Novas oportunidades para
corretores, que são consultores financeiros dos
clientes
O open insurance é visto com bons olhos pelos
seguradores, uma vez que tem o objetivo de aumentar a inclusão
securitária. No entanto, ainda precisa ser bem debatido, devido ao
fato de o Brasil ser o primeiro país do mundo a criar a regulação
desse mercado de seguros aberto. Esta foi a tônica da discussão do
painel “Open Insurance – Desafios da implementação”,
realizado hoje na Conseguro 2021.
Participaram do painel, moderado por Alexandre Leal,
diretor-executivo da CNseg, os palestrantes Chen Wei Chi, sócio de
Transformação Digital e Inovação para Serviços Financeiros da EY;
Leonardo Brasil, chefe de Departamento de Tecnologia da Informação
da Superintendência de Seguros Privados (Susep); Thiago Barata,
coordenador de Projetos do Open Insurance da
Susep. Entre os debatedores, os conselheiros da estrutura inicial
responsável pela governança de implementação do Open
Insurance: Danilo Silveira, Diretor Executivo da FenSeg; João
Batista Mendes Angelo, presidente da Comissão de Produto por
Sobrevivência da FenaPrevi e diretor de Produtos da Zurich
Santander; Marcio Coutinho Teixeira de Carvalho, diretor da
Capemisa Capitalização; e Rodrigo Ventura, fundador e presidente do
Conselho da 88i Seguradora Digital.
Alexandre Leal abriu o debate afirmando que a implementação
do open insurance é um grande desafio e, por
isso, requer muitas discussões e discernimento. Mas sua
implementação também traz grandes oportunidades. Na opinião dele, a
governança está entre as principais preocupações, assim como a
proteção de dados dos clientes.
Outro ponto relevante do debate foi a participação do corretor
nesse processo. Todos os participantes avaliaram que o corretor,
que é uma figura central na distribuição dos produtos, por atuar
como conselheiro financeiro do cliente, terá grandes oportunidades
com o crescimento do mercado.
Thiago Barata, reforçou que o open
insurance significa criar o ambiente para que
consumidores e seguradoras acessem e compartilhem dados, de forma
segura e conveniente. Estes dados serão usados para desenvolver
produtos e serviços inovadores para o consumidor de seguro e de
previdência, além de integrá-lo ao open
banking. “Trata-se de um processo inevitável. Acontece no
mundo todo e em todos os segmentos da economia. Nos baseamos em
experiências de outros países, como Inglaterra, China, Estados
Unidos, México. Temos trabalhado próximo ao Banco Central, buscando
alinhamento com o open banking, disse.
Leonardo Brasil lembrou que o open
insurance é uma iniciativa inovadora, que apresenta
grandes desafios. Um deles é a conectividade, uma vez que existem
hoje diferentes ambientes tecnológicos nas empresas. “Como isso vai
ser padronizado, para que as conexões sejam feitas de forma
moderna, rápida e segura, certamente é um desafio, bem como
construir as plataformas que criarão um ecossistema com
outros players. Como fazer esta integração é um dos
pontos que vai exigir mais atenção de todos.
Brasil afirmou que o open banking exige altos
padrões de segurança do sistema bancário, o que deverá ocorrer
também no setor de seguros. Outro desafio é como mostrar ao
consumidor as vantagens deste sistema. Neste aspecto, completou, o
corretor será um importante aliado, que pode atuar de forma
consultiva. Assim, em vez de atropelados pela onda, poderemos
surfá-la, afirmou.
Segundo Chen Wei Chi, o Brasil é pioneiro na implementação
do open insurance. “Trata-se do primeiro modelo
regulado em open insurance no mundo. O fato é
que estamos todos olhando para open banking, o que
significa que não precisamos recriar a roda”, afirmou. Para ele,
como o open banking já está acontecendo, será
possível usar esta experiência para evitar problemas
no open insurance.
Chen
Wei Chi comparou o atual momento aos anos 1990, quando surgiu
a internet. Segundo ele, ainda não sabemos as dificuldades, mas
temos certeza de que em alguns anos teremos um novo mercado, com o
cliente no centro da estratégia de todos, o que muda a forma de
distribuição, os produtos e serviços, além do entendimento do
cliente.
Para
Danilo Silveira, o atual cenário exige humildade de todos.
“Precisamos ter a grandeza de corrigir equívocos rapidamente.
Avançar e recuar de forma competente e rápida”, disse. Segundo ele,
o cronograma é muito apertado, mas as seguradoras terão que atentar
para diversos aspectos, como o da concorrência, por exemplo. “Temos
que pensar em servir os que já consomem seguros e também em trazer
novos consumidores para este modelo de negócios, que não tem regras
definitivas, para podermos torná-lo mais adequado para todos os
participantes desta cadeia”, disse.
A
expectativa de João Batista Mendes Angelo é de que os
principais atores deste mercado sejam relevantes na construção da
regulamentação. “Desejamos que toda esta inserção e criação de
ambiente novo se faça somando atores e garantido a preservação
daqueles que trouxeram as operações de seguros ao estágio que estão
hoje”, pontuou. Para ele, existe uma certa preocupação sobre como
garantir a integração dos corretores a este processo
de open insurance.
Como
inserir pessoas de menor renda, pouco educadas financeiramente, é
um dos principais desafios, na visão de Marcio Coutinho
Teixeira de Carvalho. “Como o consumidor, num
país tão diverso como o Brasil, vai aderir a esta estrutura? Todos
nós queremos a multiplicação do setor, mas temos outros desafios
como colocar o produto na mão do consumidor. Temos condições de
fazer um benchmarking com produtos e estrutura,
mas não com o comportamento dos consumidores, que diferem de acordo
com cada região do país”, disse.
Já
Rodrigo Ventura afirmou que vislumbra um cenário de grande
crescimento do setor de seguros nos próximos anos. “Temos uma
oportunidade fabulosa, um oceano azul, em que pessoas das classes C
e D, estão à margem do mercado segurador”, disse. Na opinião dele o
Brasil tem muito para crescer.
De
acordo com Ventura, na China, em 2006, o setor segurador equivalia
a um terço do mercado brasileiro. Hoje, é três vezes o tamanho do
setor no Brasil. Esse crescimento exponencial se deu através do
digital. “A explosão aconteceu por meio de diversos ecossistemas,
impulsionados pelo governo. Acredito que isso vai acontecer aqui no
Brasil. Somamos sinergias e avançamos juntos. Estamos num momento
de transformação”, disse.
Ventura lembrou que, com o surgimento da internet, todos diziam que
os Correios iriam acabar, mas o negócio de entregas se transformou
em e-commerce. “O corretor vai morrer? Claro que não.
Há muitas oportunidades, como se transformar em influenciador
digital”, disse. A internet também muda a experiência do cliente e
torna o mercado muito mais inclusivo.
“As fintechs criaram acesso a serviços
financeiros para uma grande parcela da população. E o mesmo vai
acontecer em seguros”, completou.
· As
inscrições podem ser feitas em http://conseguro.cnseg.org.br/
· O evento vai
até 01/10
· A
programação completa está disponível em http://conseguro.cnseg.org.br/
Conseguro
2021
Quando: 27/09 a
01/10
Inscrições gratuitas: conseguro.cnseg.org.br
Horário: a partir das 10h em 27/09
e a partir das 11h nos demais dias
Contato: Mariza Louven
[email protected]