As petroleiras interessadas em
participar da 13ª Rodada da Agência Nacional de Petróleo (ANP)
devem se deparar com taxas mais caras na hora de fechar contratos
de seguro e apresentar suas garantias de oferta no leilão, previsto
para outubro. Os desdobramentos da Lava-Jato e o declínio dos
preços do petróleo estão encarecendo as apólices de
seguro-garantia e D&O (responsabilidade civil de
administradores) para a indústria petrolífera, alertam
especialistas consultados pelo Valor.
Chefe de linhas especiais da Zurich
Brasil, Celso Soares Jr. destaca que o encarecimento reflete
diretamente o aumento da sinistralidade. “Certamente o ciclo de
baixa acabou e estamos renovando apólices de D&O com tendência
de aumentos de dois dígitos. Analisamos inúmeros fatores durante um
processo de subscrição e a retração na economia, em
conjunto com um aumento de sinistralidade, podem resultar em
condições de seguro mais restritas e aumento de prêmio”,
explicou.
Niemeyer, da Aon, lembra que a
fraude é um risco excluído do D&O, mas até que seja provada, a
seguradora tem que pagar os advocatícios e indenizações. “A
Lava-Jato contribuiu para o aumento da sinistralidade do D&O e
a demanda para esse seguro, que estava fraca, está subindo”,
afirmou.
De acordo com os dados gerais da
Superintendência de Seguros Privados (Susep), os sinistros
vinculados a seguros D&O, não especificamente relacionados ao
setor de óleo e gás, aumentaram 46% no primeiro semestre no Brasil,
ante igual período de 2014, de R$ 41 milhões para R$ 60
milhões.
No caso do seguro-garantia, o
aumento das taxas tem sido menor que o de D&O, embora a
tendência também seja de elevação. Ainda assim, ressalva Niemeyer,
o produto tem se mostrado mais competitivo do que a fiança
bancária.
Além do encarecimento das apólices,
aumentaram os casos de não aceitação de concessão de
seguro-garantia para empresas do setor. Soares Jr. explica que a
precificação do seguro está diretamente ligada à qualidade de
crédito do tomador. “Algumas seguradoras mudaram as suas políticas
de aceitação em razão desta nova conjuntura, o que pode tornar a
ca
Se por um lado os custos estão mais
altos para seguro-garantia e D&O, as condições têm sido
favoráveis às empresas na hora de fechar contratos de seguro de
riscos operacionais. Niemeyer Neto explica que há, no momento, um
excesso de capital disponível. Segundo ele, a capacidade global
disponível no mercado é hoje de US$ 7 bilhões de capital para
su
Segundo ele, os prêmios das
apólices de Riscos Petróleo (riscos operacionais e de construção)
caíram até 35%. “A retração na demanda por ativos assegurados, o
aumento excessivo de oferta de capital, além da baixa
sinistralidade, atraiu seguradoras e resseguradoras para o mercado.
Isso aumentou a competitividade no setor e reduziu os custos”,
avalia
Entre 2013 e 2014, o volume de
prêmios emitidos no mercado de óleo e gás no Brasil caiu de R$ 720
milhões para R$ 560 milhões, em parte devido à base mais forte de
2013, explicada pelo reconhecimento da apólice da Petrobras naquele
ano. As apólices da estatal possuem validade de 18 meses e as
receitas com o novo contrato devem ser reconhecidas este
Ainda assim, o volume de prêmios
emitidos no Brasil no mercado de Risco Petróleo em 2015 pode cair
em relação a 2014. No primeiro semestre, o volume caiu pela metade,
ante igual período de 2014, para R$ 217 milhões. Ainda assim, a Aon
projeta um crescimento de dois dígitos no setor de óleo e gás este
ano no Brasil. A expectativa é crescer 15%, ante