O secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa,
afirmou nesta terça-feira que os casos de
dengue grave devem aumentar no próximo verão. Quem já
foi infectado por algum tipo de dengue e é contaminado por outro
provavelmente terá a doença ainda mais forte. “Talvez não
cheguemos a um milhão de casos de dengue, como em 2010. Mas, como o
sorotipo 4 entrou no país, há probabilidade de ocorrerem casos mais
graves”, afirmou o secretário durante passagem pelo Rio de
Janeiro. Barbosa esteve durante a tarde desta terça-feira com
secretários municipais de saúde e prefeitos fluminenses para
detalhar as medidas do governo federal em relação à doença.
Segundo Barbosa, o tipo 4 se dissemina mais lentamente do que os
outros três. Por isso, ainda não produziu uma epidemia “explosiva”.
Essa disseminação deve acontecer no verão, quando as altas
temperaturas misturadas com a chuva ajudarão as larvas a se
proliferarem. Para piorar, praticamente toda a população estará
suscetível ao novo vírus. Com a dificuldade dos agentes em
inspecionar casas, a explosão relatada por Barbosa tem tudo para
acontecer agora.
“Temos o problema de segurança nas grandes cidades. As pessoas
às vezes não querem deixar o agente de endemia entrar. Como o
mosquito voa até dois quilômetros, basta haver um terreno baldio
acumulando lixo ou uma casa fechada para que todo o quarteirão
esteja sob risco”, explica o secretário Nacional de
Vigilância.
No Rio de Janeiro, o pedido do secretário estadual de Saúde, Sérgio
Côrtes, é para que os agentes trabalhem sábado e domingo com o
objetivo de diminuir o número de pendências de vistorias. Como
muitas pessoas não estão em casa nos dias úteis, os endereços
poderão ser visitados no fim de semana. “Trabalhamos para o
pior e esperamos o melhor”, diz Côrtes.
O alerta do Ministério da Saúde é para que as pessoas acreditem que
haverá uma epidemia. Os anos sem surtos de dengue dão a sensação de
que o perigo passou. “Na verdade, o mosquito continua ali só
esperando entrar um novo sorotipo para haver nova epidemia”,
diz Barbosa.
Para minimizar os efeitos da dengue tipo 4 no Brasil, o ministério
repassará mais 90 milhões aos 980 municípios com maior risco de
disseminação da doença, além dos 350 milhões já investidos. A pasta
gastou, este ano, 40 milhões com campanhas de alerta à dengue.
Vacina- A vacina contra a dengue deve ficar pronta
até 2015. No entanto, ela não será disponível para todos. Haverá
apenas 10 milhões de doses no mundo, sendo que cada pessoa deve
tomar três para garantir a imunidade. Segundo Barbosa, o caminho
mais promissor é a técnica desenvolvida na Austrália, que
neutraliza a ação do mosquito transmissor da dengue e será
desenvolvida no Brasil pela Fiocruz. “a", disse.