O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, nesta
quarta-feira, critérios mais rigorosos para monitoramento e
suspensão temporária de planos de saúde. Agora, as empresas que
tiverem contra si reclamação de negativa de atendimento estarão
sujeitas a multa ou até suspensão de novas vendas. Até então a
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluía apenas queixas
em relação a descumprimento de prazos para marcação de consultas,
exames e cirurgias.
"A negativa de atendimento dentro do rol de procedimentos
obrigatórios que o plano deve cumprir, negativa no período de
carência, não oferecer ou negar exame, não garantir o reembolso,
passam a ser reclamações monitoradas para suspensão do direito de
venda", explicou o ministro durante audiência pública no Senado. As
operadoras de planos de saúde passam a ser obrigadas também a
justificar, por escrito, em até 48 horas, o motivo de ter negado
autorização para algum procedimento médico.
As suspensões começam a ser feitas, de acordo com os novos
critérios, em junho. Isso porque, para receber essa punição, é
necessário haver reincidência nas reclamações, ou seja, a empresa
precisa ter, contra si, a mesma reclamação em dois ciclos seguidos
- a avaliação é feita a cada três meses.
Reclamações
Entre dezembro de 2012 e março deste ano, a ANS recebeu 13,3 mil
reclamações sobre garantias de atendimento, envolvendo 509
operadoras de planos. Nenhum plano foi suspenso, porque esse foi o
primeiro ciclo em que os novos critérios de punição começaram a ser
medidos. A avaliação teve um decréscimo na comparação com o período
anterior, quando foi registrado um total de 13,6 mil queixas - no
ciclo de setembro a dezembro de 2012, a regra de negativa de
reclamação ainda não estavam valendo. Nesse ciclo, 29 operadoras
haviam sido suspensas.
A multa a que os planos de saúde que não cumprem os critérios de
garantia de atendimento definidos pela ANS varia de R$ 80 mil a R$
100 mil. Em caso de reincidência podem sofrer medidas
administrativas como suspensão de comercialização de parte ou da
totalidade dos seus planos de saúde e a decretação do regime
especial de direção técnica, inclusive com a possibilidade de
afastamento de seus dirigentes. As empresas que deixarem de
informar a cláusula do contrato que explique a negativa serão
penalizadas em R$ 30 mil.
Das 29 operadoras suspensas de setembro a dezembro de 2012, 12
recuperaram a situação assistencial no primeiro trimestre de 2013.
Das 17 restantes que permanecem suspensas, oito foram encaminhadas
para a saída de mercado - duas em liquidação extrajudicial, seus em
portabilidade especial.
Relatórios
Desde que a ANS começou a monitorar os planos de saúde, em 2011,
cinco relatórios de monitoramento já foram apresentados. No
período, três planos tiveram a comercialização suspensa em
definitivo. Ao todo, 396 planos, de 56 operadoras, foram punidas
com suspensão temporária, 16 delas com reincidência nos quatro
primeiros ciclos. A negativa de cobertura é a principal reclamação
de usuários - corresponde a 75,7% das mais de 75,9 mil reclamações
recebidas em 2012.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 48,6 milhões de
pessoas têm planos de saúde com cobertura de assistência médica e
outros 18,4 milhões, exclusivamente odontológicos. O ministro
destacou a necessidade de denunciar as operadoras. "O que queremos
é estimular a reclamação, que o usuário comunique a ANS. A queixa
registrada pelo usuário é decisiva para o controle de qualidade que
é preciso ser feito nos planos de saúde", afirmou. O cliente pode
registrar a queixa pelo Disque ANS (0800 701 9656), a Central de
Relacionamento no site da ANS ou um dos 12 núcleos.