O conjunto de medidas que integram
a proposta de ajuste fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, gerou uma expectativa positiva no mercado de seguros,
com reflexos, inclusive, no Índice de Confiança e Expectativas do
Setor de Seguros (ICSS), calculado a partir de
pesquisa realizada pela Fenacor.
No mês de abril, o ICSS teve seu
primeiro aumento no ano, fechando em 73,4% (4,6 pontos percentuais
acima do mês anterior, quando havia sido apurado o mais baixo
índice desde que a pesquisa foi criada, em novembro de 2012).
Assim, o segundo trimestre do ano começa com aumento de confiança e
sinalizando que as empresas de seguros podem estar um pouco mais
otimistas.
O presidente da Fenacor, Armando
Vergílio, ressalta que o mercado de seguros tem algumas
peculiaridades que precisam ser levadas em conta. “O setor continua
apresentando um potencial elevado de crescimento, mesmo diante do
cenário instável na economia. Em geral, a expectativa é a de que a
queda de receita não seja tão elevada, como em outros segmentos da
economia. Isso gera uma melhora na percepção das empresas sobre o
futuro”, comenta o executivo.
Francisco Galiza, economista e
coordenador da pesquisa, também alerta que ainda é cedo para
conclusões: “Vale lembrar que, há 13 meses, o ICSS está abaixo de
100 pontos. Esse comportamento negativo é influenciado
principalmente pelo fator que mede as expectativas dos agentes
quanto à evolução da economiabrasileira nos
próximos seis meses”, analisa.
Na visão dele, trata-se de um
aumento que ainda não caracteriza uma tendência, pois
há um
mês de avanço somente, após três meses de queda pesada.
“Por enquanto, pode-se chamar de ajuste”, acrescenta Galiza.
Variação dos indicadores
entre dezembro/2014 e abril/2015

Cada índice reflete a visão de três
segmentos do setor de seguros: seguradoras (ICES), resseguradoras
(ICER) e corretoras (ICGC). O índice é calculado de 0 a 200, em
pesquisa com 100 companhias do setor.
Expectativa com o
crescimento da economia – Abril 2015

Há mais confiança no crescimento da
economia. Entre março e abril, a soma dos índices que apontam
expectativas de um cenário “pior” e “muito pior” caiu de 82% para
78%, nas seguradoras; 77% para 63%, nas corretoras; e de 75% para
70%, nas das resseguradoras.
Faturamento

No que se refere à expectativa
sobre o faturamento do mercado de seguros, as respostas indicam que
63% das seguradoras; 50% das corretoras e 69% das resseguradoras
esperam não ter perdas financeiras nos próximos seis meses,
projetando um quadro “igual” ou “melhor” do que o atual. Chama a
atenção a divisão entre as seguradoras. Enquanto metade aposta em
aumento de faturamento, a outra metade teme queda da receita.
Para Galiza, nesse caso
a trajetória é
mesmo de baixa. “A divisão dos percentuais é um indicador que deve
ser visto como um todo. A maior parte das grandes corretoras aposta
que há uma tendência de queda no faturamento: 50% delas. 12%
apostam em melhora. O restante com 38% acha que o segmento ainda
vai conseguir continuar como está”, comenta o economista.
Já quanto à rentabilidade, o
otimismo segue em alta para 62% das seguradoras e 58% das
corretoras, que acreditam em melhora ou manutenção de seus números.
Contudo, 62% das resseguradoras temem uma queda de
rentabilidade.
Isso talvez possa ser explicado
pelo fato de as resseguradoras terem registrado bons resultados em
2014 e de haver um consenso de que dificilmente tal cenário vá se
repetir em 2015.
Rentabilidade

Sobre uma avaliação dos quatro
últimos meses e uma possível projeção do melhor cenário ao final do
semestre, Galiza prefere não trabalhar com previsões. “Difícil
dizer. Por enquanto, a torcida é que a situação como um todo não
piore. A partir daí, esperamos que o cenário comece, aos poucos, a
melhorar até o final do ano”, comenta ele, destacando que a palavra
do momento para o setor é esperança.