Tratamento minimamente
invasivo é mais seguro para pacientes de maior risco cirúrgico e
ainda geraria benefícios econômicos ao sistema de
saúde
Por Deborah
Rezende
Está aberta para consulta
pública, até 24 de abril, a possível incorporação de mais uma opção
de tratamento cirúrgico de próstata aumentada – a hiperplasia
prostática benigna (HPB). Trata-se de um procedimento pouco
invasivo chamado fotovaporização prostática a laser, conhecido pela
sigla FVP.
A HPB pode causar dificuldade
para urinar, sangue na urina e infecção urinária, o que pode levar
a complicações nos rins e formação de pedras na bexiga que aumentam
ainda mais o desconforto para urinar. Segundo dados de 2021 do
IBGE, a população masculina com 60 anos ou mais no Brasil era de
aproximadamente 16,2 milhões de pessoas, e cerca de 40% delas serão
afetadas pela HBP. Com o aumento da expectativa de vida, muitos
desses pacientes necessitarão de tratamento em idades mais
avançadas, quando o uso contínuo de anticoagulantes é mais comum e
o risco cirúrgico inerente ao envelhecimento é maior. Com a
inclusão deste procedimento no rol dos planos de saúde, pelo menos
3 milhões de pessoas poderão se beneficiar.
O tratamento cirúrgico mais
utilizado atualmente é a ressecção transuretral da próstata (RTU),
que pode ser realizada com a introdução de instrumentos
endoscópicos através da uretra, que permitem a ressecção e
cauterização da próstata com o uso de energia elétrica, ou com a
nova tecnologia com o uso da energia do laser. “A nova tecnologia
do laser traz vantagens para a população mais idosa, principalmente
aos que usam medicações anticoagulantes, e aos pacientes que têm
alguma doença que dificulta a coagulação como os hemofílicos. Além
da menor possibilidade de sangramento, sem a necessidade de
suspender os anticoagulantes naqueles que necessitam usar esse tipo
de medicação de forma contínua, a recuperação pós-operatória é mais
rápida, com menor tempo de internação hospitalar, por vezes com
alta no dia seguinte da cirurgia, ou até mesmo no mesmo dia”,
comenta o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU),
Alfredo Canalini.
Ele também destaca que o
aumento da perspectiva de vida da população brasileira fez com que
aumentasse o número de pacientes idosos com necessidade de
tratamento cirúrgico da próstata, e que nessa população específica
os cuidados médicos têm que ser redobrados, pois a maioria dos
idosos são portadores de doenças crônicas que aumentam os riscos de
qualquer cirurgia.
Em relação ao tratamento
cirúrgico da HBP, a fotovaporização diminui esses riscos e também
evita a interrupção do uso de anticoagulantes, tornando-a mais
adequada principalmente para os pacientes que usam esses
medicamentos.
Canalini ainda pondera os
benefícios econômicos. “Segundo estudos da SBU, a nova tecnologia,
na análise de subgrupo com pacientes de alto risco cirúrgico,
àqueles mais propensos a sangramentos graves, a economia pode
chegar até R$ 20 mil aos planos de saúde por paciente tratado,
conforme o quadro clínico”.