzir o valor da apólice. “Sempre tive
o mesmo seguro, mas mesmo com as bonificações, o valor ainda ficou
muito além do que eu podia pagar”. Em outra empresa, o seguro que
sairia por R$ 2,5 mil ficou em R$ 1.794. “No fim das contas saiu
até abaixo dos R$ 2 mil que havia estipulado gastar”.
Sinistros Na
Bahia, de janeiro a junho deste ano, 3.636 veículos foram roubados
(contra 3.159 no mesmo período de 2014, – 13%). O bairro com mais
registros de ocorrências é Itapuã, seguido por Boca do Rio e
Brotas. Roubos, furtos e acidentes (sinistralidades) são fatores
determinantes no preço do seguro, como explica a gerente da
sucursal da Porto Seguro na Bahia, Meiry Sakaguchi. “O seguro de
automóvel no Brasil tem o preço relativo ao risco que
representa”.
A disponibilidade de peças para
reparos pelo fabricante também interfere muito, como acrescenta o
diretor de seguro automotivo da HDI Seguros, Fabio Leme. “As vendas
de carros novos estão caindo severamente se comparadas com os anos
anteriores, e os valores das peças e da mão de obra estão subindo,
com o efeito do aumento da inflação”, ressalta.
Alguns itens que tornam o valor do
seguro mais barato Equipamentos de segurança – Alarmes e travas,
por exemplo, podem reduzir o valor do prêmio. Âmbito territorial
Vale verificar na oferta do seguro a abrangência da cobertura.
Serviços adicionais É preciso avaliar item por item. A tendência é
de um valor mais baixo para o seguro quando há menos itens a
proteger. Cobertura básica – A Proteste Associação de Consumidores
recomenda o pacote básico com a cobertura compreensiva – formada
pela a Cobertura de Responsabilidade Civil e de Acidente Pessoal de
Passageiros e com o pacote de assistência pessoal 24 horas.
Localização geográfica De acordo com a região em que se usa o carro
(pelas estatísticas de furtos e roubos), pode se pagar mais ou
menos. Bônus – Lembre-se de informar ao corretor qual é a sua
classe de bônus, porque ela não é incluída automaticamente e não
são todas as seguradoras que explicam isso com detalhes no contrato
de prestação de serviços.
Consumidor precisa ficar de olho na
apólice e no contrato Na hora de tentar baratear o seguro, é
preciso ficar atento para não acabar comprometendo a cobertura de
itens importantes. Segundo o advogado especialista em Direito do
Consumidor, Dori Boucault, é necessário, antes de tudo, ler com
atenção as propostas e fazer um comparativo. “Parece uma
recomendação óbivia, mas muitos problemas poderiam ser evitados se
todo mundo lesse e conhecesse muito bem a sua apólice”.
Entre as principais queixas está a
demora no retorno da análise em caso de perda total e na extensão
da cobertura. “O seguro vai oferecer mil coisas para você não
deixar de gastar, mas só contrate o que atende ao seu perfil,
sempre de olho nas condições que a empresa oferta”. Sobre as
promessas de bônus e descontos, Boucault diz que ainda assim é
importante fazer uma boa pesquisa. “Qualquer desconto ou
bonificação precisa ficar muito claro no contrato”, enfatiza.