A doença pode ser transmitida através da água da piscina, do
mar e compartilhamento de equipamentos eletrônicos
Mais do que qualquer outro, o olho é o órgão que mais sofre com o
calor. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier,
Leôncio Queiroz Neto, é no verão que acontecem os maiores surtos de
conjuntivite. Ele explica que, nos meses mais quentes do ano, o
número de pessoas com o problema chega a ser 30% maior.
O maior gatilho para o aumento são a proliferação de bactérias, o
contato com a água contaminada e o compartilhamento de equipamentos
eletrônicos.
O especialista afirma que, por serem contagiosas, tanto a
conjuntivite viral quando a bacteriana estão entre as principais
causas de afastamento do trabalho no Brasil.
Saiba o que é a
doença
A conjuntivite se caracteriza como a inflamação da conjuntiva,
membrana transparente que reveste a face interna das pálpebras e a
íris.
Ela pode existir de duas formas: bacteriana e viral. A primeira se
caracteriza por uma secreção amarelada e purulenta, mais comum em
crianças. De acordo com o ofatalmologista, isso ocorre porque os
pequenos ainda estão com a imunidade em desenvolvimento, além de
permanecerem mais tempo imersos na água do mar ou da piscina, o que
funciona como um veículo de transmissão.
Em estágio inicial, o tratamento pode ser feito com compressas de
água morna. Entretanto, se os sintomas não desaparecerem em dois
dias, Queiroz Neto recomenda que a família consulte um
oftalmologista, que prescreverá o colírio antibiótico mais
adequado.
A viral, por sua vez, inicia-se por uma secreção aquosa, que vai se
tornando espessa. Quando o indivíduo acorda, tem alguma dificuldade
em abrir os olhos, porque os cílios ficaram colados com ela.
Altamente contagiosa, pode ser transmitida até mesmo por
equipamentos, como computadores. Isso porque, ao esfregar os olhos,
os vírus podem ser espalhados no teclado ou mouse. Por isso, o
oftalmologista recomenda que as pessoas tomem cuidado ao
compartilhar aparelhos eletrônicos, tanto em casa quanto no
ambiente de trabalho.
— Como piscamos cinco vezes menos na frente do computador, os olhos
ressecam, ficando mais expostos a contaminação —
esclarece.
O tratamento é feito com colírio antiinflamatório, que pode ser
hormonal (corticóide) ou não. O uso da medicação sem acompanhamento
pode causar catarata ou glaucoma.
Embora os tratamentos para a viral e a bacteriana sejam diferentes,
os dois tipos têm alguns sintomas em comum, como os olhos
vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de que há algo
estranho, queimação, fotofobia e visão borrada.
Uso de colírio sem
prescrição médica pode causar catarata
Um estudo conduzido por Queiroz
Neto, com 369 pessoas mostra que, no verão, 40% dos pacientes
chegam ao consultório utilizando colírio por conta própria, contra
30% no restante do ano.
O problema disso é que, de acordo com o Ministério da Saúde, a
automedicação é a maior causa de internações por intoxicação no
Brasil. Em longo prazo, o oftalmologista diz que a medicação pode,
inclusive, causar catarata.
— O brasileiro tem esse hábito porque, independentemente da
fórmula, todo colírio traz mais conforto para o olho.
Como prevenir
— Mantenha as mãos sempre limpas
— Evite coçar os olhos
— Depois de lavar as mãos, higienize com solução de 70% de
álcool
— Quem compartilha computador deve limpar o mouse e o teclado com
álcool a 70%
— Evite tocar no corrimão de escadas públicas
— Não compartilhe colírio, toalhas, fronhas ou maquiagem