No Brasil, uma em cada 100 crianças nasce com alguma alteração
na estrutura ou na função do coração. Por ano, cerca de 28 mil
crianças nascidas no país são cardiopatas, representando 1% da
população. Pelo menos 23 mil desses bebês precisam de
atendimento diferenciado e de cirurgia cardíaca. No entanto,
estima-se que 18 mil deles (78%) sequer recebem o tratamento,
muitas vezes por falta de diagnóstico, aumentando os índices de
mortalidade neonatal.
Para enfatizar a importância dos exames e da prevenção, a
Unidade de Cardiologia Materno Fetal (UCMF), no Hospital Português,
realiza ações de saúde nesta segunda (11) e terça-feira (12),
marcando o Dia da Cardiopatia Congênita. Nos dois dias, pela manhã,
a partir das 9h, as gestantes atendidas na unidade serão
recepcionadas com uma mini palestra da equipe de cardiologia e com
uma ação lúdica. A arte-educadora Kátia Sampaio vai entoar músicas
de sua autoria para fixar, de maneira divertida, a importância dos
exames e dos cuidados durante a gravidez e os primeiros meses de
vida do bebê.
Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou
função do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação,
período em que se forma o coração do bebê. Ocorre por uma alteração
no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que
descoberto anos mais tarde. As cardiopatias congênitas mais comuns
incluem alteração em alguma válvula cardíaca, que influencia no
fluxo sanguíneo dificultando ou impedindo sua passagem, alterações
nas paredes do coração levando a comunicações cardíacas que não
deveriam existir e mistura do sangue oxigenado com o não oxigenado
ou ainda a formação de um único ventrículo. Pode ainda haver a
combinação de malformações.
O diagnóstico precoce pode salvar a vida da criança,
principalmente em cardiopatias mais graves, quando o parto deve ser
planejado e a criança precisa ser operada nos primeiros dias de
vida. As cardiopatias congênitas podem ser prevenidas em parte
através da vacinação contra a rubéola e do consumo de ácido fólico.
Algumas cardiopatias não necessitam de tratamento. Outras podem ser
tratadas de forma eficaz com procedimentos com cateteres ou
cirurgia cardiovascular. Em alguns casos podem ser necessárias
várias cirurgias. Em outros, podem ser necessários transplantes de
coração. Com tratamento apropriado, o prognóstico é geralmente bom,
mesmo dos problemas mais complexos.
As cardiopatias podem ser suspeitadas durante a gestação pelo
ultrassom morfológico e confirmadas pelo ecocardiograma fetal ou
ainda com a ajuda do teste do coraçãozinho, que é feito na
maternidade. Outra forma de diagnóstico é por exame físico
realizado pelo pediatra com ajuda de exames complementares como
raio x de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, cateterismo,
holter de 24h e angiotomografia.
Teste do Coraçãozinho
Incorporado aos testes de triagem em neonatais do SUS, em
2014, o Teste do Coraçãozinho é um exame simples, indolor, rápido e
não invasivo, que pode indicar a probabilidade da criança ter uma
cardiopatia congênita grave.Também chamado de Oximetria de Pulso e
recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, o teste deve
ser feito ainda na maternidade, antes da alta do bebê, como triagem
de rotina para os recém-nascidos. Ele mede a concentração de
oxigênio no sangue e pode detectar um defeito cardíaco, para que a
criança inicie o tratamento o mais rápido possível.
Ultrassom mortofológico
Quando realizado com mais atenção ao coração do bebê, neste
exame o médico pode desconfiar de alguma malformação cardíaca e
encaminhar a gestante para a realização de um ecocardiograma fetal,
para um ultrassom do coração do feto que mostre o defeito
cardíaco.
Eco fetal
É realizado após a 20ª semana de gestação. É também indicado
para todas as gestantes consideradas de risco: com idade superior a
35 anos, que tenha tido outros filhos cardiopatas, portadoras de
diabetes ou lúpus, com feto que tenha outras alterações ou com
suspeita de síndromes, dentre outros motivos.
Eco 3D
A UCMF conta com o único aparelho de ecocardiograma fetal
tridimensional com reconstrução dinâmica sequencial em Pernambuco.
O exame mostra o coração espacialmente, como se o observador
estivesse dentro do corpo do bebê, ainda no útero materno,
permitindo visualizar todas as estruturas cardíacas externas e
internas em detalhes. A acuidade diagnóstica propiciada garante o
início do tratamento intra útero, a prevenção de problemas futuros,
a preparação para um parto adequado e o encaminhamento cirúrgico,
quando necessário.
Os exames, realizados pela UCMF por meio de atendimento
particular ou conveniado aos planos de saúde, também são oferecidos
aos pacientes carentes da ONG Círculo do Coração, também sediada no
Hospital Português, com preços populares e de forma gratuita aos
pacientes do Ambulatório de Beneficência Maria Fernanda, do
Hospital Português.
Sintomas
Nos bebês, os sintomas podem ser notados durante as mamadas,
quando há o cansaço excessivo e transpiração, o que também pode
acontecer durante o sono. Dificuldade no ganho de peso, irritação
frequente e ainda cianose, que é caracterizada pela ponta dos dedos
e/ ou lábios arroxeados. Em crianças maiores,o cansaço pode ser
notado durante as atividades físicas ou até mesmo na dificuldade de
acompanhar o ritmo de outras crianças, crescimento e ganho de peso
de forma inadequada, infecções pulmonares repetidas, taquicardia ou
ainda lábios roxos e pele pálida quando brinca muito. Pode haver
ainda episódios de desmaios precedido de tontura, visão turva,
dores no peito e mal-estar.
Principais causas
As cardiopatias congênitas não têm causa definida, ocorrem
pela interação de fatores genéticos e ambientais. No entanto, está
comprovado que existem algumas situações que podem contribuir para
o aumento do risco dessa condição. Mães com mais de 35 anos,
históricos de filhos anteriores cardiopatas, mães diabéticas,
portadoras de lúpus e hipotireoidismo, mães que apresentaram
toxoplasmose ou rubéola ou aquelas que fizeram uso de
anticonvulsivos, antiinfamatórios, ácido retinóico, lítio durante a
gravidez podem aumentar as chances de alterações na formação do
coração do feto. Gravidez de gêmeos, múltiplos ou fertilização in
vitro também podem ter influência.
Complicações
Algumas situações verificadas em ultrassom merecem ser mais
bem investigadas com exames específicos. Fetos que apresentem
alteração na translucência nucal (detectada no ultrassom de 12
semanas) ou malformação em algum outro órgão ou fetos com suspeita
de síndromes ou defeitos genéticos merecem atenção redobrada. As
síndromes mais comumente associadas à cardiopatia são: Síndrome de
Di George, Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de
Marfan, Síndrome de Noonan, Síndrome de Patau, Síndrome de Turner e
Síndrome de Williams Nos casos das situações listadas, a realização
do ecocardiograma fetal é muito importante, mesmo que o ultrassom
morfológico esteja normal. Assim podemos detectar ou excluir uma
cardiopatia e programar o nascimento do bebê, proporcionando uma
gravidez mais tranquila para toda a família.
Um trabalho que segue sendo desenvolvido aliado à alta tecnologia
em busca da qualidade total no atendimento ao paciente, oferecendo
as possibilidades mais modernas para o diagnóstico e tratamento de
cardiopatias contando, por exemplo, com o único aparelho de
ecocardiograma fetal tridimensional com reconstrução dinâmica
sequencial em Pernambuco.
Uma clínica instalada em um complexo hospitalar que oferece todo o
suporte necessário, único hospital do Nordeste com Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica Cardiológica, com toda equipe
especializada em cardiologia neo-natal.
Sobre o Círculo do Coração
Fundação de Apoio iniciada em julho de 1994 pelos integrantes
da Unidade de Cardiologia & Medicina Fetal (UCMF) do Real Hospital
Português (RHP), o Círculo do Coração de Pernambuco atua com o
principal objetivo de facilitar o tratamento de crianças carentes
portadoras de doença cardíaca em nossa região. Um projeto pioneiro
de parceria entre a equipe de saúde, o paciente, familiares,
complexo hospitalar e voluntários da comunidade.
Uma realização de referência que combina saúde, tecnologia e
sobretudo, pessoas. Contanto com o braço de cooperação médica
firmemente implantado na equipe multidisciplinar de saúde da UCMF
como médicos, psicólogos, nutricionistas, o CirCor é uma
decorrência natural da missão, visão e valores que alicerçam o
trabalho em saúde que motivou as ações da Dra. Sandra Mattos.
Se de um lado se estende para a área social, o atendimento
médico e o conhecimento em saúde acumulado, a iniciativa envolve,
por outro, o processo de melhoria do atendimento médico e produção
e disseminação do conhecimento. Uma equipe compromissada e engajada
na realização de reuniões e campanhas beneficentes para captação de
recursos e esclarecimento da população sobre a realidade da doença
cardíaca em nossa região.
Os pacientes, por sua vez, contribuem com o trabalho, vendendo
materiais promocionais ou pagando uma taxa de consumo, enquanto o
hospital reduz os custos e a comunidade atua por meio da doação de
recursos para manutenção. Um processo onde cada componente é
importante: cirurgia, secretariado, diagnóstico, contabilidade,
arteterapia, psicologia, informática, gestão, pacientes,
familiares, hospital, comunidade. Todos trabalhando com o
coração.