Instituições privadas que quiserem criar novos cursos de
medicina terão de fazer investimentos financeiros no Sistema Único
de Saúde (SUS). Além do projeto pedagógico, corpo docente e
infraestrutura, esse será um dos critérios a ser analisado pelo
Ministério da Educação nas propostas dos novos cursos, cuja criação
será acompanhada desde a proposta até o reconhecimento do curso,
com visitas anuais. O edital informando as áreas onde serão
liberados novas faculdades deve sair em setembro. No próximo mês o
governo abre uma discussão pública sobre as novas exigências.
Desde o início do ano, o MEC mudou a forma de criação de novas
vagas em medicina. Em vez de receber propostas das instituições e
apenas analisar a qualidade, o ministério passará a abrir editais
oferecendo regiões e municípios onde há espaço para criação de
cursos, com base na quantidade de leitos do SUS, de médicos e de
vagas existentes na área. Os interessados terão que apresentar uma
proposta e a melhor será selecionada.
Entre os critérios já conhecidos de qualidade acadêmica, o MEC
incluiu a proposta financeira. Por usarem o sistema SUS para
qualificarem seus cursos - as faculdades de medicina precisam ter
leitos e atendimento de urgência e emergência para o estágio dos
seus alunos - as instituições terão que fazer investimentos no
sistema. "É uma contrapartida. Se as instituições usam o sistema
para qualificar seus cursos, devem contribuir", afirmou o ministro
da Educação, Aloizio Mercadante.
A outra parte da proposta financeira é o valor da mensalidade.
Em casos de projetos semelhantes, a instituição que fizer maior
aporte financeiro e menor mensalidade será a vencedora.
A meta do governo é criar 11.447 vagas novas até 2016, 7.832
delas em cursos privados, o restante em faculdade federais. Das
3.615 vagas públicas, 1.615 já foram mapeadas pelo MEC e os
municípios, selecionados. A intenção é abrir faculdades de medicina
em 60 novas cidades. Hoje, elas se concentram em apenas 57
municípios.
O processo de criação também será alterado. Hoje, a proposta
apresentada pelas instituições é analisada por uma comissão de
especialistas e autorizado. A visita in loco só é feita,
geralmente, depois de cinco anos, no processo de reconhecimento.
Agora, haverá uma visita prévia aos locais selecionados pelo MEC
para que se garanta que a estrutura do SUS realmente existe e
funciona, e depois visitas anuais às instituições para garantir que
o projeto aprovado está sendo implementado. O sistema, por
enquanto, vale apenas para os novos cursos.