O mercado de planos odontológicos
possui margens de rentabilidade apertadas e a carga tributária se
torna relevante neste aspecto. Um levantamento do Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação, encomendado pelo Sistema
Abramge/Sinamge/Sinog, mostra que a carga tributária total – que
envolve todos os tributos diretos e indiretos – que incide sobre as
empresas de odontologia de grupo foi equivalente a 19,4% das
receitas em 2013, a maior dos últimos quatro anos.
Os tributos federais pagos pelas
empresas de odontologia de grupo, por exemplo, cresceram 76% nos
últimos cinco anos, passando de R$ 101 milhões para R$ 178 milhões.
Já a tributação indireta – impostos e taxas que incidem sobre o
valor das consultas, materiais odontológicos, aquisição de serviço
de próteses, exames – atingiu quase 100% de aumento entre 2009 e
2013, passando de R$ 81,4 milhões para 162,6 milhões.
“Como esse trabalho avalia a
tributação incidente sobre o setor, sua estrutura, alcance bem como
compara com outras atividades econômicas, acho que fica claro para
sociedade que os impostos e taxas são em parte responsáveis pela
alta dos custos dos planos de saúde”, afirma Geraldo Lima,
presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de
Grupo (Sinog).
Já a carga tributária incidente
sobre os produtos nacionais da área de planos de saúde
odontológicos registraram, em média, 14,6% de aumento. Nos
importados, a carga foi ainda maior, alcançando quase 27%, em
média. Entre os produtos avaliados estão 11 medicamentos e insumos
de uso comum, como luvas, algodão, resinas, anestésicos, agulha
gengival, cimento endodôntico e broca diamantada, por exemplo.
Outro fator que tem impacto sobre o
segmento é a alta do dólar, reflexo principalmente da conjuntura
política e econômica nacional e também pelo cenário internacional.
No mês, a moeda norte-americana acumula elevação de 13,13% e de
21,53% no ano. E como muitos dos produtos utilizados pelo segmento
são comprados em dólar, os custos de operação também
aumentaram.
Dentro deste contexto, fica difícil
imaginar como é possível atender aos apelos de empresas e
organizações que visam somente à redução do valor do plano
odontológico sem ter a preocupação com a qualidade de materiais e
serviços oferecidos ao beneficiário.
“Com o aumento da inflação, dos
tributos e principalmente a elevação do custo dos materiais mais
utilizados pelo nosso segmento, fica difícil manter o preço dos
planos odontológicos inalterados. Nenhuma operadora hoje possui
condições de oferecer valores per capita na ordem de R$ 1 porque
simplesmente a conta não vai fechar”, acredita Claudio Aboud,
diretor de Finanças e Administração do Inpao Dental.
Vale lembrar que, recentemente, uma
pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
apontou que a inflação oficial do País, medida pelo IPCA, atingiu
1,22% em fevereiro. Em 12 meses, a alta já chega a 7,7%, a mais
elevada desde maio de 2005, quando atingiu 8,05%.