As empresas de grande porte já
sabem o que as médias e as pequenas estão assimilando aos poucos:
perder funcionário para a concorrência é perder capital, tempo de
treinamento e até credibilidade por não ser capaz de reter
talentos. Mas, a remuneração não é mais suficiente para evitar a
rotatividade de pessoal. O que conta para atrair e reter talentos,
hoje em dia, são os benefícios oferecidos. Daí porque, cada vez
mais as empresas têm investido no bem-estar dos funcionários para
incentivar o aumento da produtividade de suas equipes.
Além dos benefícios garantidos por
lei, como o FGTS, vale transporte, férias e décimo terceiro, ou por
convenção coletiva de trabalho, algumas empresas investem na oferta
dos benefícios mais valorizados pelos funcionários. Em uma pesquisa
sobre remuneração feita pela Hay Group, consultoria em gestão de
negócios, com mais de 500 profissionais, 56% apontaram como alto o
impacto de benefícios intangíveis no comprometimento dos
funcionários com a empresa. Quando abordados os aspectos
financeiros, a taxa cai para 42%.
Para os funcionários, o benefício
mais valorizado é o plano de saúde. Foi o que constatou a
Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro
(ABRH-RJ), por meio de pesquisa que convocou diversos profissionais
a assinalarem os benefícios mais importantes. No topo da lista
surgiu plano de saúde (83%) e, em quinto lugar, a previdência
privada (45%). O dado confere com a prática das empresas nessa
área. Em um universo de cerca de 700 empresas, pesquisadas pelo
Guia Salarial da Hays, em parceria com o Instituto de Ensino e
Pesquisa (Insper), 90,4% oferecem seguro saúde; 79,8% seguro
odontológico; e 52,5% previdência privada.
O atuário Dilmo B. Moreira,
presidente do CVG-SP, destaca que os produtos oferecidos pelo
mercado de seguros privado atendem ao objetivo das empresas de
incrementar os benefícios, além de proporcionar vantagens
adicionais aos empregados. Entre as situações abrangidas pelo
seguro, ele cita preocupações rotineiras como o pagamento de saúde,
escola, moradia, água, luz, televisão por assinatura, telefone
etc.
“A transferência dessas situações
ao seguro ameniza o impacto de dificuldades aos usuários, no caso,
por exemplo, da redução da capacidade financeira habitual dos
responsáveis por arcar com tais obrigações”, afirma. Ele acrescenta
que as vantagens também são muitas para os empregadores: redução do
absenteísmo, diminuição do custo das horas trabalhadas por meio da
conversão de pagamentos diretos em salários indiretos e, ainda,
auxílio na melhoria do desempenho dos colaboradores.
Benefício de acordo com o
perfil
Em vez de oferecer benefícios
idênticos para todos os funcionários, algumas empresas optam por
diferenciá-los de acordo com o escalão. Segundo pesquisa da Mercer
TRS 2014, divulgada no ano passado, o que atrai funcionários difere
conforme o nível da carreira. Profissionais em funções operacionais
e de apoio se preocupam mais com benefícios relacionados à saúde e
alimentação. Já os profissionais de alto escalão valorizam mais os
benefícios relacionados a facilidades diárias e aposentadoria.
Na pesquisa da Mercer com 467
empresas, chama a atenção a preferência da assistência médica em
todos os escalões: para presidentes de empresas (23%, seguido por
automóvel, com 33%), gerentes (38%, seguido por previdência
privada, com 16%), e pessoal operacional (46%, seguido por
alimentação, com 30%). A percepção do valor do benefício de acordo
com o perfil do funcionário tem levado algumas empresas a adotarem
a flexibilização como uma das estratégias para atrair, reter e
motivar talentos.
Para Dilmo B. Moreira, a realidade
de cada pessoa ou empresa em termos de proteção securitária é
normalmente um caso à parte. A seu ver, organizar e manter uma rede
eficiente de proteção, seja empregado ou trabalhador liberal, exige
planejamento, disciplina e conhecimento das opções disponíveis no
mercado segurador. “É importante entender as necessidades efetivas,
sejam laborais, individuais ou familiares, bem como o custo
inerente ao atendimento destas, assim, o auxílio de um profissional
no assunto é sempre importante”, diz.
Considerando, justamente, a
necessidade especifica de cada funcionário, o modelo de benefícios
flexíveis, surgido nos Estados Unidos na década de 70, vem ganhando
espaço entre grandes empresas no Brasil. Uma empresa do ramo
químico, por exemplo, criou uma conta corrente virtual de débito e
crédito, com cotas em pontos para os funcionários gastarem com os
benefícios que desejarem. Os pontos são acumulados durante o ano e
levam em conta renda e tamanho da família. Por exemplo: se o
funcionário tiver uma cota de 300 pontos e precisar de um
tratamento de saúde equivalente a 600 pontos, poderá solicitar um
reembolso a ser descontado do próximo pacote de benefícios.
O diretor de Seguros do CVG-SP,
Marcelo de Figueiredo, destaca que o mercado de seguros está atento
à evolução da gestão de recursos humanos nas empresas e dispõe de
benefícios diferenciados adequado ao perfil dos funcionários. Entre
as opções, ele cita o seguro de vida mais completo, com coberturas
para assistência funeral, assistência jurídica, recolocação, seguro
saúde e até bolsa escolar. “Esse comportamento demonstra muito bem
mesmo que, apesar do baixo crescimento econômico, as empresas
pretendem investir mais e mais em seus funcionários”, disse.
Benefícios inovadores
Uma das formas de implementar a
oferta de benefícios aos funcionários, segundo o presidente do
CVG-SP, é por meio da proteção do seguros de pessoas, cujos tipos
mais conhecidos são o de vida e o de acidentes. Ele ressalta que o
ramo comporta produtos voltados a atividades profissionais
específicas, como, por exemplo, para motofretistas (motoboys),
mototaxistas, médicos e engenheiros. “Mesmo situações com aceitação
restrita como indivíduos diabéticos, pilotos de avião e incluídos
na terceira idade podem usufruir da proteção de apólices
especialmente desenvolvidas para tanto”, diz Dilmo B. Moreira.
Em matéria de inovação na área de
benefícios, uma seguradora se destaca por lançar, recentemente, um
seguro saúde para cães, destinado, primeiramente, aos seus próprios
funcionários. O produto, desenvolvido em parceria com uma empresa
do ramo de pets, oferece cobertura para atendimento ambulatorial e
hospitalar, direito a internações; exames laboratoriais e de
imagem; atendimento de urgência e emergência; além de auxílio
funeral. O seguro animal dispõe, ainda, de outros benefícios
complementares aos funcionários, como vale alimentação, vale
combustível, assistência médica, capacitação em idiomas, café da
manhã etc.
O diretor Marcelo de Figueiredo
observa que tem surgido no mercado de seguros vários produtos
inovadores, alguns importados e outros customizados. Ele cita o
caso do broken bones (quebra de ossos), produto elaborado para o
público da terceira idade. “Empresas que possuem aposentados em
suas apólices de seguros optam por esta cobertura”, afirma. O
diretor aposta que ainda neste ano surgirão novos produtos. “Há
espaço para o desenvolvimento de produtos individuais mais
completos e que atendam as necessidades de potenciais clientes”,
disse.