Os presidentes do Ipasgo e da
Unimed participaram de uma reunião nesta sexta-feira (24) no
Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para fornecer
informações para a operação “SOS Samu”. O órgão investiga esquema
que fraudava encaminhamentos de pacientes para Unidades de Terapia
Intensiva (UTI) de hospitais particulares na Grande
Goiânia.
O MP-GO também pediu nesta
sexta-feira que 17 dos 21 presos durante a operação tivessem a
prisão prorrogada.
A operação foi deflagrada na
terça-feira (21). De acordo com as investigações, um grupo composto
por médicos, funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) e donos de hospitais participavam do esquema.Os
promotores também investigam se os pacientes eram furtados durante
atendimento.
O procurador geral da Justiça,
Lauro Machado, explicou que as informações das empresas vão
facilitar as investigações e poderão indicar se algum paciente
morreu em decorrência das fraudes.
“O que é importante agora é a gente
poder fazer um confronto com os depoimentos, com os prontuários,
algumas informações médicas, algumas agendas e registros que os
planos têm sobre pagamento, sobre internação. A gente vai poder
fazer um cruzamento [de dados]. Nós temos que saber se teve alguém
que entrou na UTI vivo e não saiu vivo. Vamos buscar isso, temos
até alguns indícios que foram apresentados”, explicou.
Ipasgo informou que não tem
funcionários citados na investigação e que as empresas envolvidas
passarão por análise e podem ser descredenciadas do plano.
A Unimed afirmou que se preocupa
com o bem estar dos beneficiários e que se a denúncia for
comprovada vai lutar para que os responsáveis sejam punidos.
Em depoimento ao MP-GO, um dos
presos afirmou que “era aplicado, pelo técnico de enfermagem,
drogas com poder sedativo, fazendo parecer que o paciente estava
necessitando de internação em UTI”. Outro depoimento confirmou que
os servidores recebiam R$ 200 por cada paciente que tinha como
plano o Ipasgo e R$ 500 por aqueles tinham Unimed.
Esquema
Segundo o MP-GO, após ser feito o atendimento de urgência pelo
Samu, os socorristas entravam em contato com a central de
regulação, responsável por controlar o encaminhamento das vagas das
UTIs. Ao invés de mandar o paciente a algum hospital vinculado ao
SUS, encaminhavam para unidades particulares. Com isso, as UTIs
ficavam cheias de pacientes, garantindo lucro para os médicos e
donos dos leitos.
O Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organização (Gaeco) disse que, em alguns casos, os
médicos tomaram ações que colocaram em risco a saúde dos pacientes.
“Um paciente que precisava de glicose e não foi ministrado. Foi
dada medicação para induzir o coma, para que ele fosse internado”,
disse o coordenador da divisão, Luis Guilherme Gimes.
Propina
Os subornos, conforme a denúncia, eram passados por médicos e por
proprietários de UTIs por meio de depósitos bancários ou até mesmo
entregando dinheiro em espécie diretamente aos integrantes do
esquema. Entre as provas colhidas pelo MP estão confissões de
pessoas envolvidas no esquema e quebra de sigilos bancários.
“Servidores técnicos, enfermeiros e
socorristas começaram recebendo R$ 100 e hoje já estava em R$ 500.
Já um médico podia receber até o valor de uma diária de internação
na UTI”, disse o coordenador do Gaeco.