A maré de azar de Lance Armstrong,
após a revelação da mentira que contou durante anos a fio, quando
usou doping para obter seus resultados no ciclismo, de vez em
quando parece baixar. Mas aí, para desconforto do ex-herói, volta
com a força de um tsunami para causar mais estrago. Na reputação
dele, já tão destruída, e no bolso. O site do Wall Street Journal
noticiou que Armstrong foi condenado a pagar US$ 10 milhões (quase
R$ 30 milhões) à SCA Promotions, empresa de seguros que financiou
os bônus que ele recebeu pelas vitória no Tour de France de 2002 e
2003. O castigo foi por ter mentido à Justiça, sob juramento, e
garantido que jamais fizera uso de qualquer substância ilícita para
melhorar seu desempenho no esporte. A decisão representa um duro
golpe para o ciclista, banido do esporte profissional, que está
lutando numa série de batalhas legais que podem lhe arrancar muitos
outros milhões de dólares em ações movidas por antigos
patrocinadores e parceiros financeiros.
No caso da conquista do Tour de
2004, já sob suspeita de usar substâncias proibidas, graças a
denúncias publicadas principalmente na imprensa europeia, o então
campeão (que depois teve todos os seus sete títulos da Volta da
França cassados, como sabemos), não recebeu o dinheiro da SCA. A
seguradora alegou que não pagaria enquanto os indícios de doping
não fossem esclarecidos. Armstrong, à época ainda muito poderoso e
sustentando sua grande mentira, foi aos tribunais e conseguiu
obrigar a SCA a lhe dar o dinheiro pelo Tour daquele ano.
– Corro de forma justa – garantiu
na ocasião.
Mas a vida dá voltas e nem mesmo
uma fraude tão bem articulada como a de Armstrong se sustentou. Em
2013, como sabemos, ele admitiu os mais de 10 anos de um esquema
vergonhoso para levar vantagem como transfusões de sangue ilegais e
uso de EPO, a famosa eritropoietina.
A SCA então decidiu correr atrás de
seu prejuízo. E foi à Justiça contra Armstrong. A sentença agora o
obriga a devolver o que recebeu, montante acrescido de multa por
danos gerados à companhia de seguros.
Segundo a Reuters, na sentença os
árbitros da pendenga judicial classificaram o caso como “um
espetáculo incomparável de perjúrio internacional, fraude e
conspiração”. O texto ainda arremata: “É quase certo que trata-se
do mais tortuoso engano sustentado já perpetrado na história
esportiva mundial”.