Multinacionais de seguros já têm
participação expressiva em um mercado cuja concentração tende a
aumentar nos próximos anos, mas através do crescimento orgânico das
cinco maiores seguradoras
Com base em dados da
Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), estudo da KPMG no Brasil conclui que o
mercado de seguros brasileiro é bastante concentrado, com as dez
maiores seguradoras representando cerca de 85% dos prêmios diretos,
posição observada nos números relativos a 2013. No seleto grupo,
liderado pela Bradesco Seguros, despontam com força multinacionais
de seguros, como a suíça Zurich, a alemã Allianz e as japonesas
Yasuda e Tokio Marine, além da espanhola Mapfre, associada à BB
Seguros, e a francesa CNP Assurances, associada à Caixa Seguros.
Segundo a KPMG, a expectativa do mercado é que a concentração se
mantenha ou até se eleve nos próximos anos.
A pesquisa aponta que a maioria dos
participantes manifesta acreditar que os cinco maiores grupos
(Bradesco, BB Mapfre, SulAmérica, Porto Seguro e Itaú) aumentarão
ainda mais seu market share nos próximos anos, sustentados pelo
crescimento orgânico, uma vez que fusões e aquisições entre grandes
empresas só foram previstas por 25% dos entrevistados. “A
expectativa é que players internacionais continuem a demonstrar
interesse no mercado brasileiro”, aponta o levantamento da KPMG,
realizado com 38 dos principais executivos do setor no País e que
representam mais de 60% da receita de prêmios produzida no mercado
nacional.
Outra expectativa extraída da
pesquisa é a de que a atividade de seguros cresça 50% nos próximos
cinco anos, depois de apresentar expansão consistente e
significativa nos últimos dez anos, sempre acima do aumento do
Produto Interno Bruto (PIB). Espaço para isso tudo indica que há.
Os seguros gerais (excluindo saúde e vida), segundo a pesquisa, têm
ainda pequeno peso, de 1,2%, no conjunto da economia, participação
considerada pouco expressiva quando comparada a economias mais
maduras. Líder para o setor de seguros e sócia da KPMG, Luciene
Teixeira Magalhães explica:
“Ao compararmos, por exemplo, a
participação dos seguros gerais no PIB brasileiro (1,2%) com
economias como a do Chile (1,5%), de Portugal (2,5%), da Bélgica e
dos Estados Unidos (3%), percebe-se que os seguros ainda
representam muito pouco, apresentando, portanto, oportunidade
relevante de crescimento e fortalecimento.”
Segundo a KPMG, o setor deve elevar
sua parcela no PIB nacional para 1,7%, nos próximos cinco anos. O
levantamento constata que o seguro patrimonial continua sendo o
pilar tradicional do mercado brasileiro, seguido pelos produtos de
vida, que também apresentam crescimento significativo. Já o
segmento da saúde suplementar é visto como um dos mais promissores
para os próximos anos.
Luciene Magalhães lembra que a
saúde ocupa a segunda posição na lista de desejos dos brasileiros,
mas o setor não consegue atender os requisitos da população. “Além
disso, apenas cerca de 25% da população possui um plano ou seguro
de saúde o que significa um potencial de desenvolvimento enorme
para esse mercado”, diz a especialista.
Parte dos participantes da pesquisa
manifesta acreditar na otimização de algumas áreas, sendo as
principais a gestão de sinistros e os recursos investidos em
publicidade e marketing, com foco cada vez mais em campanhas de
rádio, televisão, jornais e revistas especializadas no setor. As
peças publicitárias de rua vão seguir caminho contrário, e não
devem ter a mesma relevância que nos anos anteriores.
Segundo a pesquisa, os executivos
entrevistados consideram a melhoria na gestão dos processos
litigiosos prioritária, bem como o aprimoramento do processo de
precificação e de gestão de prestadores de serviço. Ações nessas
duas frentes são vistas como importantes para a redução das
despesas operacionais e para o ganho de eficiência.