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Jargão corporativo: nem heroi, nem vilão

Fonte: segs Data: 03 outubro 2014 Nenhum comentário

Alfredo Castro, sócio-diretor da MOT, explica como a linguagem corporativa e os jargões específicos de cada área podem ajudar ou prejudicar a comunicação e o ambiente corporativo


Ouvir termos em inglês e outros específicos de uma área ou setor é inevitável quando estamos participando de uma reunião de negócios. A globalização, a democratização da tecnologia e a grande disponibilidade de informações que há atualmente fazem com que esta seja uma situação corriqueira. Mas, como saber se o uso desses termos estrangeiros ou específicos de uma determinada área são realmente necessários ou estão sendo usados em excesso?

Para Alfredo Castro, sócio-diretor da MOT – Treinamento e Desenvolvimento Gerencial –, empresa especialista em desenvolver talentos, a linguagem corporativa pode tanto ajudar a melhorar a comunicação quanto criar barreiras entre as pessoas, dependendo da forma e do contexto como é usada. “Algumas atividades têm muitos jargões específicos, como é o caso da área de TI, por exemplo. Isso é efeito direto da globalização. Por outro lado, hoje temos muito mais conhecimento disponível, o que nos dá a sensação de que qualquer um pode saber sobre diversos assuntos, o que não é verdade. Por isso, é preciso ter muito cuidado ao usar termos desconhecidos no discurso, para que eles expressem com exatidão o que se quer dizer”, pondera.

Ele ressalta, também, que muitas vezes uma mesma palavra pode ter significados diferentes, dependendo da área e do contexto como está sendo aplicada. É o caso da palavra “prêmio”. Em geral, ela tem um sentido de recompensa, mas se aplicada ao mundo dos seguros, seu significado é o de pagamento do segurado ao segurador. Assim, dentro da linguagem corporativa, existem vários “idiomas”, com jargões específicos. Na opinião do especialista, esses jargões podem servir para intercambiar ideias mais facilmente ou apenas demonstrar poder sobre outras pessoas, uma atitude arroga nte e negativa que prejudica o trabalho em equipe.

Vantagens – “Os termos técnicos e os jargões têm uma grande vantagem. Eles são específicos, ajudam a estabelecer conceitos. Seu uso não apenas é normal, como também é saudável, pois facilita a comunicação entre as diversas pessoas da mesma área”, diz Castro. Segundo ele, quando utilizados dentro de um contexto, essas palavras significam um grande ganho.

O especialista lembra que esta é uma característica própria da cultura: a capacidade de uma pessoa perceber-se conectada à outra, dentro de um contexto. Assim, esse tipo de linguagem, mesmo que específica, pode ajudar a construir a história de uma empresa. “Falar a mesma língua” e usar termos em comum estabelece uma sincronia entre seus mais diversos funcionários.

Isso pode ser muito positivo em uma realidade na qual, muitas vezes, as pessoas trabalham fisicamente em lugares diferentes. Assim, haverá uma “conexão cultural”, que é o princípio do Storytelling. De acordo com Castro, é a partir dessa linguagem que a empresa contará sua história e poderá envolver seus funcionários. “São como rituais de inclusão e pertencimento que acontecem por meio da linguagem corporativa”, define Castro.

O lado negativo – O reverso dos benefícios que uma linguagem cheia de termos específicos pode ser deflagrado quando, por exemplo, há uso demasiado desses jargões. Muitas vezes, a pessoa fala uma palavra sem saber exatamente o que significa, apenas para repetir algo que ouviu e achou interessante e para mostrar aos outros um conhecimento que, muitas vezes, não tem.

O especialista diz que, nesses casos em que se detecta umas atitude arrogante, há ainda outro risco: o do uso indevido ou equivocado de algumas palavras, o que pode provocar falhas na comunicação e erro nos processos.

“O excesso pode significar que a pessoa que está falando usa esse tipo de linguajar apenas para mostrar que sabe mais que outras pessoas da equipe e que quer travar uma luta de poder. Ela geralmente faz isso para tentar se colocar em um patamar superior ao dos outros, ou para intimidar sua equipe”, alerta.


“Idioma nativo” – Castro conta que, para evitar esse tipo de situação, a MOT tem levado essa reflexão para seus treinamentos de liderança. Ele defende que o bom gestor deve se acostumar a usar a linguagem própria daquela área, para que ele faça isso adequadamente, entendendo o significado exato de cada termo naquele contexto específico.

Como, atualmente, no mundo corporativo, é comum que pessoas de outras áreas passem a fazer parte de uma equipe específica, é muito importante inteirar-se desse vocabulário novo, para poder expressar-se adequadamente e estabelecer uma comunicação eficaz e eficiente. Assim, um gestor de pessoas pode não ser “nativo” do “idioma” falado na área de TI, por exemplo, mas ele precisa conhecer a aplicação de cada jargão para ser capaz de se integrar àquela equipe.

“É como contar a história da Chapeuzinho Vermelho, cuja mãe a previne de ir pela floresta. Pessoas que vivem em um deserto, teoricamente, nunca viram uma floresta. Então, não saberão quais seriam os perigos de a personagem ir por esse caminho. Já se a história for contada para um povo que vive na floresta, para eles, esse ambiente poderá até mesmo parecer mais seguro, pois é bem-conhecido por todos. Precisamos usar uma linguagem adequada a cada interlocutor”, exemplifica.

Por isso, é preciso que o líder se esforce para aprender e apreender a realidade que o cerca. É preciso ter humildade, assumindo que há aspectos daquela área que ainda não domina. E não ter vergonha de perguntar o significado de cada expressão nova para o maior número de pessoas possível. Só assim poderá ter mais exatidão na definição de cada termo.

Segundo Castro, essa é uma habilidade que pode ser desenvolvida por meio de treinamento. “O líder tem que aprender a apreender para poder fazer parte daquela equipe, compartilhar daqueles conhecimentos e se conectar àquela cultura”, acredita.

Sobre a MOT

A MOT – Treinamento e Desenvolvimento Gerencial – é uma empresa de soluções em treinamento, desenvolvimento e gestão de pessoas, especialista em desenvolver talentos. Desenvolve programas, palestras, projetos e processos de mudança para levar seus clientes – empresas dos mais variados segmentos – a conquistar competitividade e excelência de desempenho em seus mercados. Formada por uma equipe de cerca de dez profissionais, a MOT é liderada pelos diretores-sócios Alfredo Castro e Valéria José Maria.

Sobre Alfredo Castro

Um especialista em gestão, consultor, autor e palestrante internacional. Assim pode ser definido Alfredo Castro, profissional com formação multidisciplinar (Finanças, Recursos Humanos, Marketing e Liderança), com uma trajetória profissional em vários países e em segmentos diferenciados.

Castro é Presidente da MOT Training and Development (USA) e membro do Advisory Committee da ASTD (American Society for Training and Development), em Washington, e atua como conselheiro no Brasil e no exterior. É também diretor técnico da ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento - e membro de comissões do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Além de rea lizar palestras sobre Liderança, Storytelling, Novas Gerações e Gestão Empresarial (em três idiomas), atua também como professor de cursos de MBA da FIA/USP, além de prestar consultoria pela MOT – Treinamento e Desenvolvimento Gerencial, da qual é diretor-sócio.

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