Para especialista,
operadoras devem oferecer cada vez mais acesso à prevenção e
controle de doenças, além de gerir de forma integrada a
assistência
Entre os grandes desafios para as operadoras de planos de saúde,
está o envelhecimento da sua carteira de clientes. Isso porque a
expectativa de vida vem aumentando e, historicamente, o idoso
apresenta maior frequência na utilização desse serviço, o que gera
elevados custos. A estratégia para driblar esse problema, é
planejar o futuro. Considerar os jovens economicamente ativos – que
serão os idosos de amanhã – e refletir sobre quais ações estão
sendo tomadas para que eles possam fazer uso do benefício quando
envelhecerem.
Para se ter uma ideia, em alguns países da OECD (Organisation
for Economic Co-operation and Development), a expectativa de vida
cresceu, em média, três anos a cada década, e cerca de 0,8 anos por
década para indivíduos com 65 anos. No Brasil, em 1940, a
expectativa de vida era de 45,5 anos e, em 2000, atingiu os 70,4
anos. Estima-se que esse número chegue a 80 anos em 2040, mesma
data em que se observará um equilíbrio entre as taxas de
mortalidade e fertilidade da população. Certamente, há motivo para
comemorar, mas esse fato também traz a reflexão sobre uma série de
responsabilidades que se colocam para a sociedade.
Como as economias tendem a não suportar a manutenção do padrão
de vida esperado em idades avançadas, os cidadãos precisam
desenvolver o hábito de fazer uma poupança com esse objetivo.
Controlar o consumo e investir em um plano de previdência para a
aposentadoria também são atitudes desejáveis. Além disso, é
fundamental difundir hábitos de vida saudável e prática de
exercícios físicos para garantir uma vida com qualidade no
futuro.
As empresas, por outro lado, precisam focar na prevenção de
doenças. O aumento da velocidade das informações e do volume de
demandas e responsabilidades faz com que os profissionais lidem com
um maior número de assuntos no dia a dia e com que a carga horária
de trabalho seja mais alta. Nesse cenário, há o surgimento de
doenças antes pouco comuns, como Síndromes do Pânico e Transtornos
Bipolares.
As áreas de Recursos Humanos podem contribuir para uma melhor
qualidade de vida, por meio de uma coparticipação, como o subsídio
de medicamento e programas de apoio ao tratamento de doenças
crônicas. Diversos estudos apontam que o controle das doenças reduz
o absenteísmo – faltas e atrasos – e o presenteísmo – o
comparecimento do trabalhador na empresa sem o desempenho usual. O
resultado é o aumento da produtividade, e também do engajamento dos
colaboradores.
É preciso considerar que o afastamento do funcionário por
algumas doenças também gera custos para os planos de saúde que, na
verdade, acabam absorvendo boa parte desse risco. Mesmo assim,
ainda são poucos os investimentos por parte deles na prevenção de
doenças e promoção da saúde. Alguns planos já despertaram para o
fato de que uma pessoa que tem uma doença crônica gera muito mais
despesas quando não segue seu tratamento medicamentoso
corretamente. Por isso, já existem iniciativas no sentido de adotar
programas de Gestão de
Doenças Crônicas, que subsidiam o tratamento, oferecendo os
medicamentos necessários para o controle da doença. Para dar uma
ideia de quanto isso representa financeiramente, uma pesquisa da
Unidas apontou em 2009 que o custo médio de internação hospitalar é
de R$ 7.918,07, enquanto que com base no histórico da movimentação
da Funcional o custo médio mensal dos medicamentos para tratamento
de doenças cardiovasculares é de R$ 64,49.
Definitivamente, é desafiador lidar com o envelhecimento da
carteira de clientes. No entanto, o caminho a ser seguido passa
pela promoção da saúde na sociedade desde cedo para garantir uma
velhice com mais qualidade de vida. As empresas precisam mudar o
olhar sobre a gestão de saúde de seus colaboradores, percebendo que
ações simples com foco em prevenção podem aumentar sua
produtividade, diminuir custos e gerar engajamento.
Já os planos de saúde devem inovar, oferecendo cada vez mais
acesso à prevenção e controle de doenças, além de gerir de forma
integrada a saúde. Ao analisar caso a caso, fica evidente que
proporcionando o acesso aos tratamentos medicamentosos, as pessoas
com doenças crônicas envelhecem com qualidade de vida e de forma
economicamente viável para todos os envolvidos.