De
acordo com uma matéria veiculada pelo Valor Econômico nesta
segunda-feira (30), a Bradesco Seguros vai acompanhar a tendência
da área de saúde e diversificar seus negócios no mercado. O projeto
mais recente é a criação de uma empresa de investimentos em
hospitais, batizada de Atlântica. Já neste ano, devem ser
anunciados três projetos de hospitais com investimentos entre R$
400 milhões e R$ 600 milhões.
“Podem ser aquisições ou construção de hospitais. A seguradora tem
um braço imobiliário com vários imóveis e localizados em excelentes
regiões que podem fazer parte desses projetos”, disse Manoel Peres,
presidente da Bradesco Saúde, que participou da Live do Valor, na
última sexta-feira. Os primeiros hospitais ficarão em São
Paulo.
Os
recursos virão da seguradora e o objetivo é atrair grupos
hospitalares para fazer a gestão do novo negócio. Essa análise dos
ativos, regiões de interesse, entre outros temas estratégicos estão
a cargo de Carlos Marinelli, ex-presidente do Fleury, cujo maior
acionista é a Bradesco Seguros há cerca de 15 anos.
No
futuro, a rede de clínicas Novamed, que também pertence à
seguradora, poderá ser integrada à Atlântica.
Questionado se a companhia está partindo para uma verticalização a
fim de concorrer com operadoras como NotreDame Intermédica e
Hapvida, Peres nega que essa seja a estratégia. “Nosso desejo é
participar desse processo como investidores, como outros negócios
que temos na área da saúde como Fleury, OdontoPrev, Orizon e Beep
Saúde ”, disse o executivo. “É um conjunto de investimentos que
abrange todos os elos da saúde suplementar”, complementou.
Ou
seja, a Bradesco não está apostando no mesmo jogo de grupos como
Rede D’Or, Dasa e o próprio Fleury que são prestadores de serviços
e estão adquirindo ativos para integrar os negócios. A Bradesco
atua como uma fonte pagadora e não pretende interferir na atuação
de hospitais, clínicas e laboratórios.
Peres sinalizou que a verticalização no caso da Bradesco Saúde é
inviável porque a seguradora está presente em todas as cidades com
mais de 50 mil habitantes e não haveria como montar uma estrutura
própria em cada um desses municípios. “A gente acredita nas
iniciativas de grupos de hospitais independentes como uma
possibilidade de prestação de serviços de boa qualidade e custo
acessível”, disse. A seguradora vem fechando parcerias com grupos
hospitalares para oferecer planos de saúde com rede mais restrita e
menor preço.
Em
sua visão, mesmo num cenário de crise econômica e arrefecimento da
pandemia, há demanda por seguro saúde, uma vez que somente 25% da
população do país tem plano de saúde.
Além
dos hospitais, a seguradora está investindo R$ 60 milhões na
expansão da Novamed, que conta com cerca de 20 clínicas em São
Paulo, Rio, Belo Horizonte e Paraná. A meta neste ano é abrir
quatro novas unidades. Algumas delas estão sendo adaptadas para
atender pacientes que venham sofrer das sequelas de Covid-19, que
em geral, demandam sessões de fisioterapia, psicólogos, entre
outros procedimentos. Peres, que também é médico de formação,
estima que entre 10% e 20% dos pacientes acometidos pela doença
sofram da chamada “Covid longa”. O impacto na taxa de
sinistralidade, que mede quanto o cliente usa o plano, deve ficar
entre 1 a 2 pontos percentuais. Para efeitos de comparação, as
internações de Covid geram aumento de 10 pontos percentuais. Desde
que pandemia foi deflagrada, a Bradesco Saúde já pagou cerca de R$
5 bilhões em despesas médicas como internações e testes. No
período, os segurados da companhia já realizaram 1,4 milhão de
testes PCR para diagnóstico da Covid.