Propostas de mudança no setor de
planos de saúde, em debate no Congresso Nacional, são tema do
programa Diálogo Brasil que vai ao ar hoje (21)
às 22h15. A cobrança de franquia, como já acontece em seguros de
automóveis, é uma das possibilidades, contestada pelos dois
convidados do debate: a diretora de Relação de Consumo da
Associação Brasileira de Advogadas (Abra), Ildecer Amorim, e o
professor de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB)
Everton Nunes da Silva.
Durante o programa, Amorim faz uma
analogia entre as franquias para planos de saúde e a cobrança por
bagagem despachada em voos domésticos. No entendimento dela, não
haverá redução nos preços. Além disso, consumidores idosos e com
doenças crônicas serão mais prejudicados. A advogada observa que a
mudança de plano não é obrigatória e recomenda “muita atenção na
análise dos contratos”.
O professor da Universidade de
Brasília (UnB), economista especializado em tecnologias e custos da
saúde, também vê a possibilidade de cobrança da franquia como “mais
uma carga para o consumidor”. Para ele, trata-se de “um obstáculo”
capaz de levar o cidadão que paga pelo serviço a não poder usá-lo
caso não tenha dinheiro para a despesa extra.
No caso da coparticipação, Amorim
admite que a hipótese pode ser interessante para consumidores
saudáveis, menos necessitados de atendimento médico, a depender do
percentual a ser cobrado. Mas idosos e portadores de doenças
crônicas, segundo ela, devem evitar esse tipo de plano.
Silva, por sua vez, acredita que a
medida pode ter como consequência o poder de desestimular as
pessoas a procurarem ajuda médica, reduzindo o número de consultas
e, consequentemente, os custos para os planos. Já exames e
internações, segundo ele, são indicações médicas que independem da
vontade do consumidor, que se verá obrigado a bancar parte dos
custos.
Outros temas abordados no programa,
apresentado pelo jornalista Estevão Damázio, são: fixação de
reajustes acima da inflação; planos individuais; a atuação da
Agência Nacional de Saúde Suplementar, a falta de ressarcimento ao
Sistema Único de Saúde, por contratantes de planos que recorrem a
hospitais públicos; e a emenda constitucional que limita os gastos
governamentais.