Lei sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff entra em vigor no
dia 23; contagem do prazo tem início a partir da inclusão do
diagnóstico no prontuário do paciente
Pacientes com câncer deverão ter o início de seu tratamento
assegurado em no máximo 60 dias após a inclusão da doença em seu
prontuário. Prevista na Lei 12.732/12, sancionada pela presidenta
da República, Dilma Rousseff, a medida, que entra em vigor no
próximo dia 23, teve sua regulamentação detalhada nesta
quinta-feira (15) pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O
prazo máximo vale para que o paciente passe por uma cirurgia ou
inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia, conforme
prescrição médica.
“É um grande desafio o que a Lei propõe, mas a presidenta Dilma
Rousseff e o seu governo entendem que esta obrigatoriedade vai
mobilizar a sociedade e os gestores locais para que seja oferecido
tratamento adequado do câncer”, avaliou Padilha.
Antes mesmo da vigência da Lei, 78% dos pacientes em estágio
inicial da doença têm seu tratamento iniciado em menos de 60 dias,
sendo que 52% têm esse direito assegurado em até duas semanas,
conforme registros do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para
casos avançados, o acesso em até dois meses já ocorre para 79% dos
pacientes, sendo 74% destes em até uma quinzena.
A formação de médicos especialistas no tratamento do câncer,
segundo Padilha, é fundamental para o cumprimento da Lei e para a
redução das desigualdades regionais. “Estamos formando
especialistas em oncologia clínica, pediátrica, cirúrgica, entre
outras áreas. Criamos um incentivo financeiro no valor de R$ 200
mil, além de incentivo mensal de custeio. A medida é para que os
hospitais tenham estímulo para abrir novas vagas de residência em
áreas prioritárias como a oncologia”, explicou.
Segundo o Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde,
Helvécio Magalhães, “as novas regras, além de decisivas para a
redução do tempo de espera, deixam claras as atribuições da União,
dos estados e dos municípios no diagnóstico e no tratamento do
paciente com câncer e estruturam uma lógica para atendimento ágil e
de qualidade”, disse.
Para auxiliar estados e municípios, que são os gestores dos
serviços oncológicos da rede pública, a gerenciar sua fila de
espera e acelerar o atendimento, o Ministério da Saúde criou o
Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponível
gratuitamente para as secretarias de saúde a partir dessa semana,
reunirá o histórico dos pacientes e do tratamento, possibilitando
acompanhar o panorama da doença.
A partir de agosto, todos os registros de novos casos de câncer
terão de ser feitos pelo Siscan. Estados e Municípios que não
implantarem o sistema até o fim do ano terão suspensos os repasses
feitos pelo Ministério da Saúde para atendimento oncológico.
Patrícia Chueiri, coordenadora geral de Atenção às Pessoas com
Doenças Crônicas do Ministério da Saúde, aponta o avanço na
reestruturação do atendimento, que deve funcionar em rede. “O SUS
está se reorganizando para oferecer o diagnóstico precoce do câncer
e o tratamento adequado para a doença”, avaliou.
MONITORAMENTO PERMANENTE - Outra medida adotada pelo Ministério
da Saúde para garantir o cumprimento da lei em todo o País é a
realização de visitas aos hospitais que atendem pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) para avaliar as condições de funcionamento e a
capacidade de ofertar o atendimento com agilidade.
Este trabalho será desempenhado pela Comissão de Monitoramento e
Avaliação do cumprimento da Lei nº 12.732, de caráter permanente,
que terá entre suas atribuições acompanhar os processos de
implantação do Siscan e a execução dos planos regionais de
oncologia.
REFORÇO NO ATENDIMENTO - Com apoio técnico e recursos do
Ministério da Saúde, unidades de saúde que ofertam serviços de
radioterapia serão estimuladas a adotar um terceiro turno de
funcionamento – atualmente, o atendimento costuma ocorrer pela
manhã e pela tarde -, de cinco horas de duração. Até agora, 93
serviços demonstraram interesse em expandir o horário de
funcionamento. Outra alternativa é a contratação de hospitais da
rede privada para prestação de serviços ao SUS.
Também está em curso a seleção de empresa que instalará 80
serviços de radioterapia em todo o país, considerando a ampliação
de 39 serviços já existentes e a criação de outros 41, com
investimento federal da ordem de mais de R$ 500 milhões.
AMPLIAÇÃO DO ACESSO – O Ministério da Saúde tem investido na
melhoria do acesso da população a prevenção, exames e tratamentos
do câncer. De 2010 a 2012, o investimento do Governo Federal em
oncologia disparou 26% – de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,1 bilhões. Com
estes recursos, foi possível ampliar em 17,3% no número de sessões
de radioterapia, saltando de 7,6 milhões para mais de nove milhões.
Para a quimioterapia houve aumento de 14,8%, passando de 2,2
milhões para 2,5 milhões.
Em decorrência da inclusão de novos tipos de cirurgia oncológica
e da ampliação dos investimentos no setor, a expectativa para 2013
é que o número de operações supere a marca dos 120 mil, 25% a mais
que as 96 mil realizadas no ano passado. A expansão está sendo
custeada por uma elevação de 120% no orçamento destinado a estes
procedimentos – de R$ 172,1 milhões em 2012 para R$ 380,3 milhões
em 2013.
Por outro lado, houve expansão no rol de medicamentos de alto
custo ofertados gratuitamente pelo SUS, com a inclusão de drogas
biológicas modernas como o mesilato de imatinibe (contra leucemia),
o rituximabe (para o tratamento de linfomas) e o trastuzumabe
(contra o câncer de mama). A ampliação veio acompanhada de
aperfeiçoamento na gestão dos insumos, que passaram a ser comprados
de maneira centralizada pelo Ministério da Saúde, reduzindo custos
com o ganho da escala de compras.
CÂNCER NO BRASIL - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima
que surgirão aproximadamente 518 mil novos casos de câncer no
Brasil em 2013. A previsão é de que 60.180 homens tenham câncer de
próstata e 52,6 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de
mama. Em 2012, foram realizadas cerca de mais de 500 mil
internações na rede pública para tratamento do câncer, ao custo de
R$ 806 milhões.
Em 2010 (último dado consolidado), o Brasil registrou 179 mil
mortes pela doença. O câncer dos brônquios e dos pulmões foi o tipo
que mais matou (21.779 pessoas), seguido do de estômago (13.402),
da próstata (12.778), da mama (12.853), e do cólon (8.385).