Aumento na demanda começou
depois que as seguradoras concordaram em oferecer coberturas para
mortes comprovadamente causadas pelo coronavírus
O tabelião substituto Eugênio
Maciel já faz seguro de vida há alguns anos. Ele conta que sempre
se preocupou com o futuro da família mas, recentemente, uma nova
preocupação fez com que ele procurasse a seguradora. “Quando eu
ouvi falar que as seguradoras estavam aceitando a cobertura para o
coronavírus, liguei para a minha corretora e fiz um novo seguro, já
que o meu estava vencido”. Eugênio conseguiu um contrato anual, sem
carência, que inclui falecimento decorrente pela
covid-19.
Desde que as
seguradoras anunciaram a decisão de incluir a cobertura para o
coronavírus em seus contratos, no mês passado, a procura por
seguros de vida aumentou, segundo Antônio Edmir Ribeiro, diretor do
Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste. “Este é um movimento
natural diante de uma situação tão crítica e inédita. As pessoas
estão em busca de soluções que possam protegê-las, assim como às
suas famílias”, disse Antônio Ribeiro. Ele afirma que o aumento da
demanda varia de empresa para empresa mas, nos caso das corretoras
virtuais já chega a 100%. “Só no Google a pesquisa pelo termo
seguro de vida aumentou em 20% nas últimas semanas, e estamos
falando de milhares de pesquisas”, afirmou o diretor do
Sindseg.
Antônio Ribeiro
lembra ainda que há regras diferentes para contratos novos e
antigos e também para cada seguradora. “A grande maioria das
seguradoras já dá cobertura de forma imediata, outras aplicam uma
carência de 60 dias ou 90 dias. Por isso é importante ter um
corretor de seguros para indicar qual o melhor produto”, afirmou
Antonio. Não existe uma regra geral mas a maioria dos contrato
vigentes já incorpora a cobertura por morte comprovadamente causada
pela covid-19. Nos contratos novos é que há necessidade de se
verificar se há ou não carência.
“Muita gente ainda
desconhece a inclusão desta cobertura porque, tecnicamente,
epidemias faziam parte do que se chama risco excluído, mas houve um
movimento espontâneo e rápido por grande parte das seguradoras
brasileiras, que retiraram a exclusão dos seus contratos”, afirmou
Ribeiro. Ele explica que antes de optar por fazer um seguro de vida
é importante analisar alguns pontos. “Se eu quero deixar uma renda
para minha família eu tenho que definir esse valor, a idade de quem
contrata também é um fator que influencia o preço do seguro, e tem
ainda as coberturas complementares. O seguro de vida vai cobrir a
morte mas pode-se incluir invalidez por acidente, perda de renda
eventual, etc.” Para ilustrar, Antonio Ribeiro aponta que um seguro
de vida básico com auxílio funeral incluído, para uma pessoa entre
28 e 38 anos de idade, e indenização para os beneficiários entre R$
100 mil e R$ 200 mil, vai oscilar entre R$ 50 e R$ 100 mensais.
FUTURO
A consultoria PwC
Brasil fez um estudo sobre o futuro das seguradoras após a
pandemia. “A covid-19 antecipou o futuro. Os planos que estavam
previstos para daqui a cinco anos, foram antecipados para agora.
Todo o mercado teve que se adaptar e não foi diferente com as
seguradoras", diz Carlos Matta, sócio da PwC Brasil e líder do
setor de seguros.
Segundo Matta as
seguradoras terão que enxugar custos e focar na produtividade. Um
aliado será a transformação digital das empresas. “Este processo já
vinha acontecendo desde 2018 mas agora é preciso acelerar essa
digitalização. Isso está na agenda dos dirigentes das empresas. É
importante desburocratizar o acesso tanto para os corretores de
seguros quanto para o segurado, entregando uma resposta rápida e
uma boa experiência, isso é o que vai fidelizar o cliente”, afirmou
o executivo.
Mas a digitalização não basta, segundo Carlos Matta, existe o
desafio de fazer o investimento em tecnologia, mas mantendo o
“broker”, o corretor. “Assessorar o cliente na hora de comunicar o
sinistro é o trabalho que o corretor sempre irá fazer. Mas também
existe a nova função do corretor que é assessorar os seguros mais
complexos, como os empresariais. A tecnologia é um aliado do
corretor que tem que se engajar neste processo”, diz Carlos
Matta.
O mercado também deve
ficar atento a novos produtos que o “novo normal” exigirá, como os
seguros temporários para veículos, que tendem a ser cada vez menos
usados por conta do home office e seguros de saúde mais
simplificados. “O mercado de seguros tende a crescer, mas exigirá
empresas mais enxutas, mais eficientes e que ofereçam uma melhor
experiência aos segurados”, orientou Carlos Matta.