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Diretor da Prevent Senior rebate críticas: “Todos agora aglomeram idosos”

Fonte: Jornal Acoplan Data: 08 abril 2020 Nenhum comentário

Em entrevista entrevista ao UOL, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, rebate as críticas de que os hospitais da rede aglomeram idosos e que um plano destinado a essa faixa etária nem deveria ter sido autorizado. Fala também sobre as atuais taxas de ocupação hospitalar e garante que o tão propagado número de mortes em suas unidades pode ser projetado — o que aparentemente não está sendo feito, ao menos de forma aberta — para prever o que deverá acontecer com 75% da população idosa de São Paulo atendida em outros centros do município que recebem os infectados pelo coronavírus.

Finalmente, ele comenta a distribuição de cloroquina ou da hidroxicloroquina para pacientes em estágios iniciais de covid-19. Segundo o diretor da Prevent, a estratégia seria segura e já está reduzindo entre 5% e 7% a necessidade de internações nos hospitais Sancta Maggiore. Confira tudo. Ou veja, a seguir, os principais temas abordados no bate-papo, se quiser ir direto a algum ponto.

Sobre as críticas do Ministro Mandetta

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em coletiva na semana passada, disparou farpas afiadas a “um hospital na cidade de São Paulo”, ao qual logo em seguida, sem resistir, deu nome com todas as letras: Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior. Segundo o ministro, ali tem tudo o que não se quer neste momento, destacando a aglomeração de idosos doentes e, especificamente, com o vírus. Com tranquilidade, reconhecendo o esforço de Mandetta na batalha contra a pandemia, o cirurgião-geral Pedro Batista Junior afirma que não vê sentido nesse tipo de argumentação (0:49): “Todos os países que foram pioneiros no tratamento da covid-19 e que conseguiram controlar suas populações priorizaram padrões básicos de isolamento social e, principalmente, centros de referências no tratamento”.

Em qualquer lugar, pacientes isolados com covid-19 costumam ser idosos

Segundo Pedro Batista Júnior, na prática, todos os hospitais estão isolando áreas para os pacientes com covid-19. Logo, se examinar a população internada ali, “ela será muito parecida” com aquela que, hoje, ocupa os leitos das três unidades do Sancta Maggiore que, até o momento, estão destacadas para cuidar exclusivamente dos infectados pelo novo coronavírus (06:40). Ele menciona a título de comparação o perfil de infectados que estariam sendo atendidos no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

A segurança dos usuários com outros problemas de saúde

Para Batista Júnior, “na hora em que você prioriza hospitais [para atender covid-19] , você permite que “todos os outros idosos — com um infarto, um AVC, uma fratura… — continuem a acessar o sistema de saúde, protegidos para não se contaminarem. A gente não quer que aconteça.” (04:30). E explica como isso está organizado dentro da rede, garantindo que todos podem buscar tratamento para esses outros problemas urgentes sem medo.

Profissionais de saúde contaminados

O médico contabiliza que até hoje já são cerca de 1.200 mil pacientes usuários da Prevent Senior dentro do que chama protocolo covid-19, além de aproximadamente 250 funcionários afastados por suspeita da doença (9:23). Entre estes últimos, 120 tiveram o resultado positivo no teste para flagrar a presença do coronavírus. Mas, devidamente isolados e tratados, exatos 50, diz Batista Júnior, já voltaram ao trabalho. “‘É fundamental falar que não temos nenhum óbito de funcionário”, frisa.

Ele dá outro indicador: “No hospital do [bairro do] Paraíso, nós tivemos apenas 15 profissionais contaminados entre os mais 400 que trabalham somente ali. Quando se pega a rede inteira, com mais de 10 mil funcionários, sem contar 2.500 médicos, e temos a contaminação de 120 pessoas, a gente nota que todas as medidas estratégicas de cuidados estão sendo extremamente eficientes”, opina. E conta como é a rotina das unidades para evitar a infecção dos que transitam por ali.

A tal sacada de um plano de saúde para os mais velhos

“Entendo que, no momento de uma pandemia, o mundo inteiro — e não só o ministro — esteja preocupado com um modelo como o da Prevent Senior”, admite Pedro Batista Júnior, ao ser indagado a respeito de mais um comentário de Mandetta, o de que esse plano não deveria nem sequer ter sido autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). “Mas corremos esse ‘risco’ há 23 anos e poucos conhecem o nosso modelo de eficiência”, diz o médico, explicando na entrevista por que é possível custar menos e oferecer um serviço de qualidade a uma população que, antes, não conseguia ter um plano de saúde, principalmente pelo fator idade.

O câncer de mama como parâmetro

“Temos 300 mil mulheres usuárias e, portanto, cuidamos da saúde de 600 mil mamas”, aponta o diretor-executivo da Prevent Senior para demonstrar o que seria, em sua opinião, um modelo de plano de saúde capaz de baratear custos e agilizar o atendimento.

E diante de uma pandemia?

A pandemia de covid-19, porém, é outra história. Responsáveis pela assistência a idosos que por natureza vivem sob a ameaça do surgimento de uma nova super-gripe — que, atenção, seria provocada pelo vírus influenza — e por outras infecções graves, será que eles realmente se prepararam para a iminência de um caos desde sempre anunciado? (30:40). “Até pela característica da população [de usuários], sempre tivemos altos índices de internação e de atendimentos em pronto-socorros”, responde, dando a entender que isso, por si, já seria um aprendizado.

Ele conta que executivos da Prevent Senior estavam em viagem aos Estados Unidos quando tiveram contato com a empresa de tecnologia que, nove dias antes de ser declarada a epidemia em Wuhan, na China, identificou que havia uma “anomalia de saúde” naquela cidade. Então, solicitaram à mesma empresa uma previsão de quando deveriam começar a se preocupar no Brasil. “A resposta foi: ‘Pedro, agora. Vocês precisam atuar já”, relata.

Uma das primeiras providências, conforme conta, foi colocar em esquema de home office os funcionários do administrativo da empresa. Era ainda a semana do Carnaval. E, no mesmo feriado, teriam começado a se planejar para receber mais e mais pacientes. De acordo com Batista Júnior, a taxa atual de ocupação de leitos destinados à covid-19 em seus hospitais é de 65%.

As mortes no Sancta Maggiore serviriam para projeções?

O médico evita comentar os casos de pacientes que morreram em suas instalações. Mas, lógico, o tema se torna inevitável (40:57). Então, ele deixa claro que a experiência de seus hospitais serviria para projetar o que deve acontecer em toda a cidade de São Paulo: “Eu tenho 25% população idosa paulistana e o meu número, que é extremamente fiel, deveria ser replicado para os outros 75% que não estão sob o meu controle”, opina, com firmeza.

Para evitar o diagnóstico tardio

Ele também diz que não é mais possível esperar sete dias para um diagnóstico por meio de testes (46:19) e que a tomografia deverá se transformar em principal método para confirmar suspeitas. “Até porque temos bons indícios de que um tratamento precoce com medicamentos é muito eficiente”, completa. Ele se refere ao coquetel da cloroquina ou de seu análogo com menos efeitos adversos, a hidroxicloroquina, usada para doenças como a malária, com o antibiótico azitromicina. E isso, sem dúvida, causa bastante controvérsia — e novas críticas.

Cloroquina nos primeiros sintomas

Nesta semana, outra polêmica envolveu a Prevent Senior. Um funcionário denunciou que a empresa estaria fornecendo o coquetel de remédios aos pacientes com sintomas suspeitos de covid-19, bem antes de sequer pisarem no pronto-atendimento por falta de ar insuportável. Batista Júnior confirma a informação e explica o que está sendo feito.

Ele reforça, no entanto, que é totalmente contraindicada a automedicação e explica seus riscos. Acrescenta que os pacientes em questão invariavelmente passaram pela tomografia. “Eles assinam um termo, sabem que estão participando de um estudo”, garante. “E, desde que implementamos essa estratégia, observamos uma redução entre 5% e 7% na ocupação dos leitos. Isso é o contrário do que está acontecendo em outros hospitais, onde a curva se eleva”, conta.

A cloroquina foi usada no tratamento até mesmo de dona Mariazinha, mãe dos fundadores da empresa, que segue internada e intubada no Sancta Maggiore, mas — de acordo com Batista Júnior —, os efeitos do coquetel não são tão evidentes em pacientes graves, embora a senhora, de 75 anos, também tenha melhorado.

“O interessante é que, na Amazônia, se uma pessoa tem malária, o médico imediatamente indica essa medicação. Por quê? Porque é de baixa toxicidade”, observa. E a comunidade científica? “A comunidade científica também é médica. A comunidade científica nunca passou por uma pandemia. A comunidade científica deveria entrar dentro dos hospitais e começar a avaliar que, dependendo da linha de tratamento que está fazendo, você tem pacientes que vão morrer mais e que vão morrer muito menos.”

Embora o médico alegue que estão seguindo o protocolo do Ministério da Saúde, a medida é bastante questionável para alguns de seus pares que insistem na falta de estudos consistentes, o que ainda renderá boas doses de discussão.

 

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