Enquanto a maioria dos países apresenta um cenário de recuperação
econômica, o Brasil segue no rumo de um crescimento pífio em 2021 e
provável recessão em 2022.
O
mundo atingiu a marca de 5 milhões de mortos por covid-19. O país
com mais óbitos é os Estados Unidos, com mais de 700 mil, seguido
de perto pelo Brasil, com mais de 600 mil.
Este
é o dado apavorante, o Brasil tem mais de 10% do total de óbitos
por covid-19, mas não tem 4% da população mundial. É a prova do
enorme equívoco cometido pelas autoridades federais durante boa
parte da pandemia, pelo menos até o primeiro trimestre de 2021,
quando a vacinação começou de fato a acontecer em números
razoavelmente satisfatórios, levando, dez meses depois, a índices
de imunização acima de 70% da população para os que tomaram a
primeira dose, e de 50% para os totalmente imunizados, o que nos
deixa, hoje, bem na comparação com o mundo.
Seiscentos mil mortos é inaceitável, e a conta ainda não está
fechada. Apesar disso, o drama social já está gravado no nosso
cotidiano, mostrando claramente o estrago que políticas públicas de
saúde sem qualquer base científica podem fazer numa sociedade. E
esse é apenas um dos lados da moeda. Os outros – porque nossa moeda
tem mais lados – também são dramáticos.
Começam na situação de vulnerabilidade para a fome, prosseguem no
desemprego altíssimo, avançam na inflação que não para de subir e
se consolidam no câmbio cada vez mais desvalorizado do real frente
ao dólar.
Os
indicadores brasileiros estão na contramão do mundo. Enquanto a
maioria dos países, apesar das dificuldades ainda enfrentadas,
apresenta um cenário positivo, com as economias se recuperando
consistentemente, o Brasil segue no rumo de um crescimento pífio em
2021 e uma provável recessão em 2022.
A
pandemia ainda não acabou, e vários países estão experimentado
novos picos de covid-19, mas, perto do que foi, as nações mais
importantes já respiram aliviadas e retomam ou mesmo ultrapassam os
patamares de crescimento de 2019. A consequência é a reabertura das
fronteiras e a volta do turismo para as pessoas já completamente
vacinadas.
Como
a situação brasileira é mais complexa – a inflação não dá mostras
de desaceleração, o dólar segue nas alturas, as atividades
econômicas estão apresentando indicadores preocupantes e a pandemia
com certeza não foi embora –, não é possível se imaginar um cenário
amigável para os negócios em 2022. E isso vale também para o setor
de seguros.
A
atividade seguradora funciona em ondas. Conhecidas por “mercado
soft” e “mercado hard”, elas se alternam ciclicamente e barateiam e
encarecem as apólices. Estamos entrando num momento “hard”, e isso
complica o quadro. O preço dos seguros, em função da pandemia, das
mudanças climáticas, do preço do resseguro e do reajuste das taxas
em função da sinistralidade, deve subir de maneira geral, afetando
todas as carteiras.
Como
a crise e o empobrecimento da nação já estão impactando
negativamente a economia, o setor de seguros não deve esperar um
ano muito bom em 2022.