O setor brasileiro de saúde está
doente. E ele tem potencial para se transformar numa fonte de
graves problemas e de extremo desgaste para o próximo
presidente. As mudanças nas regras de reajuste de gastos do governo
federal somado ao orçamento reduzido e congelado torna o cenário
dramático. Desde 2014, pelo menos 3 milhões de pessoas deixaram de
ter planos de saúde por causa da crise econômica. Sem qualquer tipo
de assistência, esse grupo que pouco usava o SUS passou a depender
exclusivamente dele, inflacionando um sistema que já lutava contra
cortes e excesso de filas.
A reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo destaca a fala de um especialista no setor: "'Será
menos dinheiro para atender mais gente', resume o presidente do
Conselho dos Secretários Estaduais de Saúde, Leonardo Vilela.
E aumento da demanda não deve ser efêmero. 'Muitas das pessoas que
saíram dos planos não querem ou não terão condições de voltar'. O
dinheiro curto pode afetar ainda a capacidade de resposta, num
momento em que a população envelhece, a pressão pela incorporação
de novas tecnologias aumenta e que capacidade de planejamento se
esgota."
A matéria prossegue: "'O aumento
de custos é natural. Antes, quando alguém aparecia com dor de
cabeça, o médico prescrevia analgésico. Hoje é encaminhado à
tomografia. Muito câncer é curável. Mas tratá-los custa',
diz o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de
Pelotas, Cesar Victora."