A nacionalização da companhia de
seguros americana AIG durante a crise financeira de 2008, para
salvá-la da falência, foi “ilegal”, mas seus acionistas não têm
direito a compensação, decidiu nesta segunda-feira um juiz dos
Estados Unidos.
“Nada permitia que o Federal
Reserve (Fed, banco central) assumisse o controle de um grupo
privado ou conduzisse suas atividades como se o governo fosse seu
proprietário”, indicou o juiz Thomas Wheeler, que, de qualquer
forma, não deu razão para Maurice Greenberg, ex-CEO da AIG, que,
juntamente com outros acionistas, exigia bilhões de dólares em
indenização.
Em setembro de 2008, durante a
crise financeira, o Fed concedeu um empréstimo de 85 bilhões de
dólares, com altas taxas de juros e passando a controlar 79,9% da
AIG, o que também envolveu a demissão do CEO. As injeções de fundos
públicos chegaram a 182 bilhões.
“Uma coisa (…) é ter concedido um
empréstimo de 85 bilhões de dólares a taxas exorbitantes, mas outra
bem diferente é substituir o diretor da AIG e tomar o controle de
suas operações”, escreveu o juiz Wheeler em sua decisão,
acrescentando que o Federal Reserve de Nova York, agindo em nome do
Fed, “não tinha o direito de controlar e gerir os negócios da
empresa à qual concedeu um empréstimo substancial”.
Ao mesmo tempo, o juiz considerou
que os acionistas não haviam sido afetados por esta operação que
finalmente permitiu a seguradora se recuperar e evitar a
falência.
Sem auxílio público. “a conclusão
inevitável é que a AIG teria declarado falência, com toda a
probabilidade, durante a semana de 15-19 de setembro de 2008. Nesse
caso, o valor das ações teria caído a zero”, escreveu o magistrado
na sua decisão, aguardada com grande expectativa em Washington.
Embora fosse ilegal assumir a AIG,
“o governo não causou uma perda econômica aos acionistas da AIG”,
concluiu.