A AXA, em parceria com o IFC e a Accenture, realizou um estudo em dez economias emergentes, que mostra que em 2030 o mercado global de seguros deverá faturar entre US$ 1,4 a US$ 1,7 trilhão com serviços adquiridos por mulheres. Em 2013, esse montante era de US$ 777 bilhões. O estudo realizado por meio de entrevistas pessoais com 174 representantes da indústria (corretores, agentes, mulheres clientes, reguladores e associações), com suporte de pesquisas e literatura relacionada ao tema. Foram dez países pesquisados: Brasil, China, Colômbia, Índia, Indonésia, México, Marrocos, Nigéria, Tailândia e Turquia.
A Revista Apólice conversou com Philippe Jouvelot, presidente da AXA no Brasil, para saber como o líder da companhia enxerga esses resultados. O relatório aponta que 50% desse crescimento será proveniente das dez economias emergentes pesquisadas. No Brasil, a estimativa é de que esse mercado cresça entre oito e 12 vezes, quando comparado ao valor em prêmios pagos por mulheres em 2013, US$ 10 bilhões, atrás apenas da indústria indonésia que deverá crescer entre dez e 16 vezes. As razões apontadas para essa expansão são o crescimento da renda; da participação da mulher no mercado de trabalho, da expectativa de vida e da quantidade de anos de aposentadoria. Também fazem parte da lista o aumento do poder de barganha das mulheres em seus domicílios – fortemente relacionado ao incremento da renda-, da quantidade de mulheres solteiras – que, por isso, devem prover suas necessidades – e o enorme déficit de proteção para pequenas e médias empresas, das quais 43% tem mulheres como proprietárias.
“A minha visão é que o mercado de seguros está crescendo bastante e nós temos que olhar atentamente esse crescimento. Quando nós chegarmos a um mercado mais maduro no Brasil, teremos um país bem mais equilibrado sobre quem paga o seguro, teremos metade da população que vai comprará e ela será formada por mulheres”, ressaltou. O executivo diz isso porque a visão de que quem precisar arcar com esse tipo de proteção é homem continua sendo perpetuada em muitos mercados e as necessidades das mulheres muitas vezes não são atendidas ou levadas em consideração pois “esse é um mercado feito em sua maioria de homens para homens. Esperamos que cheguemos ao ponto em que ele seja feito para os dois, para o público misto”, completa o presidente da Axa. É preciso estabelece rum equilíbrio, perceber que a sociedade está evoluindo e que as mulheres precisam e estão indo atrás desse espaço. Muito além de desenvolver produtos diferenciados para elas, talvez a grande questão seja levar as necessidades que elas têm para dentro dos produtos que não abrangem essas questões, tornando-os suficientemente bons para os dois gêneros.
O estudo revela ainda que as brasileiras são as mais dispostas a gastar maiores quantias em seguros, principalmente relacionados a riscos que ameacem seu lar e sua família – especialmente no ramo de saúde.No entanto, na contra-mão dessa tendência, três motivos são apontados como entraves para concretização desse potencial: conhecimento insipiente dos benefícios do seguro, relacionada à falta de proatividade no processo de venda; insegurança em relação à tomada de decisões financeiras; e a percepção de que seguro é caro. Para Jouvelot, “o reporte evidencia a mulher como um motor de desenvolvimento econômico. Em relação aos seguros, há um traço comportamental importante: elas tendem a ser mais conscientes em relação a riscos. Para aproveitar essa oportunidade, temos de ser bem-sucedidos na oferta, que deve levar em consideração as suas necessidades como mulher, mas também como geradoras de sua riqueza e tomadoras de decisão”. essas características também fazem delas um potencia no que diz respeito ao ingresso como players atuantes no mercado de seguros.
Mas as mulheres são muito diferentes entre si e as culturas onde vivem pode influenciar bastante o modo como elas se colocam no mercado, tanto como consumidoras quanto como profissionais do setor. O que une todas elas é que os países em que vivem ainda carecem de cultura de seguro. Países como Brasil e China, por exemplo, que são geográfica e demograficamente numerosos, não possuem a mesma consciência de proteção que países como a Bélgica, por exemplo, que tem muito menos riscos a serem considerados. Para Jouvelot, as mulheres estão encontrando seu espaço juntamente com o crescimento dessa cultura, da economia desses países. “Não diria que as mulheres têm menos acesso diria que elas estão crescendo com seus países. Quando o poder de compra entre homens e mulheres se igualar as mulheres serão maioria e serão decisivas para o mercado de seguros”, afirma Jouvelot