A França deveria
parar de “despejar grandes quantias de dinheiro” em um sistema
de bem-estar social que falha em
resgatar os pobres da miséria, disse o presidente
francês Emmanuel
Macron em vídeo divulgado por seu gabinete nesta
quarta-feira 13.
O vídeo mostra Macron discutindo suas
ideias para renovar o Estado de Bem-Estar com sua equipe de
comunicação horas antes de um discurso televisionado que faria
acerca de uma reforma nos benefícios sociais do país.
“Olhe onde estamos [em relação
ao] bem-estar. Nós despejamos um bocado de dinheiro em benefícios
de subsistência e as pessoas ainda estão pobres. Não há saída.
Pessoas que nascem pobres ficam pobres”, disse Macron no vídeo, que
foi divulgado nas redes sociais pelo Palácio Elysee.
“Eu vou dizer com todas as letras onde
estamos, que estamos despejando muita grana em um sistema de
bem-estar social que é focado em tratamento corretivo”, disse ele,
preenchendo sua fala com gírias que muitos franceses considerariam
inadequadas a um presidente.
No vídeo, ele defendeu reembolsos
totais para planos de saúde que focarem na prevenção de doenças,
uma medida que ele disse que economizará custos mais adiante.
“É por isso que estamos fazendo [as
reformas]. É por causa das coisas menores, como assistência
odontológica básica, óculos de grau, essas coisas carregam um custo
social. E é politicamente desprezível [para aprová-las].”
O presidente anunciou também nesta
quarta-feira que o serviço de saúde pública francês vai oferecer
óculos de grau, aparelhos auditivos e próteses dentárias
gratuitamente à população a partir de janeiro de 2021.
Macron foi eleito há um ano com um
mandato para abrir a economia e criar um sistema de bem-estar
social mais eficiente, mas há latente descontentamento na esquerda
de seu partido de centro, onde suas políticas são vistas como
favoráveis aos ricos.
Sua avaliação franca dos fracassos do
sistema de bem-estar social e da necessidade de uma reforma
politicamente corajosa ocorre no dia em que a Assembleia Nacional
deverá tomar uma decisão final sobre a maior reforma das ferrovias
estatais em décadas.