O novo ministro da Saúde,
Ricardo Barros, elegeu 11 prioridades para o setor, mas já adiantou
que os problemas fiscais do governo não permitirão a ampliação do
orçamento da área. Em seu segundo dia no cargo, Barros já deu
algumas declarações polêmicas. Ele não vê problemas, por exemplo,
na liberação da fosfoetanolamina sintética. Conhecida como pílula
do câncer, ela não passou por todos os testes clínicos exigidos,
mas o ministro destacou que quando a pessoa acredita no remédio, a
fé move montanhas. Para defender multas a donos de imóveis que
impedem o combate de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor
da dengue, zika e chicungunha, Barros disse que o brasileiro faz o
que precisa fazer quando é onerado. Ele também admitiu que poderá
haver mudanças nos cargos do ministério para que o presidente em
exercício Michel Temer consiga ter maioria no Congresso.
Barros é o primeiro ministro da
Saúde desde 2002 que não é médico. Engenheiro civil, empresário e
deputado federal licenciado, ele foi relator da lei orçamentária de
2016 e disse que sua especialidade é a gestão. Afirmou ter assumido
com alegria a missão designada por Temer e por seu partido, o PP.
Mas já deixou claro que não há expectativa de aumentar o volume de
recursos da área. Segundo ele, os problemas fiscais são grandes, e
várias receitas previstas no ano passado não vão se realizar este
ano.
- Eu não tenho expectativa de
aumentar recursos para a saúde. A crise fiscal é muito grande -
disse o ministro da Saúde, ressaltando porém que espera ter todo o
orçamento já previsto:
- Quando disse que não espero ter
mais recursos para a saúde não é que não espero ter os recursos que
estão autorizados.
O ministro evitou responder sobre a
recriação da CPMF, tributo extinto em 2007 e que financiava a
Saúde. Ele disse que não dá para contar com os recursos da
contribuição este ano, uma vez que não há tempo para aprovar e
começar a ser cobrada. Sobre a CPMF para os próximos anos, no
entanto, Barros disse que a decisão é da equipe econômica.
Em relação às mudanças nos cargos
de secretários e diretores do Ministério da Saúde, ele disse que
isso será definido pela Casa Civil, tendo em vista a necessidade de
Temer de manter maioria no Congresso. Mas destacou que caberá a ele
dizer se aceita ou não essa indicações que vierem de cima.
- A Casa Civil nos orientará
sobre a manutenção ou não desses colaboradores, todos valorosos,
aliás, muito bem qualificados. Tenho excelentes referências sobre
todos que estão prestando colaboração aqui no Ministério da Saúde,
mas tenho que aguardar uma orientação da Casa Civil sobre eventuais
substituições que ocorram por conta dessa articulação política,
dessa base ampliada que o presidente Temer estabeleceu, de dois
terços de deputados e senadores, e que certamente precisa manter
para fazer as reformas de que o país precisa. Então não posso
responder isso, porque não é da minha autonomia de decisão. Eu vou
apenas, e com muito critério, aceitar ou não as indicações feitas
para as posições - disse Barros.