Brasília — Garantir atendimento médico
a uma população cada vez mais velha exige investimentos em
tecnologia e reestruturações no sistema de saúde brasileiro. Essa é
uma das conclusões dos especialistas reunidos no EXAME
Fórum Saúde, realizado nesta quinta-feira (21), em
Brasília.
Para Lídia Abdalla, presidente do
Laboratório Sabin, a redução dos custos da saúde pública requer,
sobretudo, mais atenção à assistência primária. “A gente fala
em prevenção, mas a gente precisa falar em desospitalização. Quando
a gente atende o paciente? Quando ele entra no pronto-socorro do
hospital. Esse é o tratamento mais caro porque o médico não conhece
o histórico do paciente e, muitas vezes, exige exames mais
complexos”, diz.
Abdalla foi uma das debatedoras do
EXAME Fórum Saúde, que discutiu formas de ampliar o acesso à saúde
no país e de prolongar a vida dos brasileiros.
A diretora-executiva do Instituto
Coalizão Saúde, Denise Eloi, afirmou que o sistema de saúde
brasileiro ainda está organizado para atender demandas do século
passado. Para ela, as curvas de envelhecimento populacional e de
custos impõem que a sociedade discuta o quanto está disposta a
investir em saúde.
“Nós reclamamos de subfinanciamento do
sistema, mas também temos alocado os recursos de forma equivocada.
A grande porta de entrada da saúde ainda é o hospital. Nós temos um
sistema que não privilegia a tecnologia e uma estrutura de serviços
hospitalares que opera abaixo da escala ideal. O setor privado tem
acordado para a importância de investir na atenção primária”, diz
Denise.
Para o presidente da Johnson & Johnson
Medical Devices, Adriano Caldas, é necessário avaliar como e onde
aplicar recursos em inovação. “No momento em que a gente tem um
centro de referência médica com capacidade de investir em
tecnologia e de definir os , a gente
consegue melhores resultados, inclusive no sistema
público.” Veja também: A CCM mostra como lidar com o sequestro de dados no
segmento da saúde
Em outro painel, o presidente da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Fonseca da
Silva, pontuou que a regulação dos planos de saúde aumentou o
número de beneficiários no país. Segundo ele, a criação da ANS
mitigou o surgimento de empresas “aventureiras” e garantiu direitos
aos usuários.
“A regulação setorial não impediu o
crescimento do setor. Ao contrário: antes da ANS, havia limites de
dias de internação ou mesmo limites de consulta. Hoje, se um
indivíduo está hospitalizado, ele não sairá do hospital porque
atingiu o número de dias [previsto no contrato]. Ele irá concluir o
tratamento”, afirma Silva.