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Associações de Proteção Veicular: engano e prejuízo

Fonte: CQCS Data: 16 julho 2014 Nenhum comentário

Há sempre histórias de pessoas que caíram no conto da associação de proteção, mas que voltaram à realidade quando precisaram da cobertura para um sinistro. É claro que essa atividade ilegal traz muitos prejuízos tanto para quem compra como para o mercado de seguros como um todo.

O Presidente do Sincor-DF, Dorival Alves, explica exatamente o que essas associações garantem ao consumidor. “Prometem que você irá aderir ao grupo e, caso ocorra algum sinistro, todas as pessoas participam de um rateio para pagar o prejuízo. Porém o valor da mensalidade é para manter o staff e não para cobrir risco algum.”

O problema está no cumprimento, porque o consumidor imagina que é uma apólice de seguro, mas só descobre a verdade na hora da necessidade. “Há várias ações judiciais de associados contra essas associações, porque não cumpriram o que imaginava que era uma apólice de seguros. Em 99% tem causa ganha, porém essas associações estão sediadas em algumas cidades do interior de Minas. Muitos conseguem vitória no judiciário, mas tem apenas um representante que coloca o número de telefone celular e não um endereço fixo. Com a sentença do juiz, a cobrança será encaminhada para o Estado. O processo pode levar até cinco anos, isso se a associação tiver bens para penhora, o que muitas vezes não tem.”

Engana-se quem pensa que esse engodo não acontece por muitas vezes. Dorival cita um exemplo. “Um dos mais absurdos é no estado de Goiás, que o veículo foi furtado. Buscaram argumentação que não teria garantia, depois de algumas reclamações, a associação emitiu o cheque para o pagamento da indenização, mas o cheque foi devolvido sem fundo. É o mais cômico, crítico e absurdo que acontece e as pessoas não tem noção disso.”

A corretora Virgínia Vilela, da Corretora Codsman Corretora de Seguros, enfatiza o outro lado dos prejuízos das associações, que é a concorrência desleal. “As associações vendem irregularmente uma proteção veicular que é ilícita no mercado e assim competem com as seguradoras e corretoras reguladas e normatizadas pela Susep com um preço mais barato. Além de ferir o poder das pessoas que compram e desfazer a imagem do seguro na hora que não há caixa para pagar.”

Para ela a falta de informação do cliente também ajuda a expandir a ação das associações. “O cliente não sabe o que é seguro e o que é associação, fecha contrato achando que é seguro. As associações entram na concorrência, diminuem o mercado do corretor e trazem prejuízo financeiro para quem compra.”

Virgínia conta que algumas pessoas procuram a corretora porque tinham entrado no engano das associações. “É caso de carro sinistrado que ficou cinco meses para reparar, veículo roubado pago em seis parcelas depois de quatro meses. Um dos que mais me chamou atenção foi uma associação que o presidente guardava dinheiro em sua conta particular. Ele faleceu e a viúva ficou com todo o dinheiro.”

O diretor da Nova Futurus Corretora de Seguros, Josimar Antunes Ribeiro, também se lembrou de um exemplo que aconteceu com um amigo próximo. “Uma pessoa que comprou a proteção em uma associação bateu em um carro e deu perda total. Ele deixou o carro na loja deles e isso já tem um ano e quatro meses e nada foi resolvido. Então resolveu deixar o carro lá e buscar seus direitos no juízo e isso está sendo julgado agora.”

Para ele, essas associações enganam vendendo a ideia de cooperativismo. “Na realidade é um princípio de cooperativismo, onde as pessoas se unem e qualquer prejuízo que tenha é partilhado com as pessoas. Isso tem levado a casos judiciais pois, quando esses problemas são pequenos, algumas associações conseguem saldar e até liquidar, mas quando passa a ter um, dois ou três casos de perda total, começam a se apertar e assim se dá o processo.”

Josimar finaliza enfatizando que as associações são somente enganos que trazem prejuízos para todas as partes. “É algo negativo, pois vendem como se fosse Seguro e isso evidentemente traz grande vazão de renda, até mesmo pelo desconhecimento do consumidor final. Se quer proteção tem que procurar companhias seguradoras que representam nosso mercado.”

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