Edição 2016 do World Insurance
Report mostra que dados gerados por dispositivos móveis,
ecossistemas inteligentes e tecnologias vestíveis aumentarão a
transparência dos riscos, mudando os atuais modelos de
precificação
A edição 2016 do Relatório Mundial
sobre Seguros (World Insurance
Report) da Capgemini em parceria com a Efma,
identificou várias ameaças que empurram o setor de seguros para uma
ruptura massiva. A evolução contínua da Internet das Coisas (IoT,
na sigla em inglês), combinada com a mudança do comportamento e
preferências dos clientes da Geração Y já sinaliza a necessidade
urgente de as seguradoras implementarem uma transformação
significativa, com o risco de ficarem atrás de novos concorrentes
como as startups financeiras de tecnologia (as chamadas
fintechs).
De acordo com o relatório, uma
ameaça fundamental para o futuro das seguradoras é a próxima onda
de tecnologias conectadas, sob a forma de inovações como casas
inteligentes, dispositivos “vestíveis”, drones, robôs e carros
ativados por meio de máquinas. Essas tecnologias de IoT devem
transformar a forma como as seguradoras se conectam com seus
clientes e também a análise e gestão dos riscos, mudando os atuais
modelos de precificação. Realidade para a qual a maioria das
seguradoras parece ainda não ter despertado. Apenas 16% das
empresas ouvidas para o estudo acreditam que os clientes aceitarão
carros sem motoristas, por exemplo, enquanto 23% dos clientes
demonstram esse interesse.
O poder aquisitivo é o fator que
mais leva o cliente a abraçar as tecnologias relacionadas à IoT.
Mais de 45% dos clientes abastados da Geração X devem adotar
ecossistemas inteligentes, dispositivos conectados e ‘vestíveis’,
comparados a apenas 30% a 35% de pessoas mais jovens e com menor
poder aquisitivo. Para clientes da Geração Y com maior poder
aquisitivo, a probabilidade de adoção das tecnologias conectadas é
maior (50%). No entanto, os clientes mais ricos também tendem a
contratar seguros de empresas não-tradicionais. Globalmente,
aproximadamente 31% dos clientes ricos afirmam que podem vir a
contratar seguros de empresas de tecnologia, percentual que sobe
para 47% entre os clientes mais abonados da Geração Y.
Além do impacto nas conexões com o
cliente, a Internet das Coisas deve impactar ainda mais os
princípios básicos do setor de seguros. Em um mundo conectado, os
dados gerados por dispositivos móveis, ecossistemas inteligentes e
tecnologias vestíveis aumentarão a transparência e a apropriação
dos riscos, assim como a responsabilidade pelas ações, como, por
exemplo, no caso dos carros sem motorista, que deixa de ser do
proprietário e passa a ser da montadora.
Finalmente, e mais importante, IoT
se destaca na gestão do nível de exposição ao risco, devido aos
ambientes mais seguros. Isso mudará significativamente os prêmios,
ameaçando algumas operadoras, mas oferecendo oportunidades para
aqueles que podem compreender os riscos emergentes que são
inerentes, conforme a mudança tecnológica torna-se mais difundida
na vida das pessoas e comércio.
Na opinião dos realizadores do
estudo, as seguradoras devem começar a se preparar para a
transformação do seu negócio. O relatório aconselha as seguradoras
a criar bases sólidas, porém ágeis, no curto prazo. No médio prazo,
devem refinar sua proposta de valor por meio de alianças
estratégicas e insights baseados em dados. As estratégias de longo
prazo devem se concentrar em transformar o negócio para ficar à
frente dos perfis de risco emergentes, com novos modelos de
interação, mudando o comportamento do cliente e a influência
esperada de IoT na seleção de risco, precificação e prevenção de
perdas.
“Enquanto já vivencia a
transformação digital, o setor de seguros precisa se preparar para
a ruptura massiva e inevitável trazida pela Geração Y e pela
Internet das Coisas”, afirma o secretário geral da Efma, Vincent
Bastid. “As seguradoras que colocarem como prioridade máxima a
melhoria da sua habilidade em gerenciar e influenciar dados e
riscos serão as mais preparadas”.
Comportamento
da Geração Y será determinante
O Relatório Mundial sobre Seguros
2016 contém dados de mais de 15 mil clientes do setor de seguros do
mundo inteiro, coletados a partir da pesquisa ‘Voice of the
Customer’, da Capgemini, do Customer Experience Index (CEI) e de
mais de 150 entrevistas com executivos do setor. A pesquisa usada
no relatório cobre 30 mercados na América, incluindo o Brasil,
Europa e Ásia-Pacífico, representando 93% do mercado de seguros
global em termos de receita de prêmios. E ouviu mais de 15,5 mil
usuários de seguradoras do mundo inteiro.
Entre os resultados, a pesquisa
revela que os clientes da Geração Y apresentam uma probabilidade
muito menor de passarem por experiências positivas com suas
seguradoras se comparados aos consumidores de outras faixas
etárias, apesar de estarem se comunicando com elas com mais
frequência. Esse público interage mais em todos os canais de
comunicação, principalmente nos digitais, sendo até 2,5 mais vezes
nas mídias sociais do que os outros clientes e 2 vezes mais por
meio de dispositivos móveis.
No entanto, essas interações
resultam em níveis positivos de experiência do consumidor quase 20%
menores do que os apresentados pelos clientes de outras faixas
etárias, o que sugere que as expectativas dos clientes da Geração Y
em relação aos canais digitais tradicionais são maiores do que as
de seus colegas mais velhos.
Considerando que mais de um quarto
de todos os clientes planejam comprar ou renovar o seguro por meio
de canais digitais nos próximos 12 meses, o nível de experiência
desse público é particularmente preocupante para esta indústria.
Além disso, aproximadamente um quarto dos clientes da Geração Y diz
que provavelmente contrataria seguros de empresas de tecnologia não
tradicionais, destacando a ameaça que os novos concorrentes
representam para a base de clientes das seguradoras
tradicionais.
“Deixando de oferecer o engajamento
adequado para os clientes digitalmente avançados, as seguradoras
correm o risco de empurrá-los para um grupo crescente de novos
entrantes do mercado e para concorrentes não-tradicionais
impulsionados pela tecnologia”, diz o vice-presidente corporativo e
líder do setor de seguros da Capgemini, John Mulen. “A Geração Y
está indicando claramente que a forma como fazem negócios é
diferente, e as seguradoras que atendê-los conforme as suas
preferências terão uma vantagem competitiva clara".