Por ordem da
Justiça, a Polícia Civil prendeu pai e filho acusados de diversas
fraudes contra o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por
Veículos Automotores de Vias Terrestres).
V.G.A., de 48 anos, e V.G.A.F., de 27,
foram presos na manhã de quarta-feira (12), em Várzea Grande,
durante a operação “Escamoteio”, deflagrada pela Delegacia de
Defesa do Consumidor, com apoio de policiais da Delegacia
Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A investigação contou com trabalho na
análise dos inquéritos pelo Núcleo de Inteligência da Regional de
Cuiabá.
Presos no Jardim Marajoara II, pai e
filho são investigados em pelo menos 25 inquéritos dos anos de
2013, 2014 e 2015, pela prática de estelionato, falsificação de
documento público, falsificação de documento particular, falsidade
ideológica e uso de documento falso.
A fraude contra o seguro DPVAT
funcionava da seguinte forma: os suspeitos abriam contas em bancos
em nome de laranjas, ou então pegavam “emprestado” a conta de
amigos para o recebimento do seguro, figurando como atos
preparatórios dos golpes a falsificação de documentos públicos e
particulares inserindo neles, os nomes, dados pessoais e endereços
falsos de terceiros e históricos clínicos, “firmados” por um
pequeno número de médicos.
Conforme o delegado Antonio Carlos de
Aráujo, na consumação do golpe, o valor do seguro não era creditado
em conta supostamente pertencente à pessoa que teve seus dados
usados indevidamente, e sim para pessoas que “emprestaram” suas
contas, cartões e senha a pai e filho.
Ou mais comumente, na conta de
“laranjas”, que entregavam aos dois procurações autorizando-os a
abrirem, movimentarem e encerrarem essas contas de curta duração,
em sua quase totalidade, em agências da Caixa Econômica
Federal.
Os endereços V.G.A. e dos “laranjas”
constantes nas procurações são sempre os mesmos, na Rua Pernambuco,
405, bairro CPA II. No local nenhuma pessoa os conhece e já foram
procurados por diversas vezes por equipes policiais.
Para dificultar mais ainda o trabalho
dos investigadores, V.G.A. vinha usando identidade em nome de
Leandro Augusto de Souza, já devidamente comprovado pelo Instituto
de Identificação Criminal de Mato Grosso como um “documento
montado”, ou falso.
“Foi justamente o que ocorreu nos
fatos apurados nos inquéritos policiais nº 093/2014 e nº 010/2013,
concluídos recentemente onde pai e filho foram indiciados
criminalmente e nos inquéritos tiveram as prisões preventivas
representadas e decretadas pelas 4ª e 6ª Varas Criminais de
Cuiabá”, explicou o delegado Araújo.
Nas investigações foram utilizadas
técnicas de análise criminal pela equipe do Núcleo de Inteligência
da Regional e quebra de sigilo bancário, além do cumprimento de
buscas domiciliares visando produzir mais provas para o
inquérito.
O prejuízo a Seguradora Líder,
responsável pelo DPVAT no País, ainda está sendo levantado pelos
analistas do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro
(Lab-LD).
Indenização
O Conselho Nacional de Seguros
Privados (CNSP) instituiu uma tabela fixando os limites das
indenizações, conforme as três coberturas previstas atualmente,
cujos valores de prêmios são: R$ 13.500 por morte, até R$ 13.500
por invalidez e R$ 2.700 por despesas médicas.
Caso
Um dos inquéritos, instaurado em 19 de
março de 2014, confirmou indícios de fraudes no requerimento
indenizatório do seguro DPVAT, para uma pessoa que supostamente
sofreu um acidente e ficou inválida.
O pedido de indenização, datado de 15
de janeiro do ano de 2012, foi formulado administrativamente, em
tese, por uma pessoa de nome de E.C. para cobertura da invalidez a
ele ocasionada, em acidente ocorrido no dia 17 de maio de 2009, no
município de Peixoto de Azevedo (691 km ao Norte).
Em auditoria realizada a pedido da
Seguradora Líder, foi comprovado que o boletim de ocorrência do
acidente de trânsito foi fraudado, pois não estava assentado no
Batalhão da PM de Peixoto de Azevedo, muito menos o soldado que
assinava, sendo que este nunca teria pertencido ao quadro ao
efetivo do Batalhão.
Os estelionatários também fraudaram a
Declaração Negativa de Atendimento Médico Hospitalar, expedida em
28 de maio de 2013, pelo Hospital Municipal de Peixoto de Azevedo,
sendo que o documento não constava no sistema de informação da
unidade hospitalar, conforme atestou o hospital, afirmando que
também não constava o prontuário médico de entrada e permanência do
paciente.
O médico que assina o laudo também não
fazia parte corpo clínico daquela unidade de saúde. O hospital
ainda informou que os documentos expedidos e juntados ao pleito ao
sistema indenizatório por invalidez estavam fora dos padrões
gráficos utilizados pelo hospital e nem apresentavam numeração de
prontuário ou AIH (Autorização de Internação Hospitalar).
Outro ponto da fraude se referia à
agência bancária para pagamento da indenização, que estava
localizada em Município desvinculado de onde o acidente teria
ocorrido e da cidade de residência da vítima.
Nesse caso, os estelionatários
conseguiram receber o pagamento da indenização, por meio de
falsificação de documentos que induziram a erro a Seguradora,
ficando também evidenciado que a atuação da quadrilha é bastante
intensa e não está restrita aos limites de Cuiabá.
Os inquéritos já foram concluídos e os
suspeitos denunciados pelo Ministério Público Estadual, tendo sido
iniciada o processo judicial pelas comarcas pelas 6ª e 4ª Varas
Criminais da Capital.