A
cada três anos os manuais de acreditação da Joint Commission
International (JCI), que no Brasil é representado pelo Consórcio
Brasileiro de Acreditação (CBA) são integralmente revisados. O
objetivo da revisão é garantir que os padrões que compõem os
manuais estejam devidamente atualizados e sejam adequadamente
aplicados nas instituições que os utilizam. A última revisão foi a
do Manual Hospitalar, que alcança a sua quinta edição.
Um
Comitê Internacional de Padrões é mantido pela JCI, o qual tem
formação multidisciplinar, incluindo representantes dos cinco
continentes, do qual tenho a honra e a rica oportunidade de
participar. O trabalho do comitê se foca nas revisões dos padrões,
as quais estão baseadas em informações coletadas por meio do
trabalho realizado em cerca de 60 países, onde até dezembro de
2013, mais de 600 instituições de saúde tinham recebido o selo de
acreditação internacional. No Brasil, cerca de 56 instituições
já são acreditadas. Através dos projetos de
consultoria e avaliações, o comitê desenvolve um
monitoramento contínuo da aplicação dos manuais e seus respectivos
padrões, além de, periodicamente, realizar pesquisas diretas
e consultas públicas com profissionais e instituições para
complementar informações relevantes sobre o conjunto de padrões que
a JCI utiliza em seus programas.
Na
revisão do manual hospitalar, para a publicação da quinta edição
que passou a vigorar no último dia 01 de abril,
o principal foco da mudança foi o Capítulo que trata do
Governo, Liderança e Direção, que agora passa a ser o maior
capítulo do manual. Nesta mudança a essência foi trazer para a
responsabilidade direta dos gestores, em todas as suas instâncias,
a gestão da qualidade e segurança dos processos de cuidado ao
paciente. Nesta nova edição, os gestores, em especial a Direção
Geral, deverá apresentar evidências de que prioridades de melhoria
e segurança estão sendo definidas e implementadas e como essas
melhorias estão impactando os resultados da instituição,
considerando os aspectos de custo
e de eficiência.
Essa
análise de impacto deve ser feita por meio do uso contínuo de
indicadores, relatórios, análises críticas e outros instrumentos e
ferramentas que, de forma sistemática, evidenciem a efetividade das
ações de melhoria. Um relatório anual sobre os
impactos prioritários deverá ser apresentado pela
direção. Um conjunto de padrões foi incluído nesta nova edição
visando a criação e manutenção de uma cultura de segurança na
instituição, pautada em conceitos e princípios que devem ser
definidos e disseminados diretamente pela direção e suas principais
lideranças.
O uso
e os resultados da aplicação de protocolos clínicos institucionais
também foram alocados neste capítulo e serão avaliados quanto a sua
efetividade na melhoria dos desfechos clínicos dos processos ou
patologias para os quais são aplicados. Outro área trazida para a
responsabilidade da liderança está relacionada com a
realização ou desenvolvimento de pesquisas clínicas nos
serviços da instituição.
Por
fim a direção geral, liderança e gestores de departamentos e
serviços serão responsáveis pelo gerenciamento de risco, a partir
do recebimento e análise regular de relatórios sobre a ocorrência
de eventos adversos e eventos sentinelas que eventualmente
aconteçam na instituição.
O
manual também foi aperfeiçoado em seu conjunto geral de
informações, trazendo as referências técnicas e cientificas que
foram utilizados para revisar, complementar ou incluir padrões nos
diferentes capítulos. Também foram incluídos dois novos capítulos
que serão aplicados quando o hospital for uma instituição de ensino
que esteja diretamente vinculada com uma única faculdade de
medicina, para desenvolvimento de atividades de ensino relacionadas
com a graduação médica e que tenha centro de pesquisa
clínica.