A arritmia cardíaca é uma alteração nos batimentos cardíacos e
bem comum na população. De acordo com a cardiologista Cláudia de
Mello Perez, chefe do serviço de arritmia do Instituto Nacional de
Cardiologia (INC), existem vários tipos de arritmia, que ocorrem em
várias partes do coração. "Ela é ocasionada por um distúrbio na
parte elétrica do coração e pode estar relacionada s ou não a
alteração da estrutura do coração, a cardiopatia. A que afeta a
população em geral, não é maligna. Muitas pessoas apresentam
sintomas mas não têm o contexto de gravidade", explica a
médica.
O distúrbio pode ser detectado através de exames como o
eletrocardiograma, ecocardiograma, Holter e prova de esforço.
"Quando necessário, o tratamento é feito com medicamento ou por
ablação, que é um procedimento invasivo através de um cateter que
possui um eletrodo na ponta que gera calor, cauterizando o local
que gera a arritmia. Nos casos mais graves, que podem ser fatais é
feita a implantação de um marcapasso especial para a taquicardia",
relata a cardiologista.
Cláudia alerta que, no entanto, existe um grupo da população, que
apresentam características mais graves. "A cirurgia é indicada no
tratamento de alguma doença de base cardíaca que gera a
arritmia".
Sobre o caso da jovem Angelita Pinto, de 28 anos, que sentiu-se
mal dentro da faculdade, em São Paulo, na última
quinta-feira,23/08, e acabou morrendo, a médica levanta a hipótese
de ser uma doença congênita. "Por se tratar de uma pessoa de pouca
idade, é provável que ela já tivesse uma cardiopatia desde o
nascimento", aponta.
Cláudia explica que, no caso de uma parada cardíaca o tempo é
primordial para a recuperação da vítima. "Pode ser que ela tivesse
revertido se ocorresse o atendimento a tempo, com uso de aparelho
especial para dar choques, por exemplo. O tempo é o mais importante
para uma parada cardíaca, até para evitar sequelas neurológicas; 40
minutos é inviável na recuperação de uma pessoa. O tempo máximo
para a recuperação sem dano neurológico é três minutos, a partir
daí aumentam as chances de uma sequela neurólogica, que pode até
deixar a pessoa em estado vegetativo", avalia.
Segundo o marido da estudante, ela sofria de arritmia cardíaca e
estava há um mês sem tomar o remédio por orientação médica. A
cardiologista do INC explica que em alguns momentos é comum o
médico suspender a medicação, para a realização de um exame ou até
para a troca de remédios.
Arritmia cardíaca pode ser hereditária -A médica do Instituto
Nacional de Cardiologia diz que existem algumas síndromes que são
hereditárias que têm como um dos sintomas a arritmia cardíaca.
"Existem algumas síndromes que afetam pessoas da mesma família como
a síndrome de Brugada e síndrome de QT longo que podem causar
alteração nos batimentos cardíacos".