O governo de São Paulo irá aplicar
multa para quem aumentar o consumo de água em São Paulo. Quem
aumentar em até 20% vai pagar 20% a mais; já quem gastar mais que
20% vai ter aumento de 50%. O percentual será calculado sobre uma
média estipulada pelo governo e que não foi ainda divulgada. O
anúncio oficial, com mais detalhes, será feito na tarde desta
quinta-feira (18) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), conforme
o SPTV antecipou.
Apesar de quase 80% dos
consumidores conseguirem reduzir o consumo, a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) acredita que uma
parte dos clientes ainda está consumindo água acima da média
estipulada. A agência reguladora, a Arsesp, deve analisar o pedido
nesta tarde.
Com a medida, a multa será aplicada
da seguinte maneira: um consumidor que, em média, gasta 10 m³ de
água receberá conta 20% mais cara se utilizar entre 10,1 m³ e 12 m³
em um mês. Caso gaste acima de 12,1 m³, irá pagar 50% a mais.
A multa já havia sido cogitada pelo
governo. O tucano pretendia iniciar em maio deste ano a cobrança
extra para quem consumisse água em excesso. No entanto, Alckmin
desistiu da multa e criou apenas a bonificação na conta para o
consumidor que economizasse.
Entre fevereiro e outubro, a
companhia concedeu bônus de 30% na conta de clientes que
economizassem 20% ou mais de água em relação à média de consumo
entre dos 12 meses que vão de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.
A medida foi adotada para estimular a redução no consumo. Desde
novembro, o desconto gradual passou a ser dado para os imóveis que
reduzirem o consumo entre 10% e 20%.
O sistema de justificativas para a
exceção na cobrança da multa foi uma das dificuldades na
implantação do procedimento. Em abril, quando a possibilidade da
multa foi divulgada pelo secretário Mauro Arce, representantes do
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) consideraram ilegal a cobrança da
multa.
Novo
secretário
A medida acontece uma semana após o
governador trocar o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos
para sua próxima gestão. Mauro Arce será substituído por Benedito
Braga, que presidente do Conselho Mundial da Água.
Braga disse que é necessário
investir em conscientização da população. "Temos que ficar em
soluções de curto e médio prazo. E, principalmente, para falar no
longo prazo. Vou me preocupar, também, com o que vai acontecer nos
próximos 30 anos", afirmou.
Questionado sobre como pretende
gerir a pasta, Braga defendeu o plano da macrometrópole. "As
alternativas nós já sabemos, não é que eu vou inventar alguma coisa
nova." Como exemplo, Braga citou a alternativa de transferência da
água do afluente do Paraíba do Sul para o Atibainha, e o São
Lourencinho, que é uma Parceria Público Privada (PPP).
Ele também disse que pretende
investir em obras maiores, para garantir abastecimento no longo
prazo. "As transferências de bacias mais distantes, como a Bacia do
Paranapanema, ou a do Juquiá, são obras de maior vulto, mas que vão
nos preparar para 2050. Isso vou fazer, sem dúvida nenhuma". Braga
foi diretor de uma agência reguladora, e este será seu primeiro
cargo como responsável por uma pasta de governo.
Crise hídrica
Os sistemas que abastecem várias
regiões do estado de São Paulo têm enfrentado quedas frequentes do
volume de água armazenado devido à falta de chuvas. Na Grande São
Paulo, os principais sistemas, Cantareira, Alto Tietê e
Guarapiranga, são os mais afetados.
Nesta quinta, por exemplo, o nível
do Cantareira caiu 0,1 ponto percentual, chegando a 6,9%. A falta
de chuva é apontada como principal causa da estiagem. O total de
precipitação em dezembro, até agora, foi de 41,2 mm, índice abaixo
da média para o mês, que é de 220,9 mm.
Excetuando as retiradas das cotas
do volume morto, faz 245 dias (desde 16 de abril) que o nível do
Cantareira não sobe. Na quinta-feira passada (11), após 26 dias de
quedas consecutivas, o Cantareira ficou estável. Isso ocorreu por
causa de um temporal que atingiu o estado um dia antes.