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Reestruturando a carteira de RC Ônibus

Fonte: CQCS Data: 13 junho 2017 Nenhum comentário

Após seis meses sob direção fiscal, a Nobre Seguradora teve liquidação extrajudicial decretada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), em outubro passado. Com as apólices canceladas, a companhia não pode transferir a carteira para outras seguradoras. “Cabe aos segurados, por meio de seus respectivos corretores de seguro, demandarem as seguradoras que possuem autorização para operar nos ramos de seguro de interesse”, disse a empresa ao ser procurada pela Revista Apólice.

A decisão da autarquia afetou diretamente a carteira de Responsabilidade Civil Ônibus (RCO), da qual a Nobre era líder de mercado, e impactou o setor – inclusive os corretores. “Cerca de 80% da nossa carteira estava segurada através da Nobre”, declara Sheylla Minatto, diretora da Acertcor Corretora de Seguros. Para normalizar a situação, foi preciso refazer todos os seguros e explicar para os segurados que precisariam pagar uma nova apólice, com novos valores.

Ao contrário da Acertcor Corretora, a Tangará Seguros não teve nenhum caso de seguradora com liquidação extrajudicial. Contudo, alerta para a importância das corretoras verificarem a solidez das companhias com as quais trabalham. “O cliente nos confia a cuidar do seu patrimônio desde a escolha do melhor produto até o atendimento de uma ocorrência de sinistro. Precisamos estar atentos às notícias oficiais do mercado, evitando transtornos para os nossos segurados”, diz a proprietária da empresa, Aparecida Silva.

Na Tangará Seguros, a carteira de Responsabilidade Civil Ônibus teve um crescimento médio de 125% em um ano. Em qualquer que seja a situação, Aparecida lembra que transportar pessoas é uma grande responsabilidade e por isso deve se priorizar tanto a contratação do produto em si como suas garantias complementares, que também são importantes para a tranquilidade do proprietário do veículo.

Poucas opções no mercado

Devido ao aumento do sinistro das seguradoras que absorveram os clientes da Nobre, o preço do seguro RCO saltou, em média, 45% de 2016 para 2017, principalmente na cobertura de Responsabilidade Civil para Danos Materiais causados a Terceiros. O quadro se agrava ainda mais ao considerar que apenas três seguradoras operam com a carteira no momento. “A falta de opções faz com que o preço aumente e o segurado fique sem muitas escolhas”, afirma Sheylla.

Entre essas seguradoras está a Essor, que se estruturou para receber a demanda. “Temos atendido aos pedidos de cotação destes corretores e emitido as propostas contratadas. Apesar do aumento nos negócios, continuamos mantendo nosso compromisso com os corretores, segurados e o mercado, atendendo com a mesma qualidade e responsabilidade”, pontua Márcio Feital, diretor técnico de Auto/Transportes da companhia.

Outra companhia que teve um incremento na demanda foi a Gente Seguradora. “Fomos procurados pelos corretores que assessoram seus segurados, no intuito de recolocar estes riscos no mercado. Sendo assim, alguns seguros foram encaminhados dentro do nosso nicho de atuação”, declara o responsável pela área comercial/RCO da empresa, Carlos Eduardo Pinto de Souza, ressaltando a importância da contratação do seguro de RCO. “É uma proteção para toda a população e os transportadores de passageiros sentem-se seguros para melhor atendê-los. No Brasil, existe uma legislação específica em cada estado da federação, onde a maioria das empresas de transportadores de passageiros tem que atendê-la.”

O fim da Nobre Seguradora

A empresa, que atuava no mercado segurador desde 1992, fechou o ano de 2015 com um Patrimônio Líquido Ajustado em R$ 53 milhões. De acordo com a própria seguradora, o valor era insuficiente às exigências da Susep. No mesmo ano, a Nobre apresentou um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC), que foi recusado pela autarquia.

Entrou em direção fiscal em março de 2016, mas a medida não foi suficiente para tirar a companhia do vermelho. Sete meses depois, a Susep decretou liquidação extrajudicial. Como houve cobertura para os eventos ocorridos até o dia 3 de outubro, a Massa Liquidanda da Nobre Seguradora está apurando o valor a ser restituído com base na relação proporcional entre o prêmio pago e os dias cobertos para futura restituição. A empresa pede que os beneficiários dos sinistros mantenham seus dados (como endereço, telefone e e-mail) atualizados na Massa Liquidanda.

 

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